Nos anos 2000, a participação dos lanceiros negros na Revolução Farroupilha e o reconhecimento desses combatentes como heróis no principal episódio da história gaúcha ganharam força, com a publicação de livros e debates sobre a história do Rio Grande do Sul. Esse movimento segue se intensificando em várias frentes agora, nos 190 anos da Revolução Farroupilha, comemorados neste sábado, 20 de setembro.
São diversas iniciativas recentes para homenagear e lembrar os lanceiros negros, como nome de CTGs, monumentos em áreas públicas e obras artísticas como músicas, peças de teatro, musical, exposição e até um filme longa-metragem.
A brava participação dos lanceiros negros na Revolução Farroupilha é o tema principal, por exemplo, de um filme longa-metragem que está sendo rodado no Rio Grande do Sul em 2025 e de uma exposição de pinturas que está aberta ao público no prédio da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre.
Com rodagens no interior do RS, o filme Porongos trará para a telona o protagonismo dos lanceiros
GM2 Filmes/Divulgalção/JC
As filmagens de Porongos, novo longa do diretor gaúcho Diego Müller, estão em andamento no interior do Estado e prometem revisitar um dos episódios mais polêmicos da Revolução Farroupilha: o Massacre de Porongos.
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Trata-se da penúltima batalha da Guerra dos Farrapos, em novembro de 1844. O conflito já se arrastava há nove anos e se encaminhava para o final, com negociações de paz em andamento. Entretanto, um dos entraves era a prometida liberdade que seria concedida aos combatentes negros ao fim da guerra. O Império não aceitava, considerando que o Brasil ainda era escravocrata.
Na madrugada do dia 14 de novembro, em Cerro de Porongos, área que hoje pertence ao município de Pinheiro Machado, ocorreu uma emboscada realizada pelas tropas imperiais comandadas por Francisco Pedro de Abreu, o Moringue, que dizimou um grupo com centenas de soldados negros que faziam parte do grupo liderado por David Canabarro.
Uma corrente de historiadores defende que Canabarro teria facilitado o ataque imperial, tendo sido previamente avisado do avanço dos inimigos e desarmando os soldados negros, deixando-os à mercê do massacre que ocorreu. Isso resolveria o entrave ao acordo de paz com o Império. Há correntes de historiadores, porém, que indicam que não houve traição por parte de Canabarro e que ele teria sido pego de surpresa pelo ataque.
Ainda sem data para lançamento, o filme Porongos conta com um elenco de peso com nomes como Thiago Lacerda – que será Bento Gonçalves –, Samira Carvalho, Tatiana Tibúrcio e Emílio Farias. A Assembleia Legislativa, por sua vez, recebe até o dia 26 de setembro, a exposição “Heroísmo Farroupilha – Um Outro Olhar sobre os Lanceiros Negros”, do artista Zé Darci. Com entrada gratuita e curadoria de Doris Couto, museóloga do Museu de História Julio de Castilhos, a mostra propõe uma reflexão sobre a participação dos combatentes negros e indígenas na Guerra dos Farrapos (1835–1845).
A coleção já percorreu importantes espaços culturais do Estado, como a Fundação Ecarta, o próprio Museu Júlio de Castilhos e o Palácio Piratini. A exposição conta com 12 pinturas épicas. Zé Darci utiliza cores intensas, composições vibrantes e paisagens dramáticas para enaltecer a valentia dos lanceiros negros e resgatar seu protagonismo.