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Publicada em 06 de Maio de 2025 às 19:35

Mesmo com desavenças, Grêmio e Arena se uniram para reerguer o estádio

Arena do Grêmio ficou 23 dias submersa na enchente histórica de maio de 2024

Arena do Grêmio ficou 23 dias submersa na enchente histórica de maio de 2024

Wesley Santos/Divulgação/JC
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Rudá Neis
Rudá Neis
Na madrugada do dia 3 de maio de 2024, a régua responsável por medir o nível do Lago Guaíba foi arrastada pela forte correnteza. Este marco para a Capital somou-se a outro inimaginável ocorrido: o CT Luiz Carvalho foi tomado pelas águas. E não demorou muito para a Arena do Grêmio também vir a ser inundada no dia 5, e iniciar o período de 23 dias que ficaria debaixo d'água. Um dia antes, o Tricolor já anunciou a paralisação das suas atividades por conta das cheias e mudava o foco do campo para o lado humano.
Na madrugada do dia 3 de maio de 2024, a régua responsável por medir o nível do Lago Guaíba foi arrastada pela forte correnteza. Este marco para a Capital somou-se a outro inimaginável ocorrido: o CT Luiz Carvalho foi tomado pelas águas. E não demorou muito para a Arena do Grêmio também vir a ser inundada no dia 5, e iniciar o período de 23 dias que ficaria debaixo d'água. Um dia antes, o Tricolor já anunciou a paralisação das suas atividades por conta das cheias e mudava o foco do campo para o lado humano.
"A grande preocupação era com o Estado. Tudo ficou de lado. Tem que se ter empatia com a vida das pessoas que foram atingidas. Não se pensava em futebol", relembra o presidente Alberto Guerra.
Ao todo, o clube teve 49 funcionários que perderam suas casas por conta da enchente. Diante da situação, foi realizado um auxílio monetário por parte do Grêmio aos colaboradores atingidos. Além disso, o Estádio Olímpico se transformou em centro de recebimento e distribuição de doações. Durante esse período, foram servidas 30 mil refeições e foi realizada uma faxina nos arredores da Arena, que mobilizou mais de 2.000 voluntários em prol da recuperação.
 
Ponto de coleta realizado no estádio Olímpico | Lucas Uebel/Grêmio/JC
Ponto de coleta realizado no estádio Olímpico Lucas Uebel/Grêmio/JC
Além do mais, Grêmio e Inter lançaram a campanha Jogando Junto – Pela Reconstrução do RS, ação que estimulava a doação de empresas para reconstrução do Estado nas enchentes. Entretanto, após o aperto de mão, a parceria ficou em segundo plano. “Eu fiquei bastante triste pela falta de apoio do Inter. Esperava que pudéssemos jogar em Porto Alegre ou no estádio que seria melhor pra nossa logística. Porque não tenho dúvida que se fosse ao contrário, eu teria emprestado”, lamentou o dirigente.
Retornando ao âmbito desportivo, a volta dos treinos se deu no dia 17 de maio, no CT do Corinthians. Após este primeiro local, o Grêmio treinou em Curitiba e no Rio de Janeiro, retomando os treinos em Porto Alegre em 27 de junho. Os estádios que foram a casa do time gaúcho em 14 jogos no período foram: Couto Pereira, Kléber José de Andrade, Centenário, Arena Condá e Alfredo Jaconi. O retorno à Arena se deu no dia 1º de setembro, registrando mais de 4 meses longe do estádio.
Guerra é categórico ao afirmar que o longo período longe da Capital foi determinante para a má atuação da equipe na temporada e enfatiza que os resquícios do período interferem ainda hoje no time. "O Grêmio foi o maior clube prejudicado dentro de campo por conta das enchentes. Não vou dizer que hoje não está tão bem só por causa disso, mas sem dúvidas, conta", acredita.
Ao todo, os prejuízos do clube em relação à logística, perda de sócio, manutenção dos CT's e receita, foi de aproximadamente R$ 11 milhões. O custo de recuperação das sedes foi de R$ 700 mil, tendo o seguro abatido R$ 200 mil. Já em termos de logística, foi toda ela coberta pela CBF, em R$ 7 milhões.
 
CT Luiz Carvalho foi inundado em um altura de 1,60m | Grêmio/Divulgação/JC
CT Luiz Carvalho foi inundado em um altura de 1,60m Grêmio/Divulgação/JC
Em relação a Grêmio Mania, a Umbro ajudou com o adiamento da verba que foi destinada em R$ 1,5 milhões para a reformulação da loja. Referente à Arena, o prejuízo financeiro não pôde ser divulgado por conta de cláusulas contratuais com a empresa Zürich, responsável pelo seguro. Porém o diretor-presidente, Mauro Araújo, adianta que se trata de cifras muito altas. "Arena se encontra 95% recuperada dos desastres sofridos há um ano", disse. Para atingir a totalidade, é preciso recuperar o auditório onde ocorria as coletivas de imprensa e realizar a instalação dos dois telões localizados nas extremidades Norte e Sul do estádio. O prazo para a liberação dos espaços é no próximo mês.
 
Espaço interno da Arena do Grêmio tomado pelas águas | Emanuel Prestes/Divulgação/JC
Espaço interno da Arena do Grêmio tomado pelas águas Emanuel Prestes/Divulgação/JC
Outro problema que o clube precisava enfrentar era referente ao CT Hélio Dourado, localizado na cidade de Eldorado do Sul, município bastante afetado pelas inundações. O coordenador-geral das categorias de base, Francesco Barletta falou sobre os prejuízos sofridos nas estruturas do CT. "Tivemos dificuldade nos campos que foram tomados pela água. Mas as áreas de alojamento e parte administrativa, não foram afetadas", relembrou.
Passados um ano do maior desastre ambiental da história do Rio Grande do Sul, as lembranças e o receio de algo parecido voltar a acontecer permeiam o pensamento de todo gaúcho. Alberto Guerra acredita que o clube estaria preparado para enfrentar uma eventual nova cheia. "Estruturalmente, diria que seríamos afetados igual, pois são obras que não dependem só do Grêmio, mas sim da cidade. Mas, caso venha a acontecer, saberemos melhor como agir", prevê. 

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