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Publicada em 18 de Setembro de 2025 às 17:25

E se os Farrapos tivessem vencido a guerra?

Vitória no conflito liderado por Bento Gonçalves teria criado nova nação no continente

Vitória no conflito liderado por Bento Gonçalves teria criado nova nação no continente

ANSELMO CUNHA/JC
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Juliano Tatsch
Juliano Tatsch Editor-assistente
Muito se fala sobre o Rio Grande do Sul comemorar uma guerra em que foi derrotado pelas forças do governo central. Não chega a ser incomum a celebração de derrotas, desde que elas representem a bravura daqueles que a travaram contra contingentes mais numerosos, preparados e melhor equipados ou homenageiem a memória dos que lutaram e pereceram nos campos de batalha enfrentando os inimigos.
Muito se fala sobre o Rio Grande do Sul comemorar uma guerra em que foi derrotado pelas forças do governo central. Não chega a ser incomum a celebração de derrotas, desde que elas representem a bravura daqueles que a travaram contra contingentes mais numerosos, preparados e melhor equipados ou homenageiem a memória dos que lutaram e pereceram nos campos de batalha enfrentando os inimigos.
Mas, e se, por acaso, os farroupilhas liderados por Bento Gonçalves tivessem obtido uma vitória contra os imperiais comandados pelo Barão de Caxias? O que teria acontecido? Como seria o Rio Grande do Sul atual?
Bento Gonçalves da Silva seria o grande herói nacional, algo comparável ao que Simon Bolívar é para a Venezuela ou Artigas é para o Uruguai. Seu rosto, assim como o de outros líderes farroupilhas como David Canabarro e Antônio de Souza Neto, estaria estampado nas notas da moeda nacional que poderia muito bem se chamar Pila, consagrando o uso corrente da palavra pelo gaúcho para se referir ao dinheiro.
Bento Gonçalves estamparia nota da moeda da nação gaúcha | ChatGPT/Reprodução/JC
Bento Gonçalves estamparia nota da moeda da nação gaúcha ChatGPT/Reprodução/JC
O Jornal do Comércio se permitiu fazer um exercício de imaginação e projetar um cenário em que a República Rio-Grandense venceu a guerra e se tornou um país independente. Como seria?
Economia
Se fosse um país, a República Rio-Grandense teria um Produto Interno Bruto (PIB) maior do que o de alguns outros países do continente. Com um valor de US$ 130,5 bilhões em 2024, a economia gaúcha seria maior do que a da Venezuela, que, em 2024, teve um PIB ao redor dos US$ 119,8 bilhões.
A economia do RS também seria mais pujante do que a do Uruguai, que, no ano passado, registrou um PIB na casa dos US$ 81 bilhões. O RS também seria um PIB superior ao do Paraguai que, em 2024, foi de US$ 44,4 bilhões, e ao da Bolívia, que foi de US$ 49,6 bilhões.
Em comparação com a Europa, utilizando dados do Banco Mundial relativos ao ano passado, o nosso PIB seria superior ao de países como a Bulgária (US$ 112,2 bilhões), a Croácia (US$ 92,5 bilhões), a Sérvia (US$ 89,0 bilhões) e a Lituânia (US$ 84,8 bilhões).
Território
O país RS seria maior em território do que o Reino Unido | Reprodução/JC
O país RS seria maior em território do que o Reino Unido Reprodução/JC
A República Rio-Grandense seria um país médio no continente. Com uma área territorial de 281.707 km², o RS seria maior do que o Equador (276.842 km²) e o Uruguai (176.215 km²). O RS também seria maior que a Guiana (214.969 km²) e o Suriname (163.820 km²).
Em termos de comparação, o Brasil, sem o Rio Grande do Sul, teria um território de 8.234.060 m². Já a Argentina tem uma área de 2.780.400 m².
Cruzando o Oceano Atlântico e comparando o território rio-grandense com o dos países europeus, o RS é maior que a maioria das nações do Velho Continente. A hipotética República Rio-Grandense seria maior que 41 dos 51 países da Europa, incluindo o Reino Unido (244.820 km²), a Romênia (237.500 km²), a Bielorrúsia (207.600 km²), Grécia (131.940 km²) e Portugal (121.787 km²).
População
A República Rio-Grandense teria mais habitantes do que países como Portugal e Uruguai | TÂNIA MEINERZ/JC
A República Rio-Grandense teria mais habitantes do que países como Portugal e Uruguai TÂNIA MEINERZ/JC
Com uma população de estimada de 11.233.263 pessoas, conforme dados de agosto deste ano do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Sul, caso fosse um país independente, teria mais habitantes do que quatro países sul-americanos:
