Ainda em fase de testes, o Sub Ocidente busca atender os clientes em diferentes horários e suprir a carência de locais abertos de madrugada no Bom Fim

Ocidente abre novo bar em homenagem à história da avenida Osvaldo Aranha


Ainda em fase de testes, o Sub Ocidente busca atender os clientes em diferentes horários e suprir a carência de locais abertos de madrugada no Bom Fim

"Às vezes, eu me pergunto: ‘quantos quilômetros já percorri na Osvaldo Aranha?’", questiona Fiapo Barth, empreendedor à frente do bar Ocidente e do novo estabelecimento no mesmo prédio, o Sub Ocidente. Com cardápio de sanduíches e drinks que homenageiam bares históricos do bairro, o novo espaço pretende atender a demanda da clientela fiel do Ocidente. 
"Às vezes, eu me pergunto: ‘quantos quilômetros já percorri na Osvaldo Aranha?’", questiona Fiapo Barth, empreendedor à frente do bar Ocidente e do novo estabelecimento no mesmo prédio, o Sub Ocidente. Com cardápio de sanduíches e drinks que homenageiam bares históricos do bairro, o novo espaço pretende atender a demanda da clientela fiel do Ocidente. 
A ideia original para novo espaço, que fica na parte térrea do Ocidente voltada à avenida Osvaldo Aranha, era que fosse uma continuação da rua, um local completamente aberto, pintado internamente com a cor da fachada, e uma iluminação similar à parte externa. A proposta foi reformulada quando, ao remover o reboco para higienizar as paredes, foram descobertas as janelas originais da casa, que haviam sido fechadas em 1890. As janelas baixas e redondas lembram um submarino"O espaço foi batizado de Sub Ocidente, com o Sub referindo-se às janelas descobertas e também fazendo referências a Yellow Submarine, música do Beatles", comenta. 
Perto dos 150 anos, a casa ainda resiste ao tempo e renasce a partir de novas ideias. De acordo com Fiapo, o plano é aproveitar a licença de 24 horas que a casa tem, proporcionando um local para as pessoas que saem do Ocidente após as festas e que não têm onde comer ou tomar café.
"Tem pouca coisa em Porto Alegre com 150 anos. Então, essas paredes são valiosas historicamente. Não sabia exatamente o que fazer aqui, mas lembrei que tinha esses painéis de vidro, de uma galeria anterior, então decidi que iria contar o que essa casa viu acontecer. Da plantação das árvores da Redenção, à criação do bairro Bom Fim, às primeiras palmeiras sendo plantadas na avenida", comenta. 

Clássico do Bom Fim

A história pessoal de Fiapo se mistura com a do edifício histórico onde estão localizadas as operações e com uma das vias mais tradicionais de Porto Alegre. Considerado o primeiro prédio de alvenaria da avenida Osvaldo Aranha, a construção é de 1877
O empreendedor foi morar no Bom Fim para cursar Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Aos 18 anos, ele residia na rua Ramiro Barcelos, e percorria o caminho da Osvaldo Aranha até a Sarmento Leite, onde está localizado o campus. Mesmo deixando o bairro por alguns anos, ele retornou e, na década de 1980, inaugurou o Bar Ocidente, clássica casa noturna de Porto Alegre. 
Além de Fiapo, sua filha, Júlia Barth, está no comando do negócio, que conta a história da Osvaldo Aranha, através de objetos, itens históricos, fotos e do cardápio, que homenageia os bares que já ocuparam a avenida. A ideia de montar o novo bar surgiu em um contexto de oportunidade e um desejo de Fiapo em expandir e refinar os serviços na rua Osvaldo Aranha.

"Sempre tive interesse em toda a casa, mas sou um bom vizinho", brinca. Apesar da vontade em ocupar os outros espaços do prédio, o empreendedor respeita os demais negócios que ali operam. "Após a pandemia, a moça à frente do negócio que existia aqui resolveu fechar as portas. Tinham outras pessoas interessadas em comprar o ponto dela, mas ela imediatamente falou comigo", explica Fiapo. 

Durante a reforma do Sub Ocidente foi descoberta as janelas originais da construção  | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Durante a reforma do Sub Ocidente foi descoberta as janelas originais da construção EVANDRO OLIVEIRA/JC

Três painéis de vidro decoram as paredes do espaço e contam a história da avenida Osvaldo Aranha em três períodos de 50 anos. Grande parte do que está exposto nas paredes faz parte de uma coleção pessoal de Fiapo, acumulada ao longo dos anos para seu trabalho de cenografia.  
A primeira tela traz referências do século passado. Desde de cartões postais do início do século, onde, em quase todos, aparece a casa que o negócio ocupa. Duas fotos antigas da rua João Telles, esquina onde o prédio está localizado, e a placa original da rua também fazem parte da coleção. "Essa é a primeira foto real que a gente tem da casa. Uma foto de 1920, quando estavam construindo a Osvaldo Aranha, estavam calçando a via. Nessa foto, dá para ver o antigo letreiro do bar que existia aqui, o Extremo Oriente", observa o empreendedor. 
No segundo quadro, Fiapo destaca um documento sobre a Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935. O evento internacional reuniu visitantes do mundo inteiro. "Essa casa estava de frente para isso, para esse evento com participação global. Tinham pavilhões de outros países, de todos os estados. Era como uma feira universal e aconteceu do outro lado da rua", elucida. Além disso, fotos das pequenas palmeiras no canteiro central da avenida recém-plantadas e uma imagem de Oswaldo Euclides de Sousa Aranha, político, diplomata e advogado brasileiro, que ganhou destaque em 1930 e hoje tem a avenida em sua homenagem. "Também quis trazer algumas referências ao Bar do João original e consegui uma única foto do Fedor, que deu origem ao Bar do João", explica Fiapo. 
O terceiro quadro se refere aos últimos 48 anos, incluindo a chegada do Ocidente nos anos 1980. "Aqui é o momento em que o bairro já estava todo bem politizado, com influência da universidade pública. Ao mesmo tempo, temos a verticalização do bairro (edificação), onde o Ocidente passa a ser uma das últimas casas velhas", retrata. 

Cardápio em homenagem à história do Bom Fim

A operação está em fase de adaptação e descoberta, segundo Fiapo. A ideia é experimentar o que faz sentido em relação ao cardápio, além de sentir o público. "Buscamos um movimento mais constante, tanto de dia quanto de noite." 
Os sanduíches são batizados com nomes de bares antigos da região, misturando a história local com a vivência pessoal de Fiapo, que frequentou quase todos. Atualmente, 10 sanduíches fazem parte do menu, incluindo quatro opções sem carne, custando entre R$ 20,00 e R$ 30,00. Entre eles, destacam-se o Lola, feito com pão baguetinho, recheio de fricassê, mussarela, tomate seco, maionese, cenoura, tomate e alface, e o Alaska, com recheio de cogumelo, requeijão de castanha, cebola e rúcula. Na parte de bebidas, cafés, drinks e cervejas estão entre as opções. 
O Sub Ocidente é um reflexo da filosofia singular de Fiapo, que o concebe não como um bar, mas como um espaço vivo e em constante evolução. "Sou um arquiteto. A minha ideia é sempre equipar os espaços para que as pessoas ocupem", completa. 

Endereço e horário de funcionamento do Sub Ocidente

Em soft opening, o espaço opera a partir das 18h na avenida Osvaldo Aranha, nº 960, no bairro Bom Fim. 
 
 
 
Ver esta publicação no Instagram