Este jornalista cantou a pedra no texto publicado antes do jogo da noite desta quarta-feira (4) em Porto Alegre: o Inter precisava ter mais vontade do que o Fluminense durante todo o jogo e todas as atenções do time colorado deveriam estar focadas em Germán Cano. Pois, nem uma coisa nem outra aconteceram. Após um primeiro tempo impecável, o Inter cedeu na etapa final e o resultado foi o pior possível para a nação colorada: vitória carioca e o sonho do tricampeonato da América adiado mais uma vez.
Em resumo, pode-se dizer que o confronto do time de Coudet contra a equipe de Diniz foi uma tragédia em três atos. Senão vejamos:
1º ATO
O cavalo encilhado no Maracanã
O cavalo encilhado no Maracanã
Aqui no Rio Grande do Sul temos um ditado famoso que afirma que não podemos deixar o cavalo passar encilhado. O dito significa que, quando uma oportunidade surge, não podemos desperdiçá-la, pois isso pode custar caro logo mais adiante. Foi o que ocorreu no jogo de ida, no Rio de Janeiro. Lá, o Inter jogou o segundo tempo inteiro com um jogador a mais e havia virado o placar aos 19 minutos da etapa final. Ou seja, o Inter teve ao menos 30 minutos para fazer mais um gol e fechar o caixão do Fluminense. Pois não fez e, ainda por cima, tomou o gol de empate no finalzinho do duelo. O cavalo da vaga na final passou encilhado no Maracanã, mas o Inter não montou e deixou tudo para ser decidido em Porto Alegre.
2º ATO
O cavalo deu mais uma chance e passou de novo no Beira-Rio
O cavalo deu mais uma chance e passou de novo no Beira-Rio
O cavalo da classificação queria muito que o Inter avançasse à final da Libertadores em 2023, ele queria tanto, mas tanto, que voltou a se oferecer ao Colorado e deu uma generosa volta pelo gramado do Beira-Rio na noite desta quarta-feira. O ambiente era todo favorável aos donos da casa, estádio lotado, empolgação nas alturas, o time saindo na frente no placar logo no início do jogo, o adversário completamente apático e sem oferecer perigo algum. Tudo estava se encaminhando. E para, completar o cenário positivo, a contratação do ano do clube, jogador de Copa do Mundo e que vinha sendo decisivo nas etapas anteriores da competição, teve duas chances claríssimas de marcar o segundo e o terceiro gol e assim, matar a partida. Mas ele não o fez. Enner Valencia resolveu perder as oportunidades, uma após receber um passe açucarado de De Pena e sair na cara do goleiro Fábio e a segunda ao ficar livre na área em um escanteio e na cara do gol mandar para fora.
3º ATO
A crueldade fala espanhol
A crueldade fala espanhol
“As atenções coloradas dentro de campo, porém, precisam estar focadas no centroavante Germán Cano. O argentino é uma máquina de fazer gols e precisa de apenas uma oportunidade para, em um toque somente, colocar a bola nas redes. Olho nele!”
Foi isso que escrevi no texto pré-jogo. Não foi uma grande opinião, qualquer um que acompanha futebol sabe que o centroavante argentino é um matador nato. Pois o Inter parece ter esquecido disso. No Maracanã, foi dois toques na bola e dois gols. Em Porto Alegre, mais dois toques: uma assistência para o gol de Jhon Kennedy e a tacada mortal que definiu a eliminação colorada.
Foram seis minutos. Apenas seis minutos. Trezentos e sessenta segundos. Bastaram trezentos e sessenta segundos para a euforia, o sonho, a loucura, darem lugar à decepção, ao lamento, à tristeza, às lágrimas.
Coisas do futebol. É por isso que esse esporte tão imprevisível é tão apaixonante. O torcedor colorado que saiu do estádio cabisbaixo e esbravejando contra jogadores, técnico e direção, no domingo está, mais uma vez, vestindo o manto vermelho para apoiar o time no clássico Grenal.
Por fim, todo mundo que ama um time e futebol já sentiu essa dor. Perder é do jogo. Mas não precisava ser tão cruel assim, não é.