- Paraguai: 7,01 milhões de habitantes
- Uruguai: 3,3 milhões de habitantes
- Guiana: 835 mil de habitantes
- Suriname: 639 mil de habitantes
Em relação aos países Europeus, a nação dos gaúchos teria mais habitantes do que países como República Tcheca (10,8 milhões), Portugal (10,7 milhões), Suécia (10,5 milhões), Grécia (10,3 milhões), Hungria (9,5 milhões) e Áustria (9,1 milhões).
Artes
E os principais expoentes das artes da nação rio-grandense, quem seriam?
Na música, Elis Regina é imbatível como a maior intérprete independente do gênero. Impossível deixar de falar também de nomes como Nelson Gonçalves, Adriana Calcanhoto, e os tradicionalistas Pedro Ortaça, Telmo de Lima Freitas, Teixerinha, Gildo de Freitas, Noel Guarany, Jaime Caetano Braun, Cenair Maicá, entre tantos outros representantes da música regional.
Lupicínio Rodrigues e Elis Regina ocupam o Olimpo da música do RS | ACERVO MARCELLO CAMPOS/REPRODUÇÃO/JC
Lupicínio Rodrigues e Elis Regina ocupam o Olimpo da música do RS ACERVO MARCELLO CAMPOS/REPRODUÇÃO/JC
Entre os compositores, Lupicínio Rodrigues, recém homenageado por lei como patrono da Música Popular Brasileira, é um ícone da cultura brasileira e seria, certamente, o principal autor da Música Popular Gaúcha, a MPG. Geraldo Flach, Bebeto Alves, Nei Lisboa, Vitor Ramil, Cleiton e Cledir, Nelson Coelho de Castro, Gelson Oliveira são outros expoentes.
No pop e no rock, Engenheiros do Havaí e Nenhum de Nós são ícones que ultrapassam gerações. Ao lado deles, nomes como Cachorro Grande, TNT, Cascavelletes, Ultramen, Armandinho, os Replicantes, Bixo da Seda, Bidê ou Balde também são destaques, entre tantos outros.
No cinema, Jorge Furtado, Ana Luísa Azevedo, Giba Assis Brasil, Oto Guerra, Carlos Gerbase, Sérgio Silva são cineastas de destaque. Atores e atrizes de ponta? Teríamos muitos: Walmor Chagas, Glória Menezes, José Lewgoy, Sheron Menezes, Carmem Silva e Werner Schunemann são apenas alguns.
Já na literatura, Érico Verissimo com o seu épico regional O Tempo e o Vento é unanimidade. Seu filho, Luis Fernando Verissmo também é nome de destaque, assim como Moacyr Scliar, Dionélio Machado, Simões Lopes Neto e o eterno poeta Mario Quintana.
Erico Verissimo, em foto originalmente publicada no Correio da Manhã em 1971 | ARQUIVO NACIONAL/REPRODUÇÃO/JC
Erico Verissimo, em foto originalmente publicada no Correio da Manhã em 1971 ARQUIVO NACIONAL/REPRODUÇÃO/JC
Esportes
A República Rio-Grandense não poderia ser considerada uma potência mundial no futebol atual. Ainda que tivesse uma equipe competitiva, até no continente, o selecionado gaúcho teria dificuldades para obter uma vaga à Copa do Mundo. Com boa parte das joias formadas em suas categorias de base “importadas” de outros estados, o RS se mantém como um formador de talentos, mas a maioria deles garimpados em outras regiões do Brasil.
Confira como seria uma possível seleção rio-grandense de futebol em 2025:
Alisson (goleiro)
William (lateral-direito)
Léo Ortiz (zagueiro)
Ibañez (zagueiro
Alex Telles (lateral-esquerdo)
Rodrigo Dourado (volante)
Ramiro (volante)
Roger Guedes (meia-atacante)
Tetê (meia-atacante)
Raphinha (meia-atacante)
Everaldo (centroavante)
Se o exercício fosse ampliado para montar uma seleção gaúcha de todos os tempos, a dificuldade não seria achar jogadores, e sim escolhê-los, tamanha a quantidade de craques que por aqui nasceram.
Tafarell, Eurico Lara, Mauro Galvão, Aírton Pavilhão, Everaldo, Branco, Paulo Cesar Carpegiani, Batista, Dunga, Gessy, Alcindo Martha de Freitas, Ronaldinho Gaúcho, Tesourinha, Carlitos, Renato Portaluppi são apenas alguns dos nomes que poderiam ter representado as cores do RS.
Já quando se fala em outros esportes, o RS brilha com nomes de peso como João Derly e Mayra Aguiar (ambos campeões mundiais de Judô), Daiane dos Santos (campeã mundial de ginástica artística), os medalhistas olímpicos no vôlei Paulão, Janelson, Gustavo Endres, Murilo Endres e André Heller.
Daiane dos Santos é uma das estrelas do esporte gaúcho | KAZUHIRO NOGI /AFP PHOTO/JC
Daiane dos Santos é uma das estrelas do esporte gaúcho KAZUHIRO NOGI /AFP PHOTO/JC
A surfista Tatiana Weston-Webb, nascida em Porto Alegre, e medalhista de prata nas Olimpíadas de Paris também entra no rol dos maiores atletas nascidos no Rio Grande do Sul.

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