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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 23 de Fevereiro de 2025 às 18:04

Renner valoriza desempenho de 2024, mas mercado cobrou melhor resultado

Para puxar a valorização das ações, a varejista anunciou recompra de papéis no valor de R$ 1 bilhão

Para puxar a valorização das ações, a varejista anunciou recompra de papéis no valor de R$ 1 bilhão

PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
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O CEO da maior varejista de moda do Brasil, a Lojas Renner, Fabio Faccio, abriu a conversa com a coluna Minuto Varejo no dia seguinte à divulgação do balanço de 2024 da companhia, que ocorreu na noite de quinta-feira (20), avisando: "Entenderam errado algumas coisas". 
O CEO da maior varejista de moda do Brasil, a Lojas Renner, Fabio Faccio, abriu a conversa com a coluna Minuto Varejo no dia seguinte à divulgação do balanço de 2024 da companhia, que ocorreu na noite de quinta-feira (20), avisando: "Entenderam errado algumas coisas". 
A reação do executivo, que qualificou como "recorde histórico" a geração de caixa e exaltou o "crescimento saudável e sustentável", foi seguida por uma recepção negativa de analistas e investidores na bolsa B3, onde as ações da Renner caíram 14%, a maior do dia, na sexta-feira.
A penalização principal se deveu à queda de 7,5% no lucro líquido no quarto trimestre do ano passado, frente ao de 2023. O valor ficou em R$ 487,2 milhões, ante R$ 526,9 milhões do ciclo do ano anterior. No terceiro trimestre, a marca teve avanço no indicador.
O mercado estava esperando mais de R$ 600 milhões no trimestre, segundo alguns analistas, e não aceitou bem as justificativas pela entrega inferior, como maior distribuição de resultados. No ano, o lucro foi de R$ 1,19 bilhão, elevação de22,6%.
O diretor financeiro da companhia, Daniel Martins dos Santos, explicou que "lançamentos não recorrentes e baixa de ativos" afetaram os números e "a comparabilidade” em relação a outros resultados operacionais. O último trimestre teve receita líquida de R$ 4,174 bilhões, avanço anual de 9,7%.
O trimestre também foi marcado por crescimento de vendas em todas as unidades de negócio, com 8,9% de alta nas vendas mesmas lojas. A fatia da comercialização digital subiu a 13,7%, ante 12,8% do fechamento de 2023. 
Para buscar mais retorno e valorização dos papéis, a companhia anunciou ainda na quinta-feira, em fato relevante, um programa de recompra de até 75 milhões de ações (cerca de 7% de das ações em circulação ou de R$1 bilhão a preços atuais), para os próximos 18 meses.
"As ações estão em preço abaixo por questões externas (à companhia), o preço não reflete o resultado entregue e nem o que esperamos ter", opinou Faccio. "O melhor investimento é a compra, reduz a base de ações, que passam a valer mais e retorna valor ao acionista. No futuro, a ação deve se valorizar, mas claro que isso depende mais de questões de mercado", ponderou o CEO.
Inteligência Artificial ainda tem muito o que avançar, diz Faccio | PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Inteligência Artificial ainda tem muito o que avançar, diz Faccio PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
"Nunca tivemos tanto caixa", observou o CEO. Somente no quarto trimestre foram adicionados R$ 613 milhões ao caixa, que totalizou R$ 2,8 bilhões, sendo líquido de R$ 1,8 bilhão. "Não é normal", acrescentou Faccio, valorizando ainda a alta de receita bruta e vendas que é quase o dobro da média do segmento no País, baseada na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. "É muito consistente e nos dá segurança que não é ponto fora da curva", comenta ainda Faccio.
A companhia aponta mais caixa a melhorias de coleções, satisfação dos clientes e produtos, como estoque menor e mais giro. Conclusão e já rodando completo da nova operação logística, um dos grandes aportes no clico recente, também contribuíram nop balanço positivo anula, para a direção. O presidente citou ainda que foram quitadas todas as debêntures contratadas. "Temos confiança no modelo em execução e na evolução da jornada que ganha tração a cada mês", analisou. 
Com dinheiro em casa, o investimento em 2025 foi projetado em R$ 850 milhões. Parte vai ser injetada na expansão orgânica de lojas. Serão 15 a 20 novas filiais da bandeira Renner, 10 a 15 de Youcom e uma a duas da Camicado. "Vamos para cidades onde não tem Renner, com foco no Sul e Sudeste. Mapeamos 400 cidades, sendo que 34% delas tem potencial para abrigar uma loja", explica Santos. O valor da expansão não foi aberto. Já a Youcom, bandeira que entrega maior crescimento em vendas, devido ter mais operações sem shopping centers. Faccio não garantiu se vai ter mais operações no Rio Grande do Sul. Tecnologia e reforma de pontos também vão receber parte da cifra. 
Outros segmentos da companhia também foram destacados, como a participação da Realize e cartão nas vendas, que vinha em queda e voltou a recuperar terreno. A companhia atingiu 20 milhões de clientes cadastrados. Em 2024, a receita líquida do varejo somou R$ 12,7 bilhões, alta de 8,2% sobre os R$ 11,7 bilhões de 2023. Deste total, R$ 2,5 bilhões foram vendas digitais, 13,9% acima do ano anterior, que somou R$ 2,2 bilhões. O lucro líquido foi de R$ 1,19 bilhão, 22,6% acima dos R$ 976,3 milhões de 2023.
O CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio, reforçou o desempenho da companhia frente ao mercado e uma conjuntura adversa, como juros altos e outros indicadores que geram mais incertezas. A Renner pode servir de exemplo, sem olhar apenas para a entrega de rentabilidade para acionistas, de como a gestão de negócios do varejo precisa ser feita. O foco no operacional é a tônica para 2025. O executivo comentou que uma "gestão eficiente dos principais ativos - estoque e crédito - e muita consciência" na condução do negócio, são fundamentais no setor no Brasil.

Estoque pequeno e coleções novas com preços bons no foco da companhia

Gestão eficiente com estoque menor e novas coleções impactam vendas e resultados da marca | TÂNIA MEINERZ/JC
Gestão eficiente com estoque menor e novas coleções impactam vendas e resultados da marca TÂNIA MEINERZ/JC
Investimento em caixa robusto e renovação de estoque é o que atrai cliente, acrescenta ele. "Estoque em excesso é um perigo e pressiona o caixa. O excesso não traz clientes", previne o executivo. Uma das razões para resultados colhidos em 2024 é associada ao modelo de "menos estoque e estoque novo sempre com novidade chegando a lojas. Isso ajuda a ter melhora de clientes e ciclo financeiro melhor, além de renovação de coleções com bons preços", lista o CEO. Esse seria um dos motivos que a marca não entra no Liquida Porto Alegre, pois não teria coleção antiga para movimentar a campanha.
Além disso, estão em curso mudanças provocadas pela nova operação de Cabreúva na área logística que colocará à disposição dos clientes todas as coleções no canal digital. A transição para ofertar essa condição será concluída no segundo trimestre deste ano. "Ter mais estoque disponível vai ajudar na conversão e na velocidade de entrega a custo menor. Poucas varejistas conseguem fazer isso", valoriza o CEO. "O consumidor vai ter mais produtos nos tamanhos e variedade que busca", cita Faccio.

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