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Publicada em 06 de Dezembro de 2023 às 20:18

Estudo comprova eficácia da vacina quadrivalente contra o HPV

Vacina é aplicada em meninos e meninas dos 9 a 14 anos reduz a infecção de mais de 200 vírus

Vacina é aplicada em meninos e meninas dos 9 a 14 anos reduz a infecção de mais de 200 vírus

VACINA HPV ESCOLAS/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
Uma pesquisa inédita realizada em todo o Brasil comprovou a eficácia da vacina do HPV quadrivalente na prevenção de vários tipos de câncer. Disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o imunizante se mostrou um importante meio para reduzir a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), responsável por mais de 200 vírus, dentre eles 12 causadores de cânceres como de colo do útero, anal, pênis e de cabeça e pescoço.
Uma pesquisa inédita realizada em todo o Brasil comprovou a eficácia da vacina do HPV quadrivalente na prevenção de vários tipos de câncer. Disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o imunizante se mostrou um importante meio para reduzir a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), responsável por mais de 200 vírus, dentre eles 12 causadores de cânceres como de colo do útero, anal, pênis e de cabeça e pescoço.
O Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV (POP-Brasil) foi liderado pelo Hospital Moinhos de Vento com foco na população de 16 a 25 anos com vida sexual iniciada. Ao todo, 12.790 jovens de todas as capitais e do Distrito Federal participaram da pesquisa. Os trabalhos foram desenvolvidos em dois momentos (2016-2017 e 2021-2023), o que possibilitou comparar as taxas de infecção e a eficácia da vacina.
Os dados mostram que a taxa de infecção caiu pela metade entre os jovens que tomaram a vacina contra o HPV, havendo também redução entre os que não foram vacinados. Na comparação dos dados da população não vacinada da primeira fase do estudo com a população total da segunda etapa (vacinados e não vacinados), houve uma diminuição dos tipos de HPV de 15,6% para 7,9%.
"O estudo mostra que o caminho é a vacinação, combinada com o sexo seguro, para chegarmos ao objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminação do câncer de colo uterino e os outros cânceres associados ao HPV. Agora temos ferramentas para isso e sabemos que é possível, desde que as pessoas façam a prevenção", destaca Eliana Wendland, médica epidemiologista do Moinhos de Vento e coordenadora principal do projeto.
A vacina quadrivalente é aplicada em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas imunossuprimidas, que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos, de 9 a 45 anos. Recentemente, foram incluídas pessoas vítimas de violência sexual entre 9 e 45 anos. Ela protege contra os tipos 16 e 18 do vírus, responsáveis por 70% dos cânceres do colo do útero, e 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais. Na rede privada, começou a ser comercializada a vacina nonavalente, do laboratório MSD Brasil, que eleva a proteção contra 9 tipos do vírus em até 90%.
A pesquisa analisou também os tipos de HPV contidos na vacina nonavalente, que tiveram redução nas taxas de infecção de 30,2% para 24,7%. "O estudo mostrou ainda que a vacina quadrivalente também tem impacto em alguns tipos de vírus que estão presentes na nonavalente pelo que chamamos de reação cruzada. Vacinando com a quadrivalente não tem só a proteção dos tipos específicos que causam a maior parte dos cânceres, que é o 16 e o 18, mas também em outros tipos de HPV", salienta a coordenadora do projeto.
Um dado que chamou atenção a partir dos resultados foi a incidência do vírus na região anal, presente em 63,2% das mulheres participantes e 36,8% nos homens. A partir disso, Eliana avalia que é preciso debater o rastreamento do câncer anal também em jovens.
 

Cobertura vacinal no Brasil está abaixo da estipulada pela OMS

A imunização na população de 9 a 14 anos contra o HPV está bem abaixo da taxa de 90% estipulada pela OMS. Conforme o Ministério da Saúde, 87,08% das meninas brasileiras receberam a primeira dose da vacina em 2019, número que caiu para 75,81% em 2022. Entre os meninos, caiu de 61,55% em 2019 para 52,16% no ano passado. O órgão estima que cerca de 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo HPV em algum momento da vida.
Juarez Cunha, membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do RS, ressalta a relevância da vacina. "O câncer de colo de útero tem cerca de 17 mil casos por ano no Brasil e em torno de seis mil mortes. Temos que estimular a vacina, que é segura e eficaz", afirma.
A transmissão do HPV ocorre por contato direto com a pele ou mucosa infectada, principalmente via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. O papilomavírus também pode ser transmitido pelo parto. Um dos entraves à vacinação está justamente na associação à prática sexual, mas o médico lembra que não houve uma mudança de comportamento das meninas e meninos imunizados.
Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil, reforça a importância das campanhas de conscientização e quebra de tabus, como por exemplo de que a vacina estimula o início da vida sexual em crianças. "A vacina é mais eficaz em organismos que ainda não entraram em contato com o vírus", explica. Assim como outras vacinas, a do HPV pode apresentar reações adversas como dor, inchaço ou vermelhidão no local onde foi aplicada e ainda febre, mas isso é pouco habitual.
Sintomas do HPV
  • A infecção por HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas, podendo em alguns casos ficar latente por muito tempo, sem manifestar sinais visíveis ou manifestações subclínicas;
  • Quando há lesões visíveis, elas se apresentam como verrugas na região genital e no ânus. Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou elevadas e sólidas. Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Geralmente, as verrugas são causadas por tipos de HPV não cancerígenos;
  • As lesões subclínicas, não visíveis, podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal ou sintoma. Elas podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer. Podem ocorrer na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis, bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
    Fonte: Ministério da Saúde

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