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Publicada em 21 de Outubro de 2025 às 16:30

Vitrine de oportunidades do RS já atrai potenciais investimentos

Presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki destaca importância da agenda de inovação

Presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki destaca importância da agenda de inovação

INVEST RS/DIVULGAÇÃO/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
A vitrine aberta para investimentos no Rio Grande do Sul com o lançamento do Book de Investimentos e Oportunidades em Inovação, na segunda-feira 20 de outubro, durante o evento Criadores de Futuro, em São Paulo, já rende frutos. No final da manhã desta terça-feira, o presidente do Invest RS, Rafael Prikladnicki, que está à frente do Book, teve reunião com a diretoria da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, a Brasscom, na capital paulista. A Brasscom reúne pelo menos 80 empresas do setor.
A vitrine aberta para investimentos no Rio Grande do Sul com o lançamento do Book de Investimentos e Oportunidades em Inovação, na segunda-feira 20 de outubro, durante o evento Criadores de Futuro, em São Paulo, já rende frutos. No final da manhã desta terça-feira, o presidente do Invest RS, Rafael Prikladnicki, que está à frente do Book, teve reunião com a diretoria da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, a Brasscom, na capital paulista. A Brasscom reúne pelo menos 80 empresas do setor.
"Foi um encontro agendado a partir do que eles viram na apresentação do Book. Será uma reunião para explorar as oportunidades que o Rio Grande do Sul oferece em inovação. A vitrine proporcionada por essa iniciativa garante maior conhecimento sobre o que temos a oferecer no nosso Estado", disse Prikladnicki para a reportagem, antes da agenda.
O interesse da Brasscom não foi isolado. Ainda durante a apresentação, o representante do SoftBank, ao conhecer a iniciativa do Instituto de Tecnologia e Computação (Itec), a ser instalado em Gravataí, garantiu que apoiará a iniciativa, investindo na formação de novos talentos.
Ao todo, o Book de Investimentos apresenta mais de 50 oportunidades divididas entre chances para investidores, para empresas e empreendedores, para talentos e para impacto e desenvolvimento do ecossistema. Elas totalizam um potencial de R$ 7 bilhões em investimentos, dos quais, R$ 3,7 bilhões já são concretos e estruturados. Rafael Prikladnicki, ao menos neste ano, não estabelece uma meta de ampliação desses aportes concretos. Ele detalhou a iniciativa em entrevista ao Jornal do Comércio.
Jornal do Comércio - Quais foram os critérios para elencar essas mais de 50 oportunidades e como ordená-las no Book?
Rafael Prikladnicki - Seguimos uma lógica no Invest RS para atração ao Estado, de "visitar, investir e residir". Precisamos criar oportunidades para que um fator puxe o outro. O principal objetivo é buscar o investimento, mas mostrando o cenário todo, os ambientes estruturados que temos e os nossos valores e potenciais. Este foi um trabalho em parceria com a Secretaria da Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT) e a Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp). Priorizamos projetos já anunciados, oportunidades em 20 parques tecnológicos estabelecidos e com áreas disponíveis para novas iniciativas. O valor do nosso capital humano também foi uma preocupação deste trabalho, além da disponibilidade de recursos e editais pelos nossos bancos, que muitas vezes não são conhecidos fora do Rio Grande do Sul. 
JC - Em torno da metade dos R$ 7 bilhões potenciais apresentados no Book já são concretos. O Invest RS estabelece uma meta de concretização do restante deste valor, ou uma meta para multiplicar este potencial?
Prikladnicki - Neste nosso primeiro ano do Invest RS, não estabelecemos uma meta específica. Provavelmente, a partir de 2026 estabeleceremos metas mais concretas. Mas mesmo para os investimentos já anunciados, o trabalho prossegue, porque eles precisam ser executados, e neste aspecto, o Book também tem um papel importante. Hoje, no Invest RS, trabalhamos com uma carteira de R$ 20 bilhões em investimentos, muitos deles atraídos e garantidos antes da criação do Invest, mas que estamos acompanhando de perto. Desses, R$ 6 bilhões foram atraídos diretamente pelo Invest RS, já concretos ou em prospecção. 
JC - O Book apresenta grandes projetos já anunciados, como o da Scala Data Centers, da Aeromot ou da Tellescom. A ideia é ampliar o potencial de investimento dessas iniciativas ou atrair outras empresas para fortalecer ecossistemas?
