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Publicada em 20 de Agosto de 2025 às 15:01

Com aporte de R$ 400 milhões, Gravataí terá instituto com modelo inédito para formação em tecnologia

Campus projetado do ITEC deve estar pronto em 2026

Campus projetado do ITEC deve estar pronto em 2026

ITEC/Divulgação
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Até o final de 2026, Gravataí terá um inédito polo de formação de novos talentos em tecnologia, seguindo um modelo inédito no País – e com a ambição de atrair talentos de todo o Brasil –, semelhante às universidades norte-americanas, com imersão e residência dos estudantes no campus.
Até o final de 2026, Gravataí terá um inédito polo de formação de novos talentos em tecnologia, seguindo um modelo inédito no País – e com a ambição de atrair talentos de todo o Brasil –, semelhante às universidades norte-americanas, com imersão e residência dos estudantes no campus.
Com investimento previsto de R$ 400 milhões nos primeiros dez anos, idealizado pelo empreendedor da tecnologia Cristiano Franco, em conjunto com os empresários Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto – pioneiros da internet no Brasil –, a Fundação Behring e a Telles Foundation, o Instituto de Tecnologia e Computação (ITEC) foi lançado nesta semana.
Em março de 2027, é esperado que a primeira turma ingresse no campus, com 60 estudantes, todos custeados com bolsas de estudo integrais. A partir daí, serão 120 estudantes ingressando por ano, com obrigação de moradia no campus para cumprir o modelo proposto pelo novo instituto.
“O projeto começou a ser gestado há três anos, visitamos diversos college e desenvolvemos o campus e o modelo de ensino como um diferencial para o ecossistema da formação em tecnologia. Uniremos a imersão na vida acadêmica e o senso de comunidade entre eles. Estaremos em Gravataí, mas queremos impactar em todo o País. Vamos em busca de, principalmente, democratizar o acesso à ciência e à formação de novos talentos com excelência em computação, independentemente da origem desse estudante”, explica o idealizador do projeto, Cristiano Franco.
A estrutura já começou a ser erguida em uma área de 200 mil metros quadrados no Prado Bairro Cidade, em uma área doada pelos empresários Carlos Johannpeter, Fernando Estima e a família Pavei. A doação, inclusive, era parte fundamental do projeto, que é inteiramente filantrópico e sem fins lucrativos.
De acordo com Franco, o fato de ter o projeto, agora, concreto, será o diferencial para a sua sustentabilidade, com a atração de novos parceiros e doadores. Em Gravataí, por exemplo, o ITEC terá na sua vizinhança gigantes da indústria tecnológica como a GM, Prometeon ou Digicon, que demandam cada vez mais os profissionais que o instituto pretende formar. Após o aporte inicial de R$ 400 milhões, garantido pelo grupo de fundadores do ITEC, conforme Franco, a ideia é que o ITEC seja autossustentável.
“Dentro deste valor inicial, está incluído desde a parte construtiva até as bolsas de estudo e os recursos para a manutenção dos jovens na residência, que será para todos. São investimentos que, ao longo dos anos, retornam sob a forma de um fundo. Na primeira turma, todos os alunos terão bolsa 100%, mas o percentual da bolsa sempre levará em consideração a condição desse aluno. Também abriremos vagas para pagantes. Nossa ideia é que 70% do orçamento esteja garantido para as bolsas de estudo”, detalha Cristiano Franco.
Conforme Marcelo Lacerda, que é outro dos fundadores do instituto, o projeto terá o papel de formar uma nova geração de cientistas da computação, com preparo técnico avançado e visão criativa, para que o Brasil deixe de ser apenas consumidor e seja também criador de tecnologia. E completa: “Daremos todas as condições para os jovens que têm alto potencial e vontade de aprender se desenvolvam”.
O modelo de ensino do ITEC foi inspirado por instituições de referência no ensino da área nos Estados Unidos, como Caltech, Carnegie Mellon University, Harvey Mudd College, Olin College of Engineering e Berea College – que, juntos, aliam excelência acadêmica, vivência comunitária e impacto social e deram origem a grandes centros de ciência e tecnologia. 
“Esse é um projeto que eu vinha imaginando há muito tempo, como uma forma de retribuir as oportunidades que transformaram a minha vida, sob a forma de conhecimento. Fui bolsista e estudei no Exterior, fiz carreira em computação, como executivo e como empreendedor. Ainda como empreendedor, garantimos suporte a jovens talentos como bolsistas em universidades, formando um ciclo virtuoso. Agora, com o ITEC, vai ser possível dar escala para essa mobilidade social que a tecnologia garante”, comenta o idealizador do ITEC.
Cristiano Franco é gaúcho e fundador da Poatek, vendida a um grupo norte-americano em 2021.

