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Publicada em 07 de Junho de 2024 às 18:15

Comunidade escolar do Arquipélago não está pronta para retorno; região segue sem luz, água e internet

Ilhas seguem sem água, luz ou internet, mas têm escolas com retorno remoto previsto para o dia 10

Ilhas seguem sem água, luz ou internet, mas têm escolas com retorno remoto previsto para o dia 10

TÂNIA MEINERZ/JC
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Thiago Müller
Thiago Müller Repórter
A Secretaria da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul disponibilizou, na última quarta-feira (5), um painel para acompanhamento da situação das escolas da rede estadual de ensino, chamado de Mapa de Retorno. Em Porto Alegre, porém, escolas que, segundo informa o painel, devem retornar na próxima semana, seguem sem estrutura para volta às aulas, mesmo remotamente. Caso ocorre principalmente na região das Ilhas, que está há mais de um mês sem água, luz e internet.
A Secretaria da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul disponibilizou, na última quarta-feira (5), um painel para acompanhamento da situação das escolas da rede estadual de ensino, chamado de Mapa de Retorno. Em Porto Alegre, porém, escolas que, segundo informa o painel, devem retornar na próxima semana, seguem sem estrutura para volta às aulas, mesmo remotamente. Caso ocorre principalmente na região das Ilhas, que está há mais de um mês sem água, luz e internet.
A Escola Oscar Schmitt, que deveria retornar na próxima segunda-feira (10), segundo consta no painel, relata impossibilidade. Segundo o diretor da instituição, Santiago Louzan Caamano, vários alunos estão espalhados pelas ilhas ou mesmo ainda abrigados em rodovias. A ação agora prevista, antes de começar a lecionar, é realizar o mapeamento dos alunos.
A procura começa a partir da próxima semana, mas as aulas remotas não tem previsão de início. “Não temos como prever, porque tem pontos da ilha que está sem luz, as pessoas não têm internet, não têm água”. 
Já o diretor da Escola de Ensino Fundamental José Mabilde, Daniel Pereira de Carvalho, relata que a instituição começará a enviar atividades pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
Segundo o Mapa de Retorno da Secretaria da Educação, ambas essas escolas têm retorno agendado para a segunda-feira (10). Segundo a Seduc, que pronunciou-se por nota, as informações são retiradas de formulários preenchidos pela própria direção das escolas e enviados às coordenadorias regionais de educação. O diretor Santiago negou ter preenchido qualquer retorno para o dia 10. Já Daniel confirmou o fluxo de dados, e explicou que a mudança será pedida ao órgão estadual.

Escola e comunidade não estão prontas para retorno

No âmbito da infraestrutura, ambas as escolas foram duramente afetadas, assim como toda comunidade da região das ilhas. Além disso, a falta de luz e água, que ainda perdura na região, impede a limpeza das instalações.
O retorno das escolas depende também da comunidade ter acesso, já que a região ainda está sem internet. “Temos que ter todos os alunos, a gente mal está tendo o retorno deles ainda, muita gente não têm onde carregar o celular, não tem luz nos lugares”, comenta Santiago.
A estrutura de José Mabilde, segundo o diretor Daniel, ainda não se recuperou ainda das enchentes de setembro, e enfrentou águas que chegaram aos dois metros de altura. Ele ressalta também que o local possui importância social por ser de período integral. “Os pais precisam trabalhar, não têm onde deixar os filhos, eles comem lá, ficam o dia todo”. 
O nível da inundação chegou ao teto do primeiro andar, inteiramente afetado. A instituição José Mabilde, inclusive, cotou a possibilidade de fusão com outra escola, a Almirante Barroso, “porque enfrentar isso todo ano, não vale a pena”, relata Carvalho.
Carvalho relata que ainda estão esperando baixar a água na região. "O cano que deságua a escola vai para o rio, e enquanto ele está alto, não tem como escoar”. Segundo ele, a água da escola segue chegando às canelas, e o ambiente está cheio de pilhas de areia e sujeira.
As etapas de retorno previstas por Carvalho são, primeiro, realizar o estudo de forma online, depois híbrido, com a possibilidade de uma escola de campanha. Somente com limpezas, vistorias e reformas feitas, é que vão conseguir retomar as atividades presenciais. O processo, segundo ele, tem o apoio da Seduc, que realizou reuniões com as direções da escola e professores.
A Equipe de reportagem Jornal do Comércio tentou contato com as demais escolas da região do Arquipélago, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

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