As chuvas intensas e enchentes no Rio Grande do Sul ocorridas em maio continuam acarretando impactos econômicos e de infraestrutura para o Estado. O lote 2 do leilão de transmissão marcado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para 27 de setembro, que previa uma série de complexos no Estado orçados em R$ 412 milhões, foi retirado do certame sob a alegação que parte das obras estariam dentro das manchas (áreas) de inundação e em regiões com perigo de deslizamento.
O conjunto de obras contemplaria 67 novos quilômetros de linhas de energia no Rio Grande do Sul e previa a criação de cerca de 1 mil empregos. Seriam abrangidos pelas linhas os municípios de Nova Petrópolis, Presidente Lucena, Feliz, Linha Nova, Caxias do Sul, Lindolfo Collor, Ivoti, São José do Hortêncio, São Sebastião do Caí, Portão, Vale Real, Dois Irmãos, Estância Velha, Novo Hamburgo e São Leopoldo.
A presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal, afirma que a entidade foi contrária à retirada dos projetos do leilão e solicitou mais informações sobre o assunto para o Ministério de Minas e Energia. A dirigente revela que a pasta sinalizou que as obras que seriam disputadas agora serão remanejadas para um lote ainda maior, que implicará um aporte de aproximadamente de R$ 900 milhões. Esse leilão deverá ser realizado no primeiro trimestre de 2025. Além das iniciativas contempladas no lote antigo, os novos empreendimentos deverão incluir regiões nas proximidades de Erechim.
Outra manifestação do Ministério, comenta Daniela, é que em 2026 deverá haver outro certame, desta vez envolvendo obras de transmissão em locais como a Fronteira Oeste e a Campanha. Nesta segunda-feira (12), a presidente do Sindienergia-RS apresentou o programa "Todas as Energias", em evento realizado no auditório da associação.
O objetivo dessa ação é contribuir para a retomada e revitalização do Rio Grande do Sul por meio da inovação e de investimentos em todas as fontes de energias renováveis. “Estamos atuando na reconstrução do Estado que tenha como base a promoção da segurança social, associada à preservação ambiental e que promova a transição energética”, afirma a dirigente.
Daniela recorda que, já com outorgas na Aneel, há projetos gaúchos que somam cerca de 2 mil MW de capacidade de produção de energia (o que corresponde a praticamente toda a potência de geração eólica hoje no Estado). Se esses empreendimentos saírem do papel, a dirigente comenta que representariam investimentos na ordem de R$ 14 bilhões e a criação de cerca de 9 mil postos de trabalho.
Dentro da ideia do programa e envolvendo tratativas com o governo federal, Daniela detalha que uma das pautas é conseguir instituir mecanismos no Rio Grande do Sul que lhe possibilite uma competitividade similar à que o fundo constitucional e o banco do Nordeste permitem para aquela região do País. No caso do governo estadual, a meta é fazer um levantamento para verificar os projetos de energia com viabilidade econômica e de conexão com a rede elétrica, checar o estágio do licenciamento ambiental dessas estruturas, entre outras informações.
O secretário adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Marcelo Camardelli, reitera que, após as enchentes, é preciso pensar na recuperação do Estado. “E reconstruir sob uma ótica do baixo carbono e obviamente as energias renováveis terão um papel importante nisso”, aponta o dirigente. Camardelli salienta que o foco é manter as empresas que estão no Estado, além de trazer novos investimentos, como no campo do hidrogênio verde.
Já o diretor-presidente da Associação Gaúcha de Fomento às PCHs (AGPCH), Paulo Sérgio da Silva, frisa que as PCHs também podem contribuir para a retomada econômica do Estado. “Temos um potencial de crescimento e uma capilaridade muito grande entre os municípios”, comenta o dirigente. Silva salienta ainda que as PCHs podem auxiliar na questão da segurança hídrica, em casos de enchentes (controlando vazões) e no caso de secas, com a reserva de água.
Obras que seriam completadas no Estado pelo Lote 2:
- LT 230 kV Ivoti 2 - São Sebastião do Caí 2, com 19,26 km
- LT 230 kV Caxias - São Sebastião do Caí 2 C1, com 44 km
- SE 230/138 kV São Sebastião do Caí 2 - 2 x 150 MVA
- SE 230/138 kV Ivoti 2 - 2 x 150 MVA
- Trechos de LT 230 kV entre a SE Ivoti 2 e a LT 230 kV Caxias - Campo Bom C1, com 1,2 km
- Trechos de LT 230 kV entre a SE Ivoti 2 e a LT 230 kV Caxias - Campo Bom C2, com 1,2 km
*SE – Subestação de Energia
** LT – Linha de Transmissão
- LT 230 kV Caxias - São Sebastião do Caí 2 C1, com 44 km
- SE 230/138 kV São Sebastião do Caí 2 - 2 x 150 MVA
- SE 230/138 kV Ivoti 2 - 2 x 150 MVA
- Trechos de LT 230 kV entre a SE Ivoti 2 e a LT 230 kV Caxias - Campo Bom C1, com 1,2 km
- Trechos de LT 230 kV entre a SE Ivoti 2 e a LT 230 kV Caxias - Campo Bom C2, com 1,2 km
*SE – Subestação de Energia
** LT – Linha de Transmissão
Fonte: Aneel