A “chegada” do projeto a Gravataí foi em meio à inundação

Uma ligação do governador Eduardo Leite ao prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, abriu o caminho para que o ITEC fosse instalado na cidade da Região Metropolitana e o Rio Grande do Sul não perdesse o aporte de R$ 400 milhões que se desenhava. Foi durante a inundação de 2024, quando o bairro Anchieta, em Porto Alegre, onde o projeto seria inicialmente executado, ficou sob risco, já que a área estava debaixo d’água. Pois Gravataí, que foi como uma ilha logística na região durante a cheia, tinha a solução.
“A partir desse momento, nos mobilizamos nos bastidores para viabilizar o projeto, com a desburocratização de processos e garantia de celeridade nos licenciamentos. Paralelamente, o empresário Carlos Johannpeter, sócio do Prado, contribuiu decisivamente ao doar a área onde o ITEC vai ser construído”, conta o prefeito.
O projeto acabou dialogando com duas prioridades de Gravataí: atrair novos investimentos, assim como garantir qualificação na educação e na formação de novos profissionais. Recentemente, o município lançou a plataforma Invest Gravataí, e criou também uma secretaria municipal específica para a formação e qualificação.
“O projeto do ITEC começou a ser discutido bem antes dessas iniciativas do nosso governo, mas está plenamente alinhado com as nossas premissas para consolidar Gravataí como referência em inovação, inclusive com projeção nacional”, avalia Zaffalon.
O projeto arquitetônico do campus é assinado pela Gensler – responsável por universidades como Tsinghua (China) e Worcester Polytechnic Institute (EUA) – em parceria com a OSPA, escritório brasileiro de destaque, que adapta o conceito à realidade local.

Seleção de alunos levará em conta a trajetória de cada um

Neste momento, o ITEC avança no credenciamento junto ao MEC para a graduação em Ciência da Computação. O curso terá duração de quatro anos. O ingresso terá prova e análise da trajetória dos candidatos. Todos os alunos, independentemente da situação social, terão residência no campus. A ideia é garantir busca ativa de jovens em todo o Brasil.
“É claro que o talento matemático tem peso para a seleção dos estudantes, mas ele precisará ser criativo e proativo na busca de soluções. A seleção não vai ser só uma prova ou um teste de conhecimentos, mas eu costumo dizer que faremos um filme da jornada que esse jovem fez para chegar até ali, nas condições que ele tinha para fazer”, conta Cristiano Franco.
O currículo foi desenhado pela líder do programa de Computação da Carnegie Mellon University, no Catar, Giselle Reis, com orientação de um conselho acadêmico formado por nomes de referência internacional. É o caso da ex-presidente da Harvey Mudd College (EUA), Maria Klawe. Sob a liderança de Klawe, por exemplo, a Harvey College alcançou a paridade de gênero em cursos de Computação e elevou a diversidade no corpo estudantil e acadêmico. 
O conselho acadêmico do projeto conta ainda com Luis Lamb, especialista em inteligência artificial.
Segundo o ITEC, o programa foi desenvolvido para garantir aos seus alunos a capacidade de resolver problemas reais em ciência, tecnologia e sociedade por meio da computação.

Ficha Técnica

Investimento: R$ 400 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: ITEC
Cidade: Gravataí
Área: Varejo/Serviços


 

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