Considerada modelo de evolução e sucesso no Rio Grande do Sul, a Cotrijal Cooperativa Agropecuária e Industrial, de Não Me-Toque, no norte gaúcho, vem mostrando, com seus resultados, que foco, profissionalismo e administração equilibrada fazem toda a diferença. A empresa foi uma das homenageadas, na quinta-feira (25), com o prêmio Destaques do Ano do Jornal do Comércio, na categoria Agronegócio.

Não por acaso, a iniciativa de 11 agricultores da Associação Rural de Não-Me-Toque, em 14 de setembro de 1957, abriu caminho para a construção de uma estrutura gigantesca que congrega, atualmente, mais de 16 mil associados em 53 municípios do norte gaúcho. O resultado, em diferentes segmentos, como recebimento e armazenamento de grãos, produção de ração animal e atuação no comércio, com lojas e supermercados, entre outras atividades, chegou a R$ 5,8 bilhões no ano passado.

Atuando em uma área de 1,3 milhão de hectares, a empresa concentra suas atividades na produção de soja, milho, trigo, cevada e canola, além de ração para a cadeia suinícola e leite, cujo beneficiamento é terceirizado. Mas não será fácil chegar aos R$ 8,8 bilhões de receita em 2025, conforme o pretende a empresa. Especialmente por conta dos desafios no cenário do agronegócio no Estado, que vem sendo fortemente castigado pela estiagem nos últimos quatro anos, diz o presidente Nei César Mânica, um case à parte dentro da própria história da Cotrijal.

Desde 1972 na cooperativa, quando ingressou como contínuo, ele assumiu o comando em 1995, poucos anos depois do início da reestruturação da empresa, com a adoção de uma gestão profissional, compartimentação e criação de unidades de negócios. E, tendo implementado um processo de expansão verticalizada, inclusive com a aquisição de empresas, permanece à frente da cooperativa desde então. Há 28 anos.

“O ano de 2023 será de cautela. Enfrentamos, aqui no RS, três períodos de estiagem em quatro anos. Isso comprometeu demais a capacidade financeira dos associados. E agora ainda atravessamos um momento de queda na cotação das commodities agrícolas, produzidas com custos elevados. Com a redução na receita pela venda de produtos, imaginamos que o faturamento neste ano será em torno dos R$ 5 bilhões. É uma equação que merece atenção para ser solucionada”, observa o dirigente.

Mânica explica que esse passivo precisa ser sanado, por meio de medidas dos governos federal e estadual, como crédito a juros baixos e cinco anos de carência, para que o produtor possa pagar tanto a cooperativa quanto o agente financiador e ainda seguir trabalhando. Enquanto isso, a cooperativa vai se ajustando as peculiaridades do ano em curso. Atenção às despesas e enxugamento em áreas já mapeadas, como no uso de veículos, energia e máquinas, por exemplo. No fim da lista está o quadro funcional, considerado primordial. “Seguramos os investimentos, mas procuramos olhar para momentos de crise com viés de oportunidade para novos negócios e receitas”, destaca o presidente.

Nesse contexto, ainda no início de 2022, em um movimento arrojado, a Cotrijal faz a incorporação da Coagrisol Cooperativa Agroindustrial, de Soledade. E agrega seus 600 funcionários e 8 mil associados, além, claro, de seus ativo e passivo.

A Cotrijal projeta voltar a crescer, e a construção de sua usina de etanol, que ainda não saiu do papel, deve ser um dos vetores para a retomada, no momento adequado. “Somos uma cooperativa com tamanho e importância no cenário do agronegócio brasileiro e internacional. Está aí a Expodireto, criada no ano 2000, um divisor de águas e hoje é um dos maiores eventos agrodinâmicos do setor, focada em inovação, tecnologia e negócios, atraindo participantes de todo o mundo e tendo faturado mais de R$ 7 bilhões neste ano”, orgulha-se Nei Mânica. O evento também virou ambiente político e palco para reivindicações e diálogo com os governos estadual e federal.

Consciente de que o peso da família nas decisões é cada vez maior, a Cotrijal também tem destinado atenção às mulheres, aos jovens e às crianças. O objetivo é agir de forma integrada para que os resultados, tanto para a propriedade como a instituição, sejam os melhores possíveis. E, para que o produtor tenha compreensão da sua atividade e possa tomar decisões seguras e rentáveis para o seu negócio, a cooperativa investe maciçamente em educação e informação.

A cooperativa mantém programas de rádio diários, uma revista trimestral, website, redes sociais, podcast e realiza, durante o ano, cursos, palestras, seminários, encontros e viagens de intercâmbio envolvendo questões técnicas, econômicas, ambientais e motivacionais. Isso porque o compromisso é disponibilizar informações, tecnologias e serviços que possam melhorar o resultado das propriedades e garantir segurança e renda ao associado.

- 16,1 mil associados
- 2,7 mil colaboradores
- 1,3 milhão de hectares é a área de atuação
- 53 municípios abrangidos
- 79 unidades de recebimento de grãos
- 1,1 milhão de toneladas de grãos é a capacidade de armazenamento
- 16 supermercados
- 34 lojas
- 1 atacado
- 1 unidade de beneficiamento de sementes
- 2 fábricas de ração, para suínos e bovinos
- Atua como Transportador-Revendedor-Retalhista (TRR), que vende ração e diesel para os produtores associados