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Publicada em 26 de Setembro de 2024 às 18:14

Porto do Rio Grande prevê recuperação de parte do calado para novembro

Medida deve passar de 12,8 metros para 14 metros

Medida deve passar de 12,8 metros para 14 metros

WENDERSON ARAUJO/DIVULGA??O/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
No auge do assoreamento do Porto do Rio Grande, ocorrido pós-enchentes, o complexo logístico chegou a ter seu calado reduzido dos usuais 15 metros para 11 metros. Hoje, esse patamar está em 12,8 metros e, conforme o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, após a dragagem emergencial que está sendo feita atualmente, essa medida deverá atingir algo próximo aos 14 metros até o início de novembro.
No auge do assoreamento do Porto do Rio Grande, ocorrido pós-enchentes, o complexo logístico chegou a ter seu calado reduzido dos usuais 15 metros para 11 metros. Hoje, esse patamar está em 12,8 metros e, conforme o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, após a dragagem emergencial que está sendo feita atualmente, essa medida deverá atingir algo próximo aos 14 metros até o início de novembro.
O dirigente informa que o patamar original de 15 metros deverá ser alcançado novamente somente em 2025. Ele espera contar com recursos do governo federal para atingir essa meta, mas caso não seja possível, Klinger adianta que estão sendo analisadas opções para obter recursos para que a própria Portos RS faça esse trabalho. A atual dragagem emergencial do porto gaúcho possui aportes da empresa pública vinculada ao governo estadual na ordem de cerca de R$ 100 milhões.
Em média, cada metro a mais de calado permite que uma embarcação transporte cerca de 15 mil toneladas a mais em cargas. Ou seja, a limitação de calado implica deficiências logísticas. “Em vez de ter um navio que possa carregar a pleno, vai precisar de duas embarcações para fazer a movimentação e isso acaba impactando no custo do frete e do produto final”, detalha Klinger.
O diretor-presidente do Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, Paulo Bertinetti, enfatiza que é fundamental o porto gaúcho ter outra vez 15 metros de calado, para poder se tornar um concentrador de cargas no Mercosul. Outro ponto importante para que as cargas sejam atraídas para o Rio Grande do Sul, segundo ele, é a questão dos impostos. “Precisamos trabalhar a isonomia tributária com os outros estados”, sustenta.
Bertinetti e Klinger estiveram nesta quinta-feira (26), em Porto Alegre, participando do 2º Congresso de Infraestrutura da Federasul. Na ocasião, o diretor-presidente do Tecon, que também é presidente da Câmara de Comércio da Cidade de Rio Grande, defendeu a criação de uma Agência de Desenvolvimento do município, que tenha participação de entidades empresariais e públicas.
De acordo com Bertinetti, é preciso desenvolver uma ferramenta local que promova os atrativos do município em diversas áreas da economia, como seu distrito industrial, complexo portuário, turismo, universidade, entre outros. O dirigente ressalta que Rio Grande é uma cidade histórica e precisa aproveitar essa tradição.
Outro participante do encontro promovido pela Federasul foi o vice-prefeito da capital gaúcha, Ricardo Gomes. Ele ressaltou que o País está carente de obras de infraestrutura. Gomes criticou ainda a demora da realização de obras no Rio Grande do Sul como a própria conclusão da expansão da ponte sobre o Rio do Sinos (que teve trânsito liberado nesta quinta-feira), a finalização pendente da segunda ponte do Guaíba e a retomada da operação do aeroporto Salgado Filho. O vice-prefeito reitera que é essencial acelerar e incentivar as obras desse setor. "É preciso estabelecer um ambiente favorável ao investimento em infraestrutura ", conclui Gomes.

Presidente da Federasul defende novas concessões de rodovias e ferrovias que dão acesso ao porto

