A Ferragem Felippe é um dos negócios mais antigos do tradicional bairro de Porto Alegre

Empreendedor de 95 anos comanda a ferragem mais antiga da Cidade Baixa


A Ferragem Felippe é um dos negócios mais antigos do tradicional bairro de Porto Alegre

Para construir um futuro consciente é necessário olhar para as histórias que nos trouxeram até aqui. Nos negócios, isso não é diferente. Revisitar trajetórias que constroem o empreendedorismo gaúcho pode ser uma fonte de conhecimento e inspiração. O trabalho de Luís Raymundo Felippe, fundador da Ferragem Felippe, é um desses casos.Completando 96 anos em abril deste ano, Luís ainda acompanha o movimento diário da ferragem que inaugurou em 1968. Há quatro anos, o empreendedor deixou o balcão para se acomodar em um banquinho. Dali, ele fica de frente para a grade de ferro com vista para a esquina onde passou boa parte de sua vida: o ponto entre as ruas João Alfredo e Miguel Teixeira. Desde cedo, ele observa a Cidade Baixa pela perspectiva do seu negócio, um dos mais antigos da região. "Na época, existia apenas uma madeireira na Barão de Gravataí, uma ferragem no fim da João Alfredo e eu. Hoje, sou o mais antigo daqui", conta.Quando assumiu o ponto, há quase seis décadas, o local ainda funcionava como bazar. Com o tempo, o perfil do negócio passou para artigos de ferragem. "Eu tinha 39 anos e não tinha conhecimento de bazar e nem de ferragem. Mas conhecia o comércio", lembra, contando que, logo que conheceu o espaço, ficou encantado. "E tinha movimento. Ah, como tinha! Eu estava sempre alegre, sempre rindo."
Para construir um futuro consciente é necessário olhar para as histórias que nos trouxeram até aqui. Nos negócios, isso não é diferente. Revisitar trajetórias que constroem o empreendedorismo gaúcho pode ser uma fonte de conhecimento e inspiração. O trabalho de Luís Raymundo Felippe, fundador da Ferragem Felippe, é um desses casos.

Completando 96 anos em abril deste ano, Luís ainda acompanha o movimento diário da ferragem que inaugurou em 1968. Há quatro anos, o empreendedor deixou o balcão para se acomodar em um banquinho. Dali, ele fica de frente para a grade de ferro com vista para a esquina onde passou boa parte de sua vida: o ponto entre as ruas João Alfredo e Miguel Teixeira. Desde cedo, ele observa a Cidade Baixa pela perspectiva do seu negócio, um dos mais antigos da região. "Na época, existia apenas uma madeireira na Barão de Gravataí, uma ferragem no fim da João Alfredo e eu. Hoje, sou o mais antigo daqui", conta.

Quando assumiu o ponto, há quase seis décadas, o local ainda funcionava como bazar. Com o tempo, o perfil do negócio passou para artigos de ferragem. "Eu tinha 39 anos e não tinha conhecimento de bazar e nem de ferragem. Mas conhecia o comércio", lembra, contando que, logo que conheceu o espaço, ficou encantado. "E tinha movimento. Ah, como tinha! Eu estava sempre alegre, sempre rindo."
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Neste período, Jorge, seu filho, brincava pela loja. Hoje, ele comanda as vendas para o pai. Dentre as histórias de todas as reformas e mudanças, Luís rememora as transformações que vivenciou na cidade e na economia. "Não tem como explicar o quanto as coisas mudaram, pois não se pode comparar o tempo." Apontando para os prédios a sua direita, ele conta que toda a quadra era composta de casas comuns, que levavam até a Praça Garibaldi. Em frente, diz que era uma parada para o bonde que ainda circulava por Porto Alegre. "Onde tem parada, tem gente. Entre um e outro, as pessoas olhavam a minha vitrine", descreve.
Aberta há 57 anos, a Ferragem Felippe é um dos empreendimentos mais antigos da Cidade Baixa  | TÂNIA MEINERZ/JC
Aberta há 57 anos, a Ferragem Felippe é um dos empreendimentos mais antigos da Cidade Baixa TÂNIA MEINERZ/JC
Amante do bairro onde empreende, Luís viveu até os 12 anos na Ilhota - antiga área de ocupação popular e negra no Centro da Capital. "Eu sempre cantava para o pessoal, tinha uma bela voz", diz, entre risos, recordando as canções de Lupicínio Rodrigues, seu conterrâneo.
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Para explicar sua visão sobre o próprio negócio, o empreendedor conta como viveu os últimos 80 anos da Cidade Baixa. "Não tem bairro melhor que esse. Tudo é perto." Olhando em linha reta pela rua Miguel Teixeira, Luís indica a Redenção. "Olhando para o outro lado, você vê outro parque, que vai até o campo do Internacional. E tinha o estádio Olímpico. Eu ia a pé até lá. Tenho uma carteirinha de 1964", conta com entusiasmo. "Tinha amigos, clientes. Tudo isso fez parte da minha vida de empreendedor", conclui.

Na história recente da ferragem, a enchente de 2024 foi um marco. "A água chegou a 3 metros, tudo que estava lá embaixo (no estoque) se perdeu. Atingiu todo mundo. Não tirei muitas fotos, mas era de assustar", descreve Jorge, que esteve à frente da ferragem quando as águas chegaram. Após a limpeza, a rotina foi se estabilizando. "Cada dia é uma aula. Tem que mudar de acordo com o tempo, não se pode ficar agarrado no passado", pontua Luís. Sobre empreender, ele diz ser um caminho difícil, mas muito bom. "Tenho um espírito expansivo, gosto de compartilhar as coisas. Então, é bom ter um negócio e pessoas que vêm me ver", diz Luís, que se sente realizado com a trajetória da ferragem. "A gente vai levando. E foi bom. Eu, pelo menos, gosto do que eu fazia. Eu sentia prazer em trabalhar", orgulha-se.