O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina contra a dengue no sistema público de saúde. O Ministério da Saúde anunciou, nesta quinta-feira (21), a incorporação do imunizante Qdenga, produzido pelo laboratório japonês Takeda, no SUS. A Qdenga é composta pelos quatro sorotipos do vírus e pode ser aplicada em pessoas que nunca tiveram a doença. O esquema vacinal é composto por duas doses.
A Takeda comemorou a decisão, a qual chamou de “pilar adicional e um passo importante para o Programa Nacional de Combate à Dengue em um momento em que os casos da doença estão crescendo e resultando em hospitalizações e mortes no Brasil”. Segundo os dados do Ministério da Saúde, são mais de 1,6 milhão de casos, 50.968 hospitalizações e 1.072 óbitos por dengue, o que torna o País responsável por cerca de 5% das mortes pela doença no mundo.
A Qdenga foi estudada globalmente ao longo de 15 anos, com mais de 28 mil pessoas, em 13 países, incluindo um estudo principal com 4,5 anos de duração. Segundo a Takeda, foi comprovada eficácia em reduzir 80,2% de casos de dengue sintomática, 90,4% de hospitalizações e 85,9% de dengue hemorrágica, protegendo contra os quatro sorotipos da dengue, independentemente da exposição prévia à doença.
Como a capacidade de distribuição das doses será inicialmente limitada, a campanha será focada em público e regiões prioritárias. O Takeda prevê a entrega de 5.082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro.
O imunizante foi aprovado em mais 34 países, recebendo em março o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e é oficialmente recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as Sociedades Brasileiras de Imunizações, Pediatria, Infectologia e Medicina Tropical.
Entre os dias 8 e 18 de dezembro, uma consulta pública recolheu opiniões da sociedade civil e da comunidade médica. A inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI). foi analisada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec), que recomendou a incorporação.
“O Ministério da Saúde avaliou a relação custo-benefício e a questão do acesso, já que em um país como o Brasil é preciso ter uma quantidade de vacinas adequada para o tamanho da nossa população. A partir do parecer favorável da Conitec, seremos o primeiro país a dar o acesso público a essa vacina, como um imunizante do SUS. E, até o início do ano, faremos a definição dos públicos alvo levando em consideração a limitação da empresa Takeda do número de vacinas disponíveis. Faremos priorizações”, explicou a Ministra da Saúde, Nísia Trindade.
A estratégia sobre como quais os públicos e regiões priorizadas para receber a Qdenga será definida pelo PNI e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). A definição dessas estratégias deve ocorrer nas primeiras semanas de janeiro.
“Caberá ao Ministério da Saúde definir o modelo e os prazos de início do programa de vacinação. O processo de incorporação no SUS seguirá com a definição dos compromissos firmado entre a Takeda e o Ministério da Saúde com relação à produção e importação de Qdenga. Permanecemos comprometidos em contribuir para um modelo que viabilize a vacinação, inicialmente para públicos prioritários, a ser definido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde”, garantiu a Takeda por meio de nota.