Porto Alegre,

Anuncie no JC
Jornal do Comércio. O jornal da economia e negócios do RS. 90 anos.

Publicada em 23 de Novembro de 2023 às 17:01

Reforma tributária precisa ajustar repartição de recursos, defende Mansueto

Mansueto Almeida (d) questionou intenção de Eduardo Leite de renegociar Regime de Recuperação Fiscal

Mansueto Almeida (d) questionou intenção de Eduardo Leite de renegociar Regime de Recuperação Fiscal

JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Compartilhe:
Lívia Araújo
Em meio às tentativas de diversos estados, inclusive o Rio Grande do Sul, de aumentar a alíquota do ICMS, o ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta quinta-feira (23) que parte do problema pode ser sanado com uma mudança no intervalo de arrecadação fiscal que guiará a repartição de recursos para as Unidades da Federação.
Em meio às tentativas de diversos estados, inclusive o Rio Grande do Sul, de aumentar a alíquota do ICMS, o ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta quinta-feira (23) que parte do problema pode ser sanado com uma mudança no intervalo de arrecadação fiscal que guiará a repartição de recursos para as Unidades da Federação.
“É só voltar a colocar o ponto de partida lá atrás, baseando a repartição na arrecadação obtida no fim de 2018 ou 2019. É algo simples de corrigir”, afirmou Mansueto, atualmente economista-chefe do BTG Pactual, que palestrou no Seminário Econômico Família Previdência, em Porto Alegre.
Apesar de pontuar que a medida pode contribuir para diminuir a disputa dos estados em relação ao Fundo de Desenvolvimento Regional, cuja definição de valores pode levar em conta a arrecadação das unidades federativas nos próximos quatro anos, Mansueto pontua outros motivos para o aumento de tributos. “Como houve redução de ICMS sobre combustíveis, por exemplo, alguns estados tentam recuperar essas perdas”, disse.
O governador Eduardo Leite (PSDB) enviou à Assembleia Legislativa, na semana passada, um projeto de lei para a Assembleia Legislativa, que eleva a alíquota modal do imposto de 17% para 19,5%, alegando justamente a perda de arrecadação e o “contexto regulatório” que vem levando outros governos estaduais a aumentar o tributo.
Para Mansueto, no entanto, a medida essencial para evitar a elevação de tributos é o aumento de despesas. “É por isso que a gente insistiu tanto, lá atrás, com o teto de gastos. Se isso não for controlado, a gente vai ter a tentativa de aumentar a carga tributária tanto no governo federal, quanto nos estados”, alertou.
Em entrevista coletiva, o ex-secretário também comentou sobre a intenção do governo Leite de renegociar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ao qual o Rio Grande do Sul aderiu no ano passado, também alegando perda arrecadatória com a diminuição do ICMS. Segundo Mansueto, “o desenho do RRF foi uma operação para atender à demanda dos governadores que queriam um prazo maior para pagamento, e sem exigência da privatização para aderir ao plano”. “Foi feita toda uma simulação, a equipe do tesouro analisou essas simulações, e quando o governo do Estado assinou com o governo federal, praticamente concordou com as regras. O que mudou tanto em um ano ou dois?”, questiona.
O ex-secretário do Tesouro pontuou, ainda, que “os estados vem há dois, três anos, recuperando a arrecadação. Hoje é necessária uma negociação diferente porque a gente não está mais no cenário de crise fiscal que herdamos em 2016”.

Notícias relacionadas