Os US$ 21,9 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões na cotação atual) faturados pela indústria gaúcha com exportação em 2024 indicam que o caminho da internacionalização das empresas é próspero para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul. O montante é, em valores nominais, o terceiro maior desde o início da série histórica, em 1997. O coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) do Sistema Fiergs, Aderbal Lima, defende essa linha na primeira edição do Inspire Export, evento promovido pela entidade nesta terça-feira (1º), em sua sede na Capital.
“Exportação não só é possível, como um passo estratégico e transformador para competitividade”, salienta Lima, que bate na tecla do fomento e da rivalidade sadia em cada setor. Ele destaca os importantes investimentos e avanços em indústrias renováveis e credita ao Estado um grande potencial e capacidade de expansão, “desde que continuemos somando competitividade e experiência”.
Segundo o coordenador, um dos fatores mais importantes é que “praticamente não exportamos commodities, e sim produtos com valor agregado”. Neste escopo, se encaixam influentes empresas de variados setores. O gerente de exportação Tramontina Multi, Nilvo Rauschkolb, exalta a importância da marca manter relações internacionais ativas. O melhor caminho está nas viagens às feiras e missões no exterior, explica.
Sobre a empresa, que está no mercado de exportações desde 1969, Rauschkolb conta que a inspiração internacional foi na indústria dos Estados Unidos. Lá, concluíram que ainda precisavam crescer e trouxeram produtos norte-americanos para nichos específicos. Um exemplo são as pás de neve, populares na América do Norte devido ao clima, mas aproveitadas em solo gaúcho pelo agronegócio.
No entanto, a consolidação fora do Brasil é, de acordo com os painelistas do evento, um processo que exige paciência. A agente de negócios da Vinícola Garibaldi, Mari Balsan, entende que a “exportação não é fácil, mas também não é difícil. É um trabalho árduo. Para começar a exportar, o principal ponto é que venha de cima. Se o dono não quer, não vai sair”.
A cooperativa está em 12 países em todos os continentes. Muito pela contribuição da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). O representante da empresa vinculada ao governo federal no evento, Gabriel Isaacsson, diz que estão à disposição do empresariado brasileiro e prezam pela presença global do País por meio da exportação. O fomento, inclusive, tem como um dos principais institutos internacionalizar negócios que ainda não se expandiram para fora. Sediada em Brasília, a agência possui um escritório em cada região — no Sul, está em Porto Alegre — e 18 unidades em território estrangeiro.
Indústrias menores, portanto, também se consolidam através do fomento e das estratégias de ocupação geográfica. É o caso da Poker Sports, que domina o mercado de luvas para goleiros de futebol e traçou como objetivo a liderança na Libertadores da América. Dominante no Brasil, a marca focou a expansão na América do Sul, em parceria com o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiergs, e no segundo ano dessa nova filosofia, conta com 5% do faturamento vindo da exportação, com a meta de chegar a 20%. Já a produção tem força na Ásia, com 50% do total.
A gerente de exportação da Cravo e Canela, adquirida em 2022 pela Gonçalves Calçados, Natália Schneider, comenta que é ”essencial para uma indústria que quer levar sua marca para fora contar com apoio de entidades”. Depois de uma perda de força no mercado internacional, a empresa, que antes terceirizava seu produto para outras marcas, adquiriu a companhia de calçados para "agregar valor e impulsionar a internacionalização", frisa Natália.