Costa manifesta preocupação quanto à competitividade do Estado

Costa manifesta preocupação quanto à competitividade do Estado

TÂNIA MEINERZ/JC
Apesar de apoiar a participação da iniciativa privada no setor de infraestrutura, o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, frisa que as concessões do Polo Rodoviário de Pelotas e da malha ferroviária da Região Sul do País têm prejudicado a competitividade do Rio Grande do Sul. Ele é contrário às propostas de prorrogação dos contratos das concessionárias responsáveis por esses ativos (respectivamente a Ecosul e a Rumo Logística) e assinala que é necessário aperfeiçoar o processo de licitação desses complexos, nem que a gestão desses ativos retorne, por um curto espaço de tempo, ao poder público.
O dirigente enfatiza que para chegar até o porto rio-grandino por estradas, se passa por uma das praças de pedágio mais caras do Brasil, o que eleva o custo logístico do Rio Grande do Sul. Por exemplo, se um caminhão de três eixos for de Camaquã a Rio Grande, percorrendo cerca de 190 quilômetros, o veículo passará por três pedágios e pagará R$ 58,70 em cada praça, ou seja, R$ 176,10 na soma. No total, o Polo Rodoviário de Pelotas possui 457,3 quilômetros de extensão e é composto pelas rodovias BR 116 – entre Camaquã, Pelotas e Jaguarão, com 260,5 quilômetros – e BR 392 – trecho de 196, 8 quilômetros, que corta as cidades de Rio Grande, Pelotas e Santana da Boa Vista.
Através de nota, a Ecosul afirma que a maioria dos usuários tem uma opinião positiva sobre a empresa. “A concessão alcança uma aprovação de 86%. E, no que diz respeito à avaliação dos serviços prestados, o resultado final é ainda melhor: 90,5% dos entrevistados estão satisfeitos com o trabalho executado nas rodovias da região”, aponta o comunicado. O fim da concessão da Ecosul está previsto para março de 2026.
Já sobre a concessão da malha ferroviária da Rumo Logística, que acaba em fevereiro de 2027, o presidente da Federasul considerou como “indecorosa” a proposta da empresa em fazer a prorrogação por 50 anos da sua concessão, em troca do aumento de investimentos, especialmente para recuperar os ramais atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo Costa, entre 2011 a 2021, o Rio Grande do Sul passou de 14 milhões de toneladas transportadas ao ano pelas ferrovias para 3 milhões de toneladas anuais.
“Com trens que andam a uma velocidade média de 21 quilômetros por hora, isso é uma vergonha”, afirma o dirigente. Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio e indagada sobre os questionamentos feitos pelo presidente da Federasul a sua concessão, a Rumo declarou em nota que “dada a complexidade e abrangência da situação, a empresa segue em diálogo com o governo federal (poder concedente) e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário”.
Enquanto se aguarda uma definição sobre o futuro da concessão, os impactos na ferrovia, causados pelas enchentes, têm prejudicado a operação de empresas no Estado, entre as quais a Braskem. O coordenador de Logística da companhia, Roger Lazzarotti, revela que o trecho ferroviário entre os municípios de Roca Sales e Vacaria sofreu danos impedindo que o etanol usado pela empresa para a fabricação do chamado plástico verde chegasse por esse modal ao Polo Petroquímico de Triunfo. Devido a essa situação, ele comenta que foi preciso buscar rotas alternativas, por rodovia e hidrovia, o que causou o aumento do custo de fabricação da resina renovável, prejudicando a competitividade do produto.
No modal hidroviário, o dirigente detalha que a dragagem do canal Furadinho na região Metropolitana, demandada pela Braskem, está em andamento e deverá ser finalizada em outubro. No entanto, os navios que saem do terminal Santa Clara, que fica situado em Triunfo, levando produtos da Braskem já estão conseguindo passar pelo canal.

Terminal da CMPC em Pelotas dobrará movimentação de madeira

Diretor de Assuntos Públicos da empresa, Augusto Robert, destaca que hidrovia será usada para abastecer nova planta

Diretor de Assuntos Públicos da empresa, Augusto Robert, destaca que hidrovia será usada para abastecer nova planta

TÂNIA MEINERZ/JC
A nova fábrica que a CMPC instalará em Barra do Ribeiro, que terá uma capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano a partir de 2029, implicará também o incremento da operação do terminal hidroviário que a empresa possui em Pelotas. Atualmente, o complexo escoa cerca de 1,6 milhão de toneladas de toras de madeira anualmente para alimentar a fábrica da companhia em Guaíba e, conforme o diretor de Assuntos Públicos da CMPC, Augusto Robert, esse número saltará para 3,2 milhões de toneladas com o início da operação da nova planta.
Ele lembra que hoje cerca de 20% das toras de madeira que alimentam a fábrica de Guaíba chegam pela hidrovia, oriundas do porto de Pelotas e o mesmo escopo deve ser seguido pela unidade em Barra do Ribeiro. Robert salienta que o modal rodoviário também é importante para a companhia, já que a fábrica guaibense recebe cerca de 400 caminhões com madeira diariamente e um volume similar deverá ser registrado na unidade barrense.
Nesse sentido, o integrante da CMPC comenta que uma questão estratégica para que o novo empreendimento seja bem-sucedido é que seja concluída a duplicação da BR-290. O vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antonio Carlos Bacchieri Duarte, também defende a duplicação da rodovia, o que contribuiria ainda, conforme ele, para melhorar a integração logística com o Mercosul. O dirigente projeta que o investimento da CMPC servirá como um incentivo para que o governo federal acelere as obras nessa estrada.

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