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Publicada em 27 de Março de 2024 às 14:11

Cobertura vacinal contra o HPV no Brasil está abaixo da meta

A vacina contra o HPV deve ser aplicada em duas doses na faixa etária dos 9 aos 14 anos

A vacina contra o HPV deve ser aplicada em duas doses na faixa etária dos 9 aos 14 anos

Marcelo Camargo/ABR/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
O câncer de colo de útero, causado por uma infecção provocada pelo papilomavírus humano (HPV), pode ser prevenido com a vacinação, que também protege contra outros tumores como o vaginal, vulva, pênis, orofaringe e canal anal. Desde 2014, a vacina contra o HPV está disponível na rede pública de saúde e integra o Programa Nacional de Imunização (PNI), porém os índices de vacinação estão abaixo das metas do governo federal. A conscientização sobre a importância da vacinação contra o HPV faz parte da campanha do Março Lilás, que busca orientar a população sobre as formas de prevenir o câncer de colo de útero.
O câncer de colo de útero, causado por uma infecção provocada pelo papilomavírus humano (HPV), pode ser prevenido com a vacinação, que também protege contra outros tumores como o vaginal, vulva, pênis, orofaringe e canal anal. Desde 2014, a vacina contra o HPV está disponível na rede pública de saúde e integra o Programa Nacional de Imunização (PNI), porém os índices de vacinação estão abaixo das metas do governo federal. A conscientização sobre a importância da vacinação contra o HPV faz parte da campanha do Março Lilás, que busca orientar a população sobre as formas de prevenir o câncer de colo de útero.
A indicação do Ministério da Saúde é que a vacina contra o HPV seja aplicada em duas doses na faixa etária dos 9 aos 14 anos. Também devem ser imunizadas pessoas com HIV positivo, transplantadas na faixa etária de 9 a 45 anos, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia e vítimas de violência sexual.
Existem duas vacinas contra o HPV, a quadrivalente e a nonavalente. A primeira é ofertada no SUS e imuniza contra o HPV de baixo risco tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais, e o de alto risco dos tipos 16 e 18, causadores do câncer de colo uterino, de pênis, anal e oral. Já a nonavalente, aprovada para uso no Brasil no ano passado, é encontrada apenas na rede privada e protege contra nove tipos diferentes de HPV, com 90% de proteção contra o câncer de colo de útero.
A existência da vacina e a possibilidade de ser aplicada gratuitamente, entretanto, não se reflete na adesão à imunização no País. Segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2023 a cobertura vacinal no sexo feminino na população dos 9 aos 14 anos ficou em 76% para a primeira dose e 57% na segunda dose. Entre os meninos, os números são mais alarmantes, com 52% imunizados com a primeira dose e em torno de 35% com a segunda.
A OMS estabelece como meta para erradicação do câncer de colo de útero até 2030 a vacinação de 90% das meninas até 15 anos. O Ministério da Saúde havia estipulado a imunização de 80% da população elegível até o ano passado, o que não foi atingido.
“Temos uma vacina que protege contra não só um mas vários tipos de câncer que estão relacionados ao HPV. As pessoas deveriam buscar a oportunidade de se vacinar, mas estamos aquém da estratégia preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pelo Ministério da Saúde”, ressalta a diretora médica da MSD Brasil, Márcia Datz Abadi.
Alguns motivos ajudam a explicar a baixa cobertura vacinal contra o HPV. Um deles está ligado ao fato de que a maioria dos pais segue a recomendação de imunizar os bebês e crianças nos anos iniciais, acompanhando as indicações da caderneta de vacinação e do pediatra, mas isso tende a diminuir conforme a criança cresce.
“É importante trazer na campanha do Março Lilás a conscientização do calendário vacinal ao longo da vida da pessoa como um todo. Não só a criança pequena mas também as maiores, o adolescente, adulto jovem, idosos e populações especiais porque existem vacinas importantes para várias faixas”, salienta Márcia.
Alguns pais temem que a vacinação na faixa etária dos 9 aos 14 anos acabe estimulando o início da atividade sexual e por isso não fazem a imunização dos filhos. “A vacinação no momento correto vai levar a uma maior imunidade da pessoa, fazendo com que ela se proteja de um vírus relacionado a vários tipos de câncer e transmitido sexualmente”, afirma.
Outro motivo diz respeito aos tabus que cercam o HPV por se tratar de uma infecção sexualmente transmissível. Em torno de 80% das pessoas - homens e mulheres - têm contato com o vírus em algum momento da vida, o que só reforça a importância da vacina. “Existem algumas questões que precisam ser desmistificadas, como por ser uma pessoa casada não haverá necessidade de se vacinar ou que meu parceiro vai se vacinar é porque está me traindo. O vírus é latente e silencioso, a pessoa pode ter tido ele antes de se casar e ter uma relação estável e depois aparecer a doença”, afirma.
No caso da vacinação masculina, complementa Márcia, não importa se a pessoa tem relações heterossexuais ou homossexuais, também é importante a imunização para proteger contra os cânceres ligados ao HPV que atingem os homens.
Em Porto Alegre, a prefeitura iniciou em março a vacinação contra o HPV nas escolas públicas da Capital. O objetivo é melhorar os índices da cobertura vacinal no Estado, considerada baixa: pouco mais de 50% dos estudantes gaúchos aplicaram a primeira dose e somente cerca de 30% têm a segunda aplicação da vacina.
 

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