Colhendo os frutos da profissionalização de um clube que esteve afastado do protagonismo no Estado, o Pelotas segue em êxtase pela campanha do vice-campeonato da Série A2, a Divisão de Acesso, que garante o retorno ao Campeonato Gaúcho de 2025, depois de três temporadas fora da competição — disputaram sua última edição em 2021. Mesmo sem conquistar o título, os pelotenses, que perderam a final nos pênaltis para o Monsoon, após dois empates sem gols, veem na volta à elite a oportunidade de reviver o clássico Bra-Pel, aumentar a receita e montar um elenco mais atrativo ao torcedor.
Sem nenhuma competição no calendário para o segundo semestre deste ano, o foco da instituição está nas eleições presidenciais, em setembro. A tendência é que a gestão do presidente Rodrigo Brito se mantenha no comando — o atual mandatário deve confirmar sua candidatura até o final desta semana —, dando sequência ao planejamento do futebol para a largada da próxima temporada. Com o apoio do conselho, é possível que ele concorra sem uma chapa de oposição.
O vice-presidente áureo-cerúleo Vinícius Conrad, destaca que o processo de formação do grupo deve contar com uma repaginação no time que conquistou a vaga. “Não temos um vislumbre e uma paixão por todos (jogadores), e sim muita gratidão por quem subiu o Pelotas. Mas é outro campeonato, temos que ver com outros olhos e investimentos. Talvez alguns jogadores mais jovens permaneçam, pensando na questão de negócios futuros”, explica o dirigente, que ainda garante a permanência do executivo de futebol, Filipi Cruz, e do técnico, Ariel Lanzini.
Seguindo o modelo de diversos clubes do interior, o Pelotas oferece contratos curtos aos jogadores, até o término do Estadual. A reformulação já está sendo mapeada e, de acordo com Cruz, o perfil das contratações deve priorizar atletas que aguentem a pressão da elite estadual, sem abdicar de jovens talentos. “Sabemos que a competição é muito complicada. Queremos trabalhar nas mesmas vertentes, fazendo uma mescla entre jovens e experientes, mas seguindo uma linha de atletas que entendam para onde eles estão vindo, que saibam que a camiseta do Pelotas é pesada e que passou por muitas dificuldades na reestruturação. Temos uma torcida apaixonada, que cobra bastante, e por isso buscamos atletas vencedores, que entendam todo esse processo”.
Depois de disputar a Copa FGF no ano passado, o clube optou por ficar de fora da edição atual. Conrad explica a decisão puxando um gancho com o Bra-Pel e a importância de reacender a chama de uma das rivalidades mais tradicionais do futebol gaúcho: “Jogamos a Copinha nos últimos anos, mas ela me parece muito desorganizada. A Federação não está passando muitos recursos para viabilizar e a gente participou esperando que fosse ter o Bra-Pel, mas o Brasil acabou desistindo. Nos saiu o cara a competição e não teve o clássico que nos renderia uma boa renda. E agora vai ter no Gauchão e com certeza ele vai ser um dos maiores movimentos do Rio Grande do Sul”.
Além dos trâmites para seguir competitivo dentro das quatro linhas, existe a preocupação com o estádio Boca do Lobo. Um dos palcos mais tradicionais do Estado, o velho casarão pelotense está sendo repaginado para o ano que vem. O foco principal está no tratamento do gramado, já que a Divisão de Acesso é uma competição que costuma prejudicar a qualidade da grama, por conta da data em que é disputada, que se agravou com as fortes chuvas do primeiros semestre.
Ademais, a gestão do Pelotas também prepara a casa para uma possível chegada da SAF. Conrad explica que estão sendo realizados estudos sobre o modelo para viabilizar financeiramente o processo. Ainda sem prospectar possíveis compradores, a ideia é organizar todas as áreas para que as negociações sejam vantajosas para o clube. "é que nem vender um carro, né? Se você compra um carro usado, tem que melhorar", brinca o cartola.