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Publicada em 05 de Maio de 2025 às 11:06

Bares no entorno da orla do Guaíba lamentam condições da região um ano após a enchente

Mesmo após um ano da tragédia, alguns empreendedores seguem sem condições de reabrir seus negócios

Mesmo após um ano da tragédia, alguns empreendedores seguem sem condições de reabrir seus negócios

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Jamil Aiquel
Jamil Aiquel
As enchentes de maio de 2024 trouxeram danos irreparáveis para a população gaúcha e para a economia local. Um dos grupos fortemente afetados pelas águas em Porto Alegre foram os permissionários dos bares no entorno da orla do Guaíba, que mesmo após um ano da tragédia, seguem sem condições de reabrir seus negócios.
As enchentes de maio de 2024 trouxeram danos irreparáveis para a população gaúcha e para a economia local. Um dos grupos fortemente afetados pelas águas em Porto Alegre foram os permissionários dos bares no entorno da orla do Guaíba, que mesmo após um ano da tragédia, seguem sem condições de reabrir seus negócios.
O público voltou a frequentar a região e os bares da parte superior do local já operam normalmente, porém, há quem siga sem condições de trabalhar. Esse é o caso de Jackson Aschidamini, proprietário do Bar do Espartano, empreendimento localizado no trecho 3 da Orla, que lamenta o prejuízo gerado por toda a situação.

“De imediato, tive um prejuízo de R$ 200 mil a R$ 300mil. Perdi todo o maquinário, produtos, um balcão novo que tinha instalado”, conta Aschidamini.

Um ponto em comum entre os empresários locais é a falta de clareza sobre quando as obras para a reconstrução da Orla acontecerão. É o que conta João Henrique Pimentel, permissionário de alguns estabelecimentos na região.

“Não chegou nada oficial para a gente dizendo quando as obras iriam começar, nunca teve data para início. Somente um prazo de 180 dias para término. Então não tem prazo para começar, mas tem data para terminar”.
• LEIA TAMBÉM: Contratações das obras de proteção iniciam em 2026, diz Eduardo Leite

Além disso, as alternativas apresentadas pela prefeitura para remediar a situação desagradam os permissionários das áreas mais afetadas.

“Nos ofereceram um contêiner, mas ele seria colocado em uma praça próxima ao local, que não tem muito movimento e, ainda por cima, teríamos que pagar por ele, então não valia a pena”, explica Aschidamini.

Outro preocupação levantada pelo empreendedor foi sobre o retorno ao espaço e como será o processo de retomada. "Quando as obras acontecerem, vão nos entregar um espaço vazio, como se comprasse um apartamento novo. Vou ter que gastar no maquinário, na pintura, nos balcões. Só nesse processo vou ter que investir mais R$ 200 a R$ 300 mil. Então, ao todo, perdi, no mínimo, R$ 500 mil", afirma.

E mesmo os empreendedores que não tiveram seus empreendimentos destruídos pelas águas seguem sofrendo prejuízos. Uma reclamação recorrente é a falta de reforma dos banheiros, que seguem sem operar. Assim, foram disponibilizados alguns banheiros químicos na parte inferior da Orla.

"O prejuízo é até hoje, né? Eu venho batendo nessa tecla pois o cliente que vem na na Orla, ao invés de consumir R$ 100, ele consome R$ 30 porque não tem banheiro", pondera Pimentel.

Sem retorno nem perspectiva de voltar às atividades, os empreendedores cobram resposta da prefeitura e lamentam a impossibilidade de agir por conta própria. É o que afirma Sônia Welter de Ávila, Presidente da Associação dos Ambulantes da Orla do Guaíba.

“Queremos resposta da prefeitura. Quando será que vamos conseguir trabalhar ali com segurança? Com banheiro, pelo menos? Se a prefeitura liberasse para a gente arrumar, iriamos arrumar, mas nem isso é permitido”, afirma.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (SMAMUS), que, por meio de uma nota oficial, afirmou que a prefeitura está tomando as medidas cabíveis para resolver a situação o mais rápido possível.
Leia a nota na íntegra: 
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre informa que o trecho 3 da Orla do Guaíba, um dos locais mais atingidos pela enchente, está em obras desde outubro de 2024.

Os bares e banheiros do Trecho 3 estão sendo totalmente reconstruídos. As paredes internas receberam blocos de concreto mais resistentes aos impactos da água em comparação com a alvenaria convencional.

As obras, necessárias para recuperação e fortalecimento do trecho, estarão concluídas no início do segundo semestre. Enquanto isso, os donos dos bares tiveram a opção de trabalhar em contêineres na parte superior da avenida.

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