Jerfferson Silva de Oliveira é um dos sócios do Ferro Xiseria e da Pizzaria Ferradura, do Grupo Leiteria

De funcionários a sócios: conheça a história de empreendedores à frente de pizzaria de Porto Alegre


Jerfferson Silva de Oliveira é um dos sócios do Ferro Xiseria e da Pizzaria Ferradura, do Grupo Leiteria

“Quando tu não vens de berço rico, para realizar o sonho de empreender, é necessário ir construindo aos poucos”, afirma Jerfferson Silva de Oliveira, um dos sócios do Ferro Xiseria e da Pizzaria Ferradura, inaugurada no início de julho. Ambos são os primeiros negócios que Jerfferson assumiu como sócio, ainda que sua experiência com gestão empresarial venha de muito antes.

“Quando tu não vens de berço rico, para realizar o sonho de empreender, é necessário ir construindo aos poucos”, afirma Jerfferson Silva de Oliveira, um dos sócios do Ferro Xiseria e da Pizzaria Ferradura, inaugurada no início de julho. Ambos são os primeiros negócios que Jerfferson assumiu como sócio, ainda que sua experiência com gestão empresarial venha de muito antes.

Antes de estar à frente das marcas, Jerfferson atuava na administração das duas unidades da Leiteria, localizadas nos bairros Farroupilha e Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Sua trajetória com o grupo começou em 2017, quando a primeira loja foi aberta na avenida Venâncio Aires. “Na época, trabalhava numa padaria e confeitaria. Fui conhecer a Leiteria um mês depois da abertura. Me encantei pelo lugar e vi que podia fazer algo a mais”, lembra. Naquele momento, já buscava algo diferente do espaço que trabalhava. “Era um negócio mais engessado e eu não tinha liberdade de implementar melhorias.”

A carreira dele teve início ainda mais cedo, no McDonald’s. Depois passou pelo GNC Cinemas, onde começou a gerenciar equipes. Na Leiteria, encontrou o espaço que procurava. “Foi o casamento perfeito. O Tiago [Tiago Leite, proprietário da Leiteria] queria alguém que tocasse o negócio como se fosse dele, e eu queria a liberdade de colocar meu conhecimento em prática.”

Na época em que Jerfferson entrou no grupo, a Leiteria tinha apenas uma loja e cerca de 30 funcionários. Com o crescimento da empresa, ele também evoluiu. “Fui me aprimorando, estudando. Eles me permitiram explorar a gestão não só de pessoas. Há três anos, surgiu a oportunidade de começar a participar dos lucros”, conta.

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Hoje, ele divide a sociedade com Tiago, Fernanda Carpenedo Gabriel e Frederico Oviedo, que também era funcionário e se tornou sócio das novas operações. “O Tiago tem a visão empreendedora de colocar os negócios na rua. A Fernanda, esposa do Tiago, cuida do marketing e da imagem da empresa. Frederico, que também é ex-funcionário da Leiteria, cuida da parte burocrática, financeira e contábil. E eu fico com a operação e a gestão de pessoas”, explica.

Apesar de ter passado a vida no regime CLT, Jerfferson nunca abandonou o sonho de empreender. Aos 42 anos, considera que sua trajetória como colaborador foi fundamental para estar onde está hoje. “A transição de funcionário para sócio foi construída tijolo por tijolo. Nós vemos muita gente querendo abrir um negócio achando que vai trabalhar menos que na CLT, mas é o contrário.”

Para ele, empreender exige visão de longo prazo. “Tem muita gente quebrando, porque acredita que vai abrir e em dois, três meses já vai estar colhendo resultado. Só que tu precisas plantar e esperar.” Hoje, inclusive, o filho dele trabalha na Leiteria e segue um caminho parecido. “Ele está conosco desde os 16 anos, já vai fazer 21. Está crescendo e vendo que dá pra subir degrau por degrau”, garante.

Jerfferson destaca que empreender exige sair constantemente da zona de conforto. “Não existe isso de achar que está tudo pronto. O propósito do empreendedorismo é estar sempre buscando algo novo, inovando, melhorando o que já faz.”

Ele vê valor em toda a experiência adquirida como CLT e garante que, sem a vivência do trabalho, não estaria pronto para assumir os próprios negócios. “Sempre fui muito curioso. Em todos os lugares que passei, tentei aprender ao máximo. Hoje, no papel de sócio, sei como é estar do outro lado. Nas reuniões, trago esse olhar do colaborador, não só com palavras, mas com gestos.”

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Esse cuidado com a equipe reflete na baixa rotatividade das empresas do grupo, onde os funcionários têm no mínimo dois anos de casa. “Conhecemos nossos colaboradores pelo nome, sabemos quando alguém não está bem. Às vezes, uma conversa de 10 minutos ou um abraço muda o dia de alguém”, diz o empreendedor. Segundo ele, essa conexão humana ajuda a manter profissionais há anos na empresa. 

Além do cuidado interno, Jerfferson acredita que a valorização do colaborador pode ser um caminho para quem sonha em empreender, mas não tem capital inicial. “Indico se dedicar à empresa como se fosse tua. Muitas empresas buscam pessoas que cuidam do negócio na prática. Se você entregar mais, mesmo que o dono não perceba, o mercado vai perceber”, avalia.

Ele reforça a importância de adotar uma mentalidade de dono mesmo sendo CLT. “Se tu começas a olhar o negócio como teu, entende que cada detalhe impacta no resultado. É assim que surgem oportunidades.”

Sobre a ilusão de que empreender é ter liberdade, Jerfferson é direto. “Não é fazer sete horas, ganhar dinheiro e descansar. É fazer 12, 13 horas, estar no sábado e no domingo dentro do negócio. Tu não tens como se demitir da tua própria empresa”, afirma.

O principal desafio da transição de colaborador para sócio, segundo ele, é lidar com a frustração de ver potenciais não aproveitados. “É duro enxergar pessoas com capacidade enorme e ver que elas não querem crescer. Mostro o caminho, mas elas preferem a segurança da CLT.”

Com dois negócios sob sua gestão, Jerfferson vê no equilíbrio entre os sócios e no respeito pelas pessoas a chave para o sucesso. “Cada um cuida de uma parte e, juntos, mantemos o negócio funcionando com harmonia. Essa é a base que sustenta tudo.”