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Publicada em 04 de Setembro de 2022 às 10:50

A independência do Brasil em sete lugares de Porto Alegre: Rua Evaristo da Veiga

Evaristo da Veiga, autor da 
letra do hino da Independência

Evaristo da Veiga, autor da letra do hino da Independência

Sébastien Auguste Sisson/Reprodução/JC
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Juliano Tatsch
Juliano Tatsch Editor-assistente
A quarta matéria da série que fala a respeito dos 200 anos da Independência do Brasil por meio de um passeio por ruas, locais e bairros de Porto Alegre fala sobre um personagem discreto, de nome pouco conhecido, mas que ficou na história por versos que simbolizam a separação brasileira de Portugal.
A quarta matéria da série que fala a respeito dos 200 anos da Independência do Brasil por meio de um passeio por ruas, locais e bairros de Porto Alegre fala sobre um personagem discreto, de nome pouco conhecido, mas que ficou na história por versos que simbolizam a separação brasileira de Portugal.
Evaristo da Veiga foi o autor da letra do Hino da Independência, que, posteriormente, foi musicado pelo próprio imperador Dom Pedro I. Mas, sua importância não se resume aos versos do hino: ele também foi destacado defensor da liberdade de imprensa e posterior crítico do império.

Capítulo 4: Rua Evaristo da Veiga

Via que recebe o nome do poeta e jornalista liga as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves

Via que recebe o nome do poeta e jornalista liga as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves

ANDRESSA PUFAL/JC
Quem vive, trabalha, caminha, circula ou simplesmente passa vez que outra por uma discreta rua encravada no meio do bairro Partenon, em Porto Alegre, não tem ideia de quem é o homem que dá nome àquela via - a não ser que pare para ler o que escrito em pequenas letras nas placas que ficam na esquina da rua com as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves.
Evaristo da Veiga é um desconhecido. Nem na escola se fala dele. Na história dos 200 anos da independência brasileira, o poeta e jornalista é deixado de lado e, quando seu nome é citado, é “en passant”
A sua obra, porém, a letra do Hino da Independência, é bastante conhecida, ainda que, antigamente, fosse mais celebrada (esse jornalista, por exemplo, lembra perfeitamente de quando era aluno do Ensino Fundamental em escola pública nos anos 1990 e, durante o mês de setembro, toda a escola ia para o pátio antes de iniciar a aula e acompanhava o hasteamento da bandeira ao som da música criada por Dom Pedro I e da letra composta por Veiga).
Composto por 11 estrofes, a letra escrita por Veiga é longa. Dificilmente alguém há de se recordar de algo além das duas primeiras estrofes:

Já podeis da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
Já raiou a liberdade,
Já raiou a liberdade,
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria livre
Ou morrer pelo Brasil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Conforme registros, a letra teria sido escrita em 16 de agosto de 1822, sob o título de Hino Constitucional Brasiliense. A composição se popularizou e passou a ser cantada pelas tropas, com duas músicas diferentes, uma de autoria do maestro Marcos Portugal e a outra obra do próprio príncipe regente Pedro.
Como era de se esperar, ao príncipe foi creditada a autoria da letra pois, afinal de contas, se a música era dele, os versos também deveriam ser. Evaristo, deixou por isso mesmo, não quis competir com o filho do rei. Em 1833, no entanto, contradizendo ao Visconde de Cairu que havia escrito em um artigo que a autoria da letra de “brava gente” era do ex-monarca, Veiga reivindicou a autoria. Atualmente, os originais do hino escrito por Evaristo da Veiga estão na Biblioteca Nacional.

Defensor da liberdade de imprensa

Nascido em 8 de outubro de 1799 no Rio de Janeiro, Evaristo Ferreira da Veiga e Barros era filho de pai português e mãe brasileira. Poliglota – aprendeu latim, inglês, italiano e francês ainda na adolescência – estudou retórica, poética e filosofia. Quando seu pai adquiriu uma livraria, foi nela que passava horas e horas entre o trabalho e as leituras que o formaram intelectualmente.
Em 1827, passa a atuar no jornal A Aurora Fluminense, veículo destacada no período. Veiga era um ferrenho defensor da Constituição, apoiando, assim, o regime de monarquia constitucional.
“A linha está traçada – é a da Constituição. Tornar prática a constituição que existe sobre o papel deve ser o esforço dos liberais”, escreveu em um artigo em dezembro de 1929.
Defensor da liberdade de imprensa, era crítico, portanto, dos métodos do governo de Dom Pedro I. Eleito deputado por Minas Gerais em 1830, e participou ativamente do processo político e social que culminou na abdicação do imperador em 7 de abril de 1831.
A morte repentina veio em 12 de maio de 1837, quando tinha 37 anos de idade. Os médicos diagnosticaram a causa mortis como uma “febre perniciosa” ou uma pericardite.

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