Um dia após o Senado ter aprovado o projeto de lei sobre Inteligência Artificial no Brasil, o Instituto Caldeira, de Porto Alegre, fez um evento ao longo de todo dia para discutir o assunto, o AI Day. Especialistas concordam que é importante levar o tema à esfera política, mas fazem alertas.
“Muita parte do que está na regulação é pautada no medo, não na experiência. Isso pode ser restritivo, pois talvez o medo que eu tenha não se concretize no comportamento das pessoas”, opinou o futurista Carlos Alberto Piazza, que abriu a agenda do evento. “Quando projeto pelo medo, não estou projetando pelo eixo da moral do que é aceito pela sociedade”, acrescentou Piazza, que também é professor da Pós Tech, da Fiap.
Piazza falou que a regulação está na roda de discussões no mundo inteiro. O grande problema seria o fato de a IA não pressupor regras estáticas.
“Ela tem que ser continuamente atualizada, pois todo dia tem algo novo. Se a regulação não capturar isso, vamos perdê-la em questão de meses”, prevê.
A secretária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade do governo do Estado, Lisiane Lemos, assistiu trechos da atividade. Ela contou que esteve na Web Summit neste ano e que percebeu o continente europeu avançando sobre a regulação.
“Acho importante sobre a ótica legislativa e executiva a gente discutir o tema, regrar e proporcionar às pessoas o conhecimento técnico”, disse. “Devemos colocar no mapa político a discussão da tecnologia pois impacta toda população”, argumentou. O texto foi aprovado em votação simbólica no Senado, apenas com o registro das oposições, e agora segue para a Câmara, onde deve enfrentar resistência.
Secretária do governo do Estado, Lisiane Lemos, participou do AI Day
Mauro Belo Schneider/Especial/JC
O AI Day representa a retomada do Instituto Caldeira, que foi severamente afetado pela enchente. Além das palestras, startups puderam apresentar pitches, recuperando a vocação empreendedora do local no Quarto Distrito da capital gaúcha.