O fim do ano se aproxima e, junto com ele, cresce a expectativa de milhões de empregados com carteira assinada e servidores pelo recebimento do 13º salário. Também conhecido como ‘gratificação natalina’, o benefício pode representar um alívio financeiro para os endividados e até mesmo uma oportunidade de investimento para aqueles que se encontram em situação econômica mais favorável. O pagamento por parte do empregador pode ser feito em até duas parcelas, neste ano, sendo a primeira delas até 28 de novembro, e a segunda até 19 de dezembro.
Para o consultor de investimentos e planejador financeiro da Severo Capital, Adriano Severo, a prioridade do beneficiário para aplicação do 13º salário deve ser a quitação de dívidas. "A principal preocupação deve ser pagar as dívidas que possam causar uma interrupção, como é o caso das contas de luz e água. Se essas dívidas não forem quitadas, haverá corte", explica.
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Depois, segundo ele, o caminho é priorizar as dívidas com os maiores juros, que, para muitos brasileiros, são referentes ao uso do cartão de crédito. Ele aconselha, então, que seja feito um levantamento das pendências com os maiores encargos, para evitar a corrosão do patrimônio e o aumento das dívidas.
Severo também alerta para que o beneficiário não se desorganize financeiramente com o valor extra da primeira parcela do 13º salário. “Quem receber um valor maior agora, por causa do benefício, deve lembrar que, em dezembro, só receberá a outra metade. Muitas pessoas podem acabar consumindo e esquecendo que depois pode faltar dinheiro lá na frente”, comenta.
Neste sentido, ele lembra que, em 2025, a data limite do pagamento da primeira parcela do benefício irá coincidir com a Black Friday, o que deve aumentar ainda mais a cautela quanto a gastos adicionais e ao consequente aumento do endividamento. “O trabalhador poderá estipular um valor para utilizar neste período e colocá-lo dentro de um orçamento, para evitar gastar demais de uma maneira que possa prejudicar suas finanças”, explica.
Na sequência na ordem de prioridade, Severo recomenda que o dinheiro extra recebido do 13º seja investido, como reserva de emergência ou a longo prazo. Na avaliação dele, o beneficiário deve aproveitar o momento de alta da taxa de juros Selic - que foi mantida em 15% na mais recente reunião do Comitê Político Monetário (Copom) do Banco Central, em 5 de novembro - para fazer investimentos que possibilitem uma rentabilidade alta.
Para o consultor de investimentos e planejador financeiro da Severo Capital, Adriano Severo, a prioridade do beneficiário para aplicação do 13º salário deve ser a quitação de dívidas
Adriano Severo/Arquivo Pessoal/JC
O patamar elevado da taxa básica de juros do País está garantindo um bom rendimento até mesmo para os investimentos de reserva de emergência, que, segundo Severo, não são feitos para ter rentabilidade, mas sim para que o dinheiro investido esteja protegido e possa ser acessado de forma rápida.
“É um cenário bem pontual e atípico. Qualquer valor investido agora será dobrado em aproximadamente cinco anos. Quem tem a possibilidade de guardar vai conseguir multiplicar o dinheiro investido”, comenta Severo.
De acordo com ele, quanto maior a taxa Selic, melhor é a oportunidade de rentabilidade do investidor. Mesmo que a taxa básica de juros entre em ritmo de queda a partir das próximas reuniões do Copom, Severo acredita que o trabalhador que receber o 13º salário ainda encontrará boas oportunidades de investimento.
O calendário de pagamento do 13º, em alguns casos, foi antecipado. No dia 3 de novembro, por exemplo, o governo do Rio Grande do Sul já antecipou o pagamento de 90% do benefício devido aos servidores vinculados ao Poder Executivo. O valor restante será quitado até 19 de dezembro.
Além disso, entre abril e junho deste ano, 34 milhões de aposentados, pensionistas e contemplados por auxílios repassados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receberam as duas parcelas do 13º salário de forma antecipada, em ação anunciada pelo Ministério da Previdência Social. O pagamento da primeira parte foi feito entre o final de abril e o início de maio, enquanto a segunda foi quitada entre o final de maio e o início de junho. O objetivo era permitir que os beneficiários pagassem suas contas, comprassem remédios, fizessem suas compras do mês e suprissem necessidades básicas com mais tranquilidade.
Como melhor utilizar o 13º
1º - Quitação de dívidas: a prioridade deve ser a quitação das dívidas que possam causar interrupção de serviços, como é o caso das de contas de luz e de água.
2º - Organização das finanças: o recebimento do 13º deve aumentar a cautela do beneficiário quanto a gastos adicionais, principalmente durante a Black Friday;
3º - Investir em reserva de emergência ou a longo prazo: aproveitar as oportunidades de rentabilidade alta proporcionadas pelo elevado nível da taxa Selic.
Fonte: Adriano Severo, planejador financeiro