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Mobilidade Urbana

- Publicada em 31 de Julho de 2023 às 21:19

Taxistas de Porto Alegre veem alta gradual do serviço com ‘declínio’ de aplicativos

Segundo os motoristas, um dos atrativos é a disponibilidade, em comparação ao aplicativo

Segundo os motoristas, um dos atrativos é a disponibilidade, em comparação ao aplicativo


TÂNIA MEINERZ/JC
O jornalista Fernando Albrecht, titular da coluna Começo de Conversa no JC, observou na semana passada que parte da população voltou a considerar o táxi como opção de transporte, especialmente em pontos como o aeroporto. A reportagem foi às ruas de Porto Alegre conferir a opinião dos taxistas.
O jornalista Fernando Albrecht, titular da coluna Começo de Conversa no JC, observou na semana passada que parte da população voltou a considerar o táxi como opção de transporte, especialmente em pontos como o aeroporto. A reportagem foi às ruas de Porto Alegre conferir a opinião dos taxistas.
O principal motivo da migração para os aplicativos de transporte individual foi o preço, geralmente mais em conta. Os táxis operam com duas tarifas, a bandeira um, que funciona das 8h às 20h, e a bandeira dois, um pouco mais elevada, durante à noite e madrugada.
O aeroporto internacional Salgado Filho conta com uma frota de aproximadamente 200 táxis, que ficam disponíveis 24h por dia. O motorista Rodeicio Almeida, de 40 anos, trabalha há um ano no ponto e percebeu o aumento na procura pelo serviço. "Como dirigimos todos os dias, já temos na memória um valor aproximado", conta o taxista, acrescentando que percebeu a melhora ao final do dia.
Um dos maiores atrativos do táxi é a disponibilidade, em comparação com os aplicativos, que muitas vezes demoram para chegar ou cancelam a corrida. As formas de pagamento aceitas são o dinheiro, o Pix e os cartões de débito e crédito.
O presidente da Cooperativa de Táxis do Aeroporto Salgado Filho Porto Alegre (Cootaero), Marcos Nunes, afirma que o diferencial dos taxistas é a qualidade do serviço. Os motoristas passam por treinamento, possuem a certificação de não ter antecedentes criminais, nenhuma denúncia de violência contra a mulher e também o exame toxicológico, enumera.
Ele afirma que é momento de recuperar os usuários de táxi, através do bom serviço e da credibilidade. Outro diferencial é o preço fixo, a única mudança que há é das bandeiras de acordo com o horário, sem aumento por ser dia de chuva ou por ter dinâmica devido ao trânsito. "O aplicativo aumenta muito quando tem um evento grande na cidade como show ou jogo, além de dia de chuva. Já o táxi é valor tabelado sempre", explica o presidente da Cootaero.
Na Rodoviária de Porto Alegre, os taxistas perceberam um aumento na procura, mas não muito. Luis Marquezotti, 63 anos, trabalha com táxi há cinco anos, passou por outra função e recentemente voltou a ser taxista. "Vejo que as pessoas têm reclamado muito dos aplicativos, principalmente em questão de honestidade". Ele comenta sobre itens perdidos e nunca recuperados. Já quando ocorre o esquecimento de algo dentro de um táxi, os motoristas são instruídos a deixar em um local seguro.
"Enquanto existir aplicativo, não dá para sobreviver com táxi", lamenta Julio Oliveira, de 58 anos e taxista há 26. Ele comenta que a cada dez passageiros que desembarcam na rodoviária, sete vão pedir um aplicativo. Ele estima que nos últimos meses a procura tenha aumentado em torno de 20%. O principal motivo seria o valor, no geral, um pouco superior ao preço dos aplicativos. Ele diz que percebeu o retorno de antigos usuários de táxi que migraram para as plataformas de motoristas autônomos, mas devido à qualidade do serviço, retornaram.
Já no ponto de táxi em frente ao Zaffari da rua Fernandes Vieira, no bairro Bom Fim, o motorista Jorge dos Santos, 67 anos, é taxista há 36, lamenta que o serviço não tenha melhorado. "Não tem muito o que fazer, a não ser que a população tenha mais dinheiro". Ele afirma que o valor do táxi sai mais caro, mas, às vezes, em horário de pico, a tarifa dos aplicativos aumenta, então algumas pessoas optam pela corrida de táxi. "Mas é o que tem, por enquanto seguimos", conclui Jorge.
Sindicatos e cooperativa pedem um reajuste das tarifas, que não ocorre há sete anos
A cooperativa Tele Táxi Cidade atua em Porto Alegre desde 1984. Um dos sócios, Atílio Sesti, afirma que houve um aumento de aproximadamente 40% na procura pelo serviço, desde o ano passado, com o declínio da pandemia. "Vários passageiros migraram para os aplicativos, depois veio a pandemia e piorou tudo. Agora, há o retorno dos clientes", resume Sesti. Uma telefonista da empresa confirma o aumento e conta que chega a receber 300 ligações por turno de trabalho. Mas além do telefone é possível pedir uma corrida através do site ou aplicativo da empresa.
o presidente da Associação dos Taxistas Autônomos de Porto Alegre (Aspertaxi), Walter Barcellos, acredita que a situação dos motoristas de táxi da Capital está preocupante. Ele afirma que até 2018 havia mais de 10 mil taxistas operando no município e atualmente, pouco mais de 4.100 formam a frota.
"Estamos há mais de sete anos sem aumento de tarifa", reclama Barcellos, citando que os custos para manter um automóvel aumentaram. Ele considera que a elevação na procura não representa uma melhora para a categoria, que ganha abaixo do que a associação considera o que seja justo.
O Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) segue a mesma linha e defende um reajuste de 30% nas tarifas. O grupo aguarda que a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana encaminhe o aumento, aguardado há anos. O presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, afirma que devido à diminuição do número de taxistas atuantes associado ao aumento da procura, pode provocar dificuldades em conseguir um carro, principalmente durante a noite.
"Com certeza, em relação aos anos de pandemia, melhorou", analisa a atividade dos taxistas. Ele ainda ressaltou que os motoristas aderiram rapidamente à tecnologia, após a vinda massiva das plataformas de transporte. Em setembro de 2016, o Sintáxi já havia criado um aplicativo para solicitar corridas. "A única forma efetiva de enfrentar a concorrência é dar ao cliente aquilo que ele quer: um serviço de alta qualidade com preço acessível", conclui o presidente do sindicato.