"Coragem, risco e decisão" foi o tema da palestra que abriu a tarde desta terça-feira, 30 de setembro, na 4ª edição da Semana Caldeira, evento que se estende até sexta-feira (3/10). O debate – que reuniu o piloto de stock car Átila Abreu, o CEO da Vulcabras Pedro Bartelle e o diretor-executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério — trouxe insights sobre como enfrentar pressão no esporte e nos negócios.
Durante a conversa os participantes compartilharam suas trajetórias pessoais no automobilismo, incluindo os desafios e as decisões cruciais que os levaram a seguir carreiras profissionais diferentes, mas que exigem a gestão de alto risco. A mentalidade de risco foi muito debatida, comparando a disciplina de um piloto, que precisa ser o mais rápido possível enquanto gerencia o perigo, com a tomada de risco necessária no mundo dos negócios e do empreendedorismo.
Após a palestra, Bartelle concedeu entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio. Durante a conversa, o CEO analisou o panorama da indústria calçadista brasileira, levando em consideração as taxações de Donald Trump, além do futuro da Vulcabras, como o investimento em novas tecnologias esportivas para competir globalmente.
Jornal do Comércio – Como que foi participar de um painel como esse na Semana Caldeira?
Bartelle – Muito legal. A Vulcabras começou sendo fundadora aqui do (Instituto) Caldeira, hoje eu sou vice-presidente do Conselho. Então, temos uma conexão muito grande e vemos o sucesso, a cada ano que passa, do Instituto, de conseguir crescer ainda mais. Estamos conseguindo reter no Rio Grande do Sul jovens talentos que antigamente iam embora. Então, estamos cumprindo nosso objetivo, estamos fazendo a nossa parte como empresa do Rio Grande do Sul, como cidadão aqui de Porto Alegre e vamos continuar sempre nessa tocada de continuar incentivando mais empresas e mais pessoas. A Vulcabras montou aqui no Caldeira um hub de inovação muito ligado a desenvolver produtos e principalmente estratégias de marketing. E já tem muitas pessoas que se criaram aqui dentro, que já estão trabalhando com a gente.
Bartelle – Muito legal. A Vulcabras começou sendo fundadora aqui do (Instituto) Caldeira, hoje eu sou vice-presidente do Conselho. Então, temos uma conexão muito grande e vemos o sucesso, a cada ano que passa, do Instituto, de conseguir crescer ainda mais. Estamos conseguindo reter no Rio Grande do Sul jovens talentos que antigamente iam embora. Então, estamos cumprindo nosso objetivo, estamos fazendo a nossa parte como empresa do Rio Grande do Sul, como cidadão aqui de Porto Alegre e vamos continuar sempre nessa tocada de continuar incentivando mais empresas e mais pessoas. A Vulcabras montou aqui no Caldeira um hub de inovação muito ligado a desenvolver produtos e principalmente estratégias de marketing. E já tem muitas pessoas que se criaram aqui dentro, que já estão trabalhando com a gente.
JC – Quais os principais aprendizados do automobilismo que você usa no dia a dia como CEO?
Bartelle – É o estudo, estudar muito todas as alternativas que você terá dentro de uma corrida. Usamos isso quando vamos nos preparar para uma negociação ou para fazer algum investimento. Isso pode demandar um pouco mais de tempo, mas se você estudar todas as alternativas, tomará sempre a melhor decisão, e o automobilismo trouxe isso. O automobilismo também é um esporte perigoso, onde é preciso lidar com riscos. Você consegue trazer para o negócio uma calma que é necessária em situações muito complicadas, em que às vezes as pessoas se desesperam e perdem a cabeça. Acho que isso o automobilismo traz para um executivo, uma força muito grande para ele ter calma ao tomar as decisões.
JC – Como você enxerga o panorama atual da indústria brasileira, principalmente a calçadista, levando em consideração a taxação imposta por Donald Trump nos EUA e os problemas geopolíticos causados por ela?
Bartelle - A indústria calçadista brasileira é altamente produtiva, mas só não é mais competitiva porque a produção asiática, que existe dentro da Ásia com custos muito menores, principalmente de mão de obra, representa mais de 50% do custo do calçado. Isso é, realmente, uma ameaça. Os governos e as associações precisam estar muito alinhados a essa questão, porque somos o quinto maior empregador da indústria de transformação no Brasil. Isso é muito importante, principalmente a indústria esportiva, que traz toda a tecnologia que permeia a cadeia. Se considerarmos, o Brasil é o único país que sobrou produzindo calçados fora da Ásia, que tem grande relevância. Temos tudo para fazer os melhores calçados e aplicar todas as tecnologias esportivas ou de calçados que existem no mundo. O problema é que não temos o custo asiático, mas o erro não está aqui. O erro está lá; lá é muito barato, e não podemos competir com esse custo.
JC - Como você avalia as ações do governo brasileiro para resolver esse conflito?
Bartelle - Através da Abicalçados, onde sou conselheiro, temos um bom canal com o governo. Viemos defendendo que o cenário seja realmente observado para trazer à indústria calçadista uma única coisa: igualdade de competição. Não estamos pedindo nenhuma vantagem. A gente só está pedindo que o governo olhe que esses produtos que entram no Brasil, e que muitas vezes são resultado de dumping porque são liquidados, que isso seja olhado e que seja de alguma maneira colocada alguma restrição.
JC - Há alguma novidade na Vulcabras?
Bartelle – A Vulcabras está muito bem, cresce há 20 trimestres consecutivos. O que eu tenho para falar é que estamos investindo muito para crescer ainda mais. As perspectivas são boas. Estamos em um ano de recorde, é o ano mais importante da empresa. O que tenho para dividir com vocês é que mais novidades virão em todas as tecnologias esportivas, inclusive para disputar pela tecnologia mais avançada que existe no mundo. Nós também vamos produzir no Brasil.
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