"A Inteligência Artificial precisa de educação e não de demonização. Para a maioria das pessoas a Inteligência Artificial parece uma criatura, um bicho. Mas não, a Inteligência Artificial é um conjunto de ferramentas novas que tem esses comportamentos que as vezes assustam a gente pela rapidez e pela capacidade de gerar informação". A análise é do CIO da StartSe, Cristiano Kruel, que nesta terça-feira (19) participou do Menu POA da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) no Palácio do Comércio onde foi discutido o tema "Inteligência Artificial: Distração ou Disrupção". A mediação do evento foi da jornalista Patrícia Knebel, repórter e colunista do Jornal do Comércio.
Segundo Kruel, a maioria das pessoas que ouviu falar pela primeira vez em Inteligência Artificial acaba por demonizar o tema. "Se a minha empresa, a StartSe, escrever dois artigos: um em que a IA fez mal para alguém e outro artigo que fez bem para uma pessoa. O artigo que fez mal para alguém é recorde de cliques de audiência. Existe um viés cognitivo de que Inteligência Artificial existe para fazer o mal", destaca.
Conforme o CIO da StartSe, a Inteligência Artificial é um conjunto de ferramentas muito incríveis que deveriam ser usadas muito mais no plural (Inteligências Artificiais) e no gerúndio: estou aprendendo, implantando, descobrindo ou projetando. "Na nossa empresa, nós decidimos que seria uma abordagem muito mais responsável como negócio e decidimos não demonizar a Inteligência Artificial", acrescenta.
De acordo com Kruel, muitas pessoas afirmam que já usaram a Inteligência Artificial ou que já implantaram a IA na empresa. "Ficamos surpresos com essas declarações porque existem tantas coisas que se pode fazer relacionada a Inteligência Artificial", ressalta. O chefe de Inovação da StartSe disse que em razão de pessoas má intencionadas utilizarem a tecnologia para o mal afasta quem tem interesse de aprender. "As pessoas de bem estão sendo afastadas da curiosidade e da vontade de aprender. E as pessoas do mal estão se divertindo com isso", lamenta.
Para Kruel, é necessário provocar as pessoas de bem para que tenham muito mais vontade de entender a Inteligência Artificial. "A sociedade precisa ter o espírito de aprendiz e reconhecer que nenhum antepassado nosso viveu exatamente o que nós estamos vivendo. Com a IA, estamos tendo acesso a informação. Tudo que é diferente assusta", acrescenta. O CIO da StartSe destaca que a sociedade tende a pensar que a IA é uma criatura ou ser. "Eu vivo muito tecnologia e percebo que as pessoas têm muita pressa para julgar e muita pouca paciência para aprender", comenta.

Painel na ACPA teve mediação da colunista do JC Patrícia Knebel (Foto: Tânia Meinerz/JC)
Segundo Kruel, a demonização da Inteligência Artificial é um risco a sociedade, as famílias, as empresas, as regiões, aos países e a civilização como um todo. "Temos que apreender muito mais e desafiar as pessoas mais inteligentes que nós a também quererem aprender mais, porém sem olhares preconceituosos para a gente entender como dar bom uso a essa tecnologia", destaca.
No futuro, o CIO da StartSe afirma que haverá uma regulação das inteligências artificiais. "Todos concordam que é preciso dar usos éticos e regular. Temos a sensação de que a qualquer momento vai aparecer uma entidade suprema ou uma lei que vai nos proteger", ressalta. Conforme Kruel, as famílias estão sendo desafiadas para voltar a utilizar o senso crítico. "O que a gente vê não é necessariamente um fato ou uma verdade. É preciso ter senso crítico com relação aos jornais, a TV e com a fofoca", acrescenta.
Para Kruel, haverá uma regulação da Inteligência Artificial que vai resultar em proteção da sociedade e de liberar o desenvolvimento econômico. "A Inteligência Artificial é uma alavanca do desenvolvimento econômico que aponta inclusive para conflitos geopolíticos", explica. A StartSe é uma empresa brasileira com oito anos de existência com sede em São Paulo. Também há escritórios em Palo Alto, na Califórnia, no Vale do Silício, e em Shangai, na China. Também há postos avançados em Israel, Lisboa e Miami. Em função do agronegócio, são feitas operações na Alemanha e nas cidades de Iowa e de Nebraska, nos Estados Unidos.