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Finanças

- Publicada em 08 de Março de 2023 às 16:00

Eduardo Leite diz que renegociação do Regime de Recuperação Fiscal é inevitável

Governador gaúcho avalia que novo acordo do RRF poderia trazer compensações das perdas do ICMS

Governador gaúcho avalia que novo acordo do RRF poderia trazer compensações das perdas do ICMS


LUIZA PRADO/JC
Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é inevitável renegociar o acordo que firmou o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) entre Estado e União. O Palácio Piratini espera um encaminhamento ainda em 2023. De acordo com chefe do Executivo gaúcho, as perdas na arrecadação do ICMS a partir de 2022 em função de medidas federais impõem às finanças do Estado uma situação diferente da que foi acordada no regime.“A decisão sobre a alíquota do ICMS e a mudança forçada de arrecadação muda completamente os resultados contratualizados no plano. Inevitavelmente, a União terá que abrir espaço para a repactuação do RRF. Ela mesmo deu causa (para a repactuação), por uma frustração de receitas que impacta no equilíbrio do plano”, afirmou o governador, em entrevista coletiva que precedeu o Tá Na Mesa, tradicional evento realizado pela Federasul, que teve Leite como palestrante nesta quarta-feira (8).Além da dívida com a União, o governo gaúcho ainda participa de outras negociações com o governo federal que podem gerar, no total, cerca de R$ 19,5 bilhões para o Rio Grande do Sul em um ciclo de quatro anos. O primeiro item já citado é a mudança no RRF em função das perdas com ICMS.
Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é inevitável renegociar o acordo que firmou o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) entre Estado e União. O Palácio Piratini espera um encaminhamento ainda em 2023. De acordo com chefe do Executivo gaúcho, as perdas na arrecadação do ICMS a partir de 2022 em função de medidas federais impõem às finanças do Estado uma situação diferente da que foi acordada no regime.

“A decisão sobre a alíquota do ICMS e a mudança forçada de arrecadação muda completamente os resultados contratualizados no plano. Inevitavelmente, a União terá que abrir espaço para a repactuação do RRF. Ela mesmo deu causa (para a repactuação), por uma frustração de receitas que impacta no equilíbrio do plano”, afirmou o governador, em entrevista coletiva que precedeu o Tá Na Mesa, tradicional evento realizado pela Federasul, que teve Leite como palestrante nesta quarta-feira (8).

Além da dívida com a União, o governo gaúcho ainda participa de outras negociações com o governo federal que podem gerar, no total, cerca de R$ 19,5 bilhões para o Rio Grande do Sul em um ciclo de quatro anos. O primeiro item já citado é a mudança no RRF em função das perdas com ICMS.
Além disso, há a discussão de uma reforma no ICMS da gasolina, que deixaria de ser considerada essencial para fins de tributação, o que permitira a aplicação de uma alíquota do imposto diferenciada. O terceiro ponto é a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre as Tarifas de Uso dos Sistemas Elétricos de Transmissão e de Distribuição (TUSD e TUST).

As compensações das perdas de arrecadação pelo ICMS foram a pauta número 1 do Rio Grande do Sul com o novo governo federal. A Lei Complementar 194/2022 estimava que o Estado teria cerca de R$ 5,5 bilhões em compensações a receber da União. Através de uma renegociação do RRF, o Estado poderia reaver parte desse valor através de diminuição do estoque da dívida.

“Acho difícil que se acorde em torno de R$ 5 bilhões. A maior chance é de algo em torno R$ 3 bilhões, R$ 3,5 bilhões de compensação. Com este acordo que se desenha, o Estado vai deixar novamente de pagar a dívida durante um período, diminuindo do estoque as parcelas”, ressaltou Leite.

Na sexta-feira passada (3), o plenário do STF manteve a decisão do ministro Luiz Fux que recolocou a incidência do ICMS nos encargos de TUST e TUSD. O Estado é um dos principais interessados na definição desse assunto.
De acordo com Leite, o retorno do ICMS na base de cálculo da TUST e da TUSD representará uma recuperação de arrecadação para o Estado na ordem de R$ 2,5 bilhões ao ano – ou R$ 10 bilhões nos quatro anos deste governo. Por outro lado, significa também uma majoração das contas de luz, em cerca de 9% para os gaúchos.

O governador ainda destacou a não essencialidade da gasolina no ICMS, que permitiria cobrança de alíquotas diferenciadas, o que poderia gerar cerca de R$ 1,5 bilhão por ano aos cofres do Tesouro Estadual – ou R$ 6 bilhões em um ciclo de quatro anos.

“São coisas pendentes que afetam o nosso planejamento e o RRF. Precisa ser resolvido para que possamos, com a resolução sobre o que é arrecadação do Estado e o que é o estoque da dívida, repactuar. É inevitável ter algum tipo de renegociação, por conta dessas alterações ocorridas especialmente no ano passado”, reforçou Leite.

Negociações podem gerar cerca de R$ 19,5 bilhões ao RS em quatro anos

  • R$ 10 bilhões em quatro anos – Incidência do ICMS nos encargos TUST e TUSD, cerca de R$ 2,5 bilhões por ano.
  • R$ 6 bilhões em quatro anos – Não essencialidade da gasolina, permitindo cobranças diferenciadas, o que geraria uma alta de arrecadação de R$ 1,5 bilhão por ano.
  • R$ 3,5 bilhões – Compensações do ICMS através de repactuação do Regime de Recuperação Fiscal, com o Estado deixando de pagar parcelas da dívida e, ao mesmo, reduzindo estoque da dívida com a União.

Leite avalia manter Cláudio Coutinho na presidência do Banrisul

Questionado sobre o processo de sucessão na presidência do Banrisul, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse que avalia manter Cláudio Coutinho à frente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul.

“É um grande quadro, deu enorme colaboração e, sem dúvida nenhuma, é uma possibilidade que considero a sua permanência. Estou analisando uma decisão sobre o Banrisul”, disse o tucano.
Perguntado se o processo está em discussão, o governador respondeu com uma brincadeira: “Uma discussão minha comigo mesmo”. O Estado é o maior acionista do banco. Após, riu e disse que respeita todos os acionistas, mas reforçou que a decisão é do governador.

“Estou considerando frente aos desafios que vejo para o banco nesse novo ciclo. Considero a permanência do Cláudio Coutinho por se tratar de um quadro qualificado e responsável. Avançamos em muitas frentes na governança do banco. O banco tem uma estruturação melhor, no nosso olhar”, reforçou.

Mesmo elencando aspectos que considera positivos no banco, Leite voltou a ventilar a possibilidade de privatização do Banrisul - algo que afirma não pautar apenas por compromissos políticos firmados na eleição de 2022.
“O debate sobre a privatização do banco não deveria ser um tabu, mas assumi um compromisso. Política é concessão, gestos de parte a parte. Para defendermos uma agenda que consideramos importante, assumimos o compromisso de não encaminhar a privatização do banco”, afirmou.

A decisão sobre a sucessão do Banrisul deve ser tomada por Leite ainda em março.
 
* Atualização no dia 9/3: O título desta matéria foi alterado, pois a renegociação é do Regime de Recuperação Fiscal, e não apenas do valor da dívida, como a chamada anterior dava a entender. A dívida com a União é um dos temas que estará em debate dentro da renegociação do RRF.
O texto desta matéria está mantido na íntegra, tal qual publicado no dia 8/3.