A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou nesta terça-feira (18), durante a sua reunião ordinária de diretoria, uma elevação de 19,53% de efeito médio nas tarifas da CEEE Equatorial a ser percebido por seus consumidores em geral. O impacto na conta de luz começará a vigorar no próximo sábado (22),
O Jornal do Comércio (JC) já havia antecipado essa tendência que era apontada na minuta do voto do processo do reajuste da distribuidora gaúcha que tinha como relator o diretor da agência, Gentil Nogueira de Sá Júnior. Com a decisão dessa terça-feira, a classe residencial (B1) na área da concessão da CEEE Equatorial terá um aumento de 21,76%. Já o reflexo médio nas tarifas dos clientes ligados em alta tensão (como as indústrias) será de 12,36%. Para os consumidores de baixa tensão, em geral, a elevação será de 21,82%.
O diretor da Siclo Consultoria em Energia Plinio Milano admite que o incremento foi elevado. Um dos motivos para esse cenário, aponta o consultor, foram repasses nas contas de custos com encargos do setor elétrico e com benefícios como o Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE – que prevê descontos e isenções para a baixa renda) e da geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia, usualmente por painéis solares).
Milano comenta que o fato dos custos chamados de não gerenciáveis (Parcela A) terem registrado um crescimento muito grande no segundo semestre é um dos motivos que explicam a diferença do efeito médio do reajuste da CEEE Equatorial e da outra grande distribuidora gaúcha, a RGE, que em junho teve um reajuste médio de 12,39%. A variação da Parcela A na composição da tarifa da CEEE Equatorial abrange encargos setoriais e custos com aquisição e transmissão de energia e contribuiu para o efeito médio do reajuste em 7,44%.
A perspectiva é que para 2026 também ocorram aumentos mais significativos nas contas de luz dos gaúchos. “Para o próximo ano, os reajustes (de contas de luz) devem ficar acima de qualquer índice de inflação”, projeta Milano. No caso da CEEE Equatorial, em 2026 e 2027 as tarifas ainda terão um ônus a mais. No ano passado, em função das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, foi realizado um diferimento (aplicação de um percentual mais baixo de reajuste em um momento para recuperar mais tarde os valores) de R$ 372,5 milhões (o que atenuou o efeito médio do aumento em 7,36%, conforme a Aneel).
Ainda de acordo com o órgão regulador, a concessionária entendeu que iniciar a recomposição do diferimento em 2025, ainda que parcialmente, imporia um ônus excessivo aos consumidores. Porém, a medida não significa que não haverá impactos nas contas de luz, eles apenas serão postergados, devendo ocorrer nos processos tarifários de 2026 e 2027 da distribuidora gaúcha.
A CEEE Equatorial fornece energia para 72 municípios do Rio Grande do Sul espalhados pelas regiões Metropolitana (inclusive Porto Alegre), Sul, Centro-Sul, Campanha, Litoral Norte e Sul. No ano passado, a concessionária teve um reajuste de efeito médio de 4,67%, sendo um incremento de 4,23% para os clientes residenciais. O consumo de energia elétrica em sua área de concessão representa um faturamento anual da ordem de R$ 5,3 bilhões para a distribuidora gaúcha.