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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 09 de Maio de 2025 às 13:38

Lojas Renner lucra 59% mais no 1° trimestre e espera mais crescimento em 2025

Lojas Renner lucrou R$ 221 milhões, mostrando eficiência em gestão operacional e vendas

Lojas Renner lucrou R$ 221 milhões, mostrando eficiência em gestão operacional e vendas

PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
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Sem o mau humor do mercado pós-balanço do último trimestre de 2024, a maior varejista de moda do Brasil entregou nova sequência de números expressivos que validam a escalada de crescimento que pode vir ainda melhor até o fim de 2025, projetou o CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio, à coluna Minuto Varejo.
Sem o mau humor do mercado pós-balanço do último trimestre de 2024, a maior varejista de moda do Brasil entregou nova sequência de números expressivos que validam a escalada de crescimento que pode vir ainda melhor até o fim de 2025, projetou o CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio, à coluna Minuto Varejo.

VÍDEO: Colunista explica desempenho da Lojas Renner  

O lucro líquido do primeiro trimestre do ano teve alta de 58,7%, fechando em R$ 221 milhões, frente ao primeiro período do ano passado. A receita líquida subiu 12%, na comparação anual, ficando em R$ 2,75 bilhões, e do vestuário, em R$ 2,4 bilhões (alta de 13,5%). No desempenho das bandeiras, a ala jovem da Youcom confirmou a liderança, com vendas 28% maiores. A veterana Renner, maior fatia da receita (R$ 2,5 bilhões), avançou 12%. Os resultados puxaram as cotações das ações. 
Na lista de indicadores, o EBITDA ajustado ficou em R$ 585,2 milhões, alta de 54,9% ante o do primeiro trimestre de 2024 (R$ 377,9 milhões). A companhia tem caixa de R$ 1,6 bilhão e líquido de R$ 1,2 bilhão. As vendas nas mesmas lojas, parâmetro crucial no varejo, avançaram 10,8%, acima dos 7,2% do primeiro trimestre de 2024. A comercialização do digital (GMV) subiu 15%, somando R$ 583,8 milhões. 
O CEO destacou, com bastante vigor na conversa com a coluna, recordes como menores preços de coleções em 10 anos e mais eficiência em toda a operação ao avaliar os números da largada de 2025, que vieram acima do que o mercado esperava.
Nativa do fast fashion, moda que é renovada rapidamente no ponto, a companhia mostra eficiência, que se traduz nos números, desde gestão de estoques, preços, coleções e aceitação pelos clientes da rede com 686 lojas no País (Renner, Youcom, Camicado e Ashua). Aliás, Faccio fez questão de aliar os números com dois ciclos emblemáticos deste ano.
"A Renner completa 20 anos como primeira corporação brasileira e 60 anos de companhia", citou o executivo.

3 influências decisivas: estoques, coleções e preços

Companhia atribui resultados à maior eficiência em coleções e menos custo de estoques antigos  | TÂNIA MEINERZ/JC
Companhia atribui resultados à maior eficiência em coleções e menos custo de estoques antigos TÂNIA MEINERZ/JC
Os indicadores macro são reta final do que está na retaguarda da operação, além de expressar, claro, a recepção à adesão dos consumidores (vendas e recorrência). Faccio detalhou o quadro de três frentes: estoques (inventário de produtos), coleções assertivas e preços
A companhia fez investimentos e mudanças em centro de distribuição, maior impacto em digitalização, uso de inteligência artificial e fluxo de entregas e reposições. "Tivemos estabilização do CD, um modelo muito mais evoluído, que permite ter coleções mais rápidas. O que as clientes querem está mais rapidamente nas lojas, com um preço mais competitivo, com uma qualidade melhor e com uma jornada também muito melhor", resumiu Faccio.
Além disso, a previsão é que a disponibilidade de 100% do estoque no digital (compra) seja completada até o fim do ano. Agora está em 35%. "Isso aumenta a conversão (venda). A expectativa é que tenhamos impacto ainda maior na disponibilidade de produtos."
A tecnologia vem ajudando a companhia acertar tendências, produzir mais rápido e o que é realmente necessário, o que realmente a cliente quer. "Isso proporciona preço inicial até melhor. Quando você reduz a remarcação, você dá um preço melhor no que a cliente quer e evita desperdício", descreve o CEO, sobre um dos fatores que pesaram nas vendas:
"Foi o menor preço (coleções) nos últimos 10 anos, no mesmo período".
Duas situações: os preços foram mantidos em 2024 e "até com redução leve", diz Faccio, e este ano houve ajustes pequenos, devido ao custo maior carregado pela inflação mais aquecida.
O diretor financeiro e de relações com investidores (RI) da Renner, Daniel Martins dos Santos, ressaltou oi trunfo de um inventário no tamanho adequado, que reduz custos e melhora margens. "É um modelo mais preciso. O inventário acaba ficando mais novo. O estoque antigo que eventualmente não conseguiu vender (produziu em excesso ou o cliente não gostou) tem diminuído trimestre a trimestre", valoriza Santos.
Bandeira de moda jovem da varejista, Youcom cresce mais e deve ter mais expansão física  | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Bandeira de moda jovem da varejista, Youcom cresce mais e deve ter mais expansão física PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Na prática, o ganho vem de menos remarcação ou promoções de desconto para fazer girar mercadoria. A margem também melhora, mesmo que pouco, é um fator decisivo no conjunto. A da Lojas Renner teve alta de 0,6 ponto, passando de 54,5% para 55,1%.    
"O grande risco da moda é a gestão do estoque. Produzir, comprar e distribuir algo que está desencaixado com o que o cliente quer. Acaba tendo de fazer liquidação do estoque antigo", exemplifica o diretor de RI.