Prikladnicki - Depende do projeto. A nossa ideia é atrair quem possa investir no Rio Grande do Sul. No caso do projeto da Scala em Eldorado do Sul, por exemplo, o Book é uma oportunidade tanto para potenciais fornecedores da infraestrutura que será montada, que entrarão em contato com a empresa, ou ainda para empresas que terão a segurança de investir no Estado pela presença de uma estrutura de data center deste porte, com suporte para IA. Mas há projetos anunciados e que podem, sim, atrair novos investidores. É o caso da Cemvita, que já anunciou o termo de engajamento para se instalar, mas estão abertos a investir.
JC - Durante muito tempo, ouvíamos que as startups gaúchas batiam em um teto de investimentos que as obrigava a sair do Estado para poder acelerar e receber maiores investimentos. O Book, ao listar uma série de fundos e possibilidades para investir em startups, é uma ferramenta para mudar essa perspectiva?
Prikladnicki - O Book cria uma visão mais ampla para as startups e para os programas de aceleração das startups gaúchas. Temos diversos programas de aceleração e bancos que podem ser potencializados e garantirem um efeito positivo para o fortalecimento das startups no Rio Grande do Sul, mas isso não significa fazer com que elas fiquem no Estado. Elas têm que estar potencializadas para atuarem em um mercado global, com uma visão global, independentemente de onde estiverem. O que queremos potencializar é a oportunidade para que elas surjam no Estado, e isso gera também atração a startups de fora migrarem para esse ambiente inovador.
JC - São 20 centros e polos tecnológicos elencados no Book. Que perfil terá o investidor interessado nesses espaços?
Prikladnicki - Tivemos o cuidado de mostrarmos as características e potenciais de cada um deles, mas principalmente, levarmos aos investidores a disponibilidade de áreas para instalação dentro dessas estruturas. Serão empresas que encontrarão um ambiente inovador diferenciado para se instalarem e operarem. Potencializar ambientes produtivos nos centros tecnológicos é uma prioridade nossa. Por exemplo, quando os representantes da Cemvita nos visitaram, percorremos a Região Metropolitana e o Norte do Estado, em Passo Fundo. E nesses lugares, nós levamos eles aos centros tecnológicos, orientando para que eles priorizem essas áreas para a futura instalação no Estado.
JC - Um dos eixos do Book é o investimento na formação de talentos. É oferecido, por exemplo, o programa estadual e público de bolsas de estudo para formação em inovação, ciência e tecnologia. O poder público poderá receber recursos privados, em uma espécie de parceria público-privada para programas de formação?
Prikladnicki - Estamos abertos a investimentos, e, neste caso, a Secretaria da Inovação, Ciência e Tecnologia teria que discutir um modelo, mas é muito possível, sim. Há modelos também como o do ITEC, em Gravataí, no qual investidores podem se tornar cotistas na formação de talentos, e já surgiram interessados. Mas o Book também tem um papel de atração de potenciais talentos, me refiro ao CPF mesmo. Quando essa pessoa vê que o Rio Grande do Sul está oferecendo bolsas e editais para formação, ela terá aqui uma atração real e estruturada.
JC - É uma forma de reter talentos em inovação?
Prikladnicki - A retenção de talentos depende de um melhor ambiente de negócios, atração de investimentos e a garantia de trabalho e formação qualificados. Temos atuado nessas frentes.
JC - Entre os setores mais destacados está o de semicondutores. Hoje o Rio Grande do Sul concentra metade das indústrias brasileiras do setor e tende a aumentar essa relevância, com a Telecom e a Chipus. Qual o potencial para estabelecer um cluster do setor?
Prikladnicki - No painel do Criadores de Futuro falávamos sobre a Malásia que, em uma única região, concentra 3 mil empresas do setor de semicondutores. O Sudeste Asiático se estabeleceu, e vemos que há uma expansão, e a América Latina tem grande potencial. O Rio Grande do Sul tem potencial para ser este eixo na América Latina, e temos vocação para isso. O Estado tem quatro décadas de formação e iniciativas em microeletrônica. Hoje, somos o único Estado com um programa estadual e com incentivos, inclusive, para a formação de talentos na área. Temos priorizado, nessa área de inovação, três pilares: infraestrutura, semicondutores e IA. O Book potencializa o reconhecimento que temos obtido no setor.
JC - O Book é uma iniciativa inédita entre os estados brasileiros?
Prikladnicki - Não tenho conhecimento de outro estado que tenha tido essa iniciativa, e até seria bom que outros tivessem, para que os investidores olhassem para o Brasil e, ao olharem para o Brasil, identificassem o Rio Grande do Sul. Todo o ecossistema se fortaleceria. Mas estamos avançando e a nossa ideia, este foi um primeiro modelo, que pode ser alterado. A ideia é ampliar o formato de Book para outros setores além da inovação. 

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