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Publicada em 06 de Maio de 2025 às 19:47

Dores da enchente perduram um ano após distanciamento de Inter e torcida

Bola parou de rolar por quase dois meses no Beira-Rio devido às enchentes de maio de 2024

Bola parou de rolar por quase dois meses no Beira-Rio devido às enchentes de maio de 2024

ANSELMO CUNHA/AFP/JC
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Cássio Fonseca
Cássio Fonseca
As dores da enchente de maio perduram e, com o tempo, se transformaram em cicatrizes para os gaúchos. E o futebol, que poderia ser aquela válvula de escape para o torcedor esquecer, há um ano, mesmo que por 90 minutos, do pesadelo da maior tragédia climática da história do Estado, também sucumbiu. Para o Inter, primeiro o CT Parque Gigante, invadido pelas águas do Guaíba, e depois o Beira-Rio.
As dores da enchente de maio perduram e, com o tempo, se transformaram em cicatrizes para os gaúchos. E o futebol, que poderia ser aquela válvula de escape para o torcedor esquecer, há um ano, mesmo que por 90 minutos, do pesadelo da maior tragédia climática da história do Estado, também sucumbiu. Para o Inter, primeiro o CT Parque Gigante, invadido pelas águas do Guaíba, e depois o Beira-Rio.
Foram 52 dias longe de seu estádio e mais de 17 mil quilômetros percorridos para manter a bola rolando. A maior parte em outros estados, com outros palcos e a doída distância das massas, que pouco podiam ligar para a situação de seu time em uma largada estonteante de temporada após o Gauchão, já que a água, muitas vezes, estava batendo à porta. Os danos foram tão grandes que a temporada pôde-se dizer comprometida.
Nos cofres, um impacto de R$ 86,2 milhões entre a logística para levar o departamento de futebol Brasil afora, reconstruir o CT e o estádio. Deste valor, "R$ 18,9 milhões foram recuperados por meio de negociações com a CBF e a seguradora do Beira-Rio, e do combate à inadimplência dos associados", informa o clube. No entanto, "é importante frisar que o Complexo Beira-Rio é segurado, e o Parque Gigante não, porque é outra matrícula", ressalta o vice-presidente de patrimônio, Gabriel Nunes, sobre o desconto direto das finanças coloradas para recuperar o local, no valor de aproximadamente R$ 4,5 milhões.
Já o Beira-Rio, apesar de atingido em menor escala, teve uma diferença crucial que dificultou a retomada. "No parque, a água veio do rio e parou no dique de contenção. No Beira-Rio, o alagamento, infelizmente, foi pela questão das bombas que não funcionaram. Essa água era mais poluída, porque veio dos bueiros", afirma o dirigente. A cheia atingiu todo o nível 1 do estádio, nas áreas administrativas, sala de imprensa, vestiários e parte do museu.
Nunes admite que "no Beira Rio o pessoal também não acreditou que seria alagado", o que impossibilitou a retirada de equipamentos quando as casas de bombas cederam e a água invadiu. A limpeza, pela sujeira do esgoto, também foi dificultada, justificando os quase dois meses entre o empate com o Atlético-GO, no dia 28 de abril, e a derrota para o Vasco, no dia 7 de julho, longe de casa.
Diante deste cenário de alerta e uma memória vívida do que foi a catástrofe, um ano atrás, pouco se podia imaginar que o estrago seria tão grande. É raro um relato sem espanto sobre a magnitude do que se tornaram as cheias. E no Colorado, que tem o Parque Gigante situado à beira do Guaíba, o pensamento não foi diferente, destaca Nunes ao explicar o processo de reconstrução com as ressalvas que o futuro obriga. "Fizemos alguns ajustes no projeto, já pensando que, infelizmente, pode acontecer novamente. Até porque já havia acontecido em escalas menores", relembra, em alusão as chuvas de setembro e novembro de 2023.

CT Parque Gigante foi invadido pela água do Guaíba e precisou ser reconstruído | Inter/Divulgação/JC
CT Parque Gigante foi invadido pela água do Guaíba e precisou ser reconstruído Inter/Divulgação/JC
No entanto, reajustes como as janelas construídas acima do nível que a água pode chegar não são impeditivos a uma nova enchente por conta da proximidade com o lago, mas amenizam os danos e cumprem a meta da época: "nosso desafio era colocar o CT em dia para que pudéssemos retornar para casa. Importante parar de gastar e ficar próximo à torcida", conta o dirigente.
Questionado sobre o projeto do novo CT em Guaíba, Nunes relembra que o terreno também foi afetado. "Sabemos que é um investimento na casa de R$ 100 milhões, para colocar lá o CT, principalmente com operação de base, o futebol feminino e mais o profissional". A garantia, entretanto, é que este não é um projeto a curto prazo e a operação, nos próximos anos, segue no Parque Gigante.

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