Mercado: mau ao bom humor

A divulgação do novo apagado de números ficou distante da turbulência gerada pelo balanço do quarto trimestre de 2024, que não colheu os frutos esperados na valorização dos papéis, que surfaram quedas sucessivas. Mesmo com evolução da receita e do negócio validada agora, o mercado cobrou um preço alto pela distribuição de resultados mais polpuda de ganhos entre diretores e quadro de funcionários, parte da política da companhia. A varejista passou fevereiro a abril construindo a recomposição do humor de analistas e investidores, que acelerou com os novos resultados.  
Faccio atribuiu a repercussão negativa do relatório anterior, mesmo com números vindo bem (na visão da companhia) a um problema de comunicação: "A gente teve muito ruído de informação. Conseguimos (depois) passar as informações corretas, mas teve muito boato", reprisou o CEO. 
"Dessa vez, é difícil passar informação incorreta. O lucro líquido cresceu 59%, o que já reflete positivamente também para os acionistas. O lucro líquido por ação foi de 65%", listou o executivo, citando que o programa de recompra de ações chegou a 62% da meta. A estratégia, lançada no começo do ano. 
"A gente diminui a base acionária e começa a remunerar cada vez melhor cada acionista. Além disso, temos crescimento do resultado (inclui EBITDA), o que reflete também no aumento do retorno sobre o capital empregado, o ROIC", acrescenta Faccio.
O ROIC é um indicador que expressa uma cesta de variáveis de custo de capital e que desafia companhias no Brasil, como seus juros elevados. A operação persegue um retorno que seja melhor do que as taxas do mercado financeiro. A Renner entrega 13,5%, avanço de 1,9 ponto no primeiro trimestre, mas ainda abaixo do que o mercado paga. Com a elevação da Selic, agora em 14,75% ao ano, a tarefa fica mais desafiadora, mas não impossível, na visão da corporação: 
"Temos bastante oportunidade para fazer números ainda melhores, com resultados crescentes cada vez melhores", sinaliza Faccio. Detalhe: a Renner não tem dívida, o que pesa no custo de captação

Rio Grande do Sul sem novas lojas, apenas reformas 

O Rio Grande do Sul, sede da companhia, não terá novas lojas em 2025. O plano da varejista é inaugurar 25 a 35 filiais, dentro do aporte de R$ 850 milhões. No Estado, serão reformadas as unidades dois shoppings da Multiplan (ParkShopping Canoas e BarraShoppingSul) e a megaloja na avenida Otávio Rocha, no Centro Histórico, que tinha previsão em 2024, mas foi adiada devido à enchente.  
A Youcom pode ter maior expansão, além da metade 10 a 15 lojas. "Muito provavelmente devemos elevar esse número. A Youcom tem oportunidade de dobrar o número de três a cinco anos", pontua o CEO. A Camicado, que se destacou na margem, com alta de 5,4 pontos associada ao peso da coleção própria (80%), pode ter mais expansão no futuro. Este ano serão uma ou duas novas.
Sobre a chegada da sueca H&M, que já reviu o plano e abrirá mais lojas no Brasil, e disputa com outros players como C&A e Riachuelo, Faccio avalia que o mercado "é bastante amplo, muito globalizado, sempre tem espaço para outros players, para bons concorrentes, desde que venham para o Brasil obedecendo as leis brasileiras".

Checklist Lojas Renner: 1° trimestre de 2025/1° tri 2024:

  • Lojas: Renner (449 com Ashua), Youcom (135) e Camicado (102)
  • Receita líquida do varejo: R$ 2,756 bilhões (+12%)
  • Receita líquida do vestuário: R$ 2,445 bilhões (+13,5%)
  • Vendas nas mesmas lojas: +10,8%
  • GMV (vendas do digital): R$ 583,8 milhões (+15%)
  • Margem bruta do varejo: 55,1% (+0,6)
  • Margem bruta do vestuário: 56,2%
  • Lucro líquido: R$ 221 milhões (+59%)
  • Lucro líquido por ação: +65%
  • ROIC: 13,3% (+1,9 ponto)
  • EBITDA total ajustado: R$ 585,2 milhões (+54,9%)
  • Caixa: R$ 1,6 bilhão e líquido de R$ 1,2 bilhão 
  • Programa de recompra de ações: 62% executado (46,5 milhões ações)
Fonte: Lojas Renner

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