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Publicada em 11 de Março de 2024 às 15:04

Inovação ainda é desafio para os portos brasileiros

Da esquerda para a direita: Pomini, Klinger, Valença e Gabriela durante painel no 2º Interlog Summit na Intermodal

Da esquerda para a direita: Pomini, Klinger, Valença e Gabriela durante painel no 2º Interlog Summit na Intermodal

Luciane Medeiros/Especial/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
De São Paulo
De São Paulo
A inovação nos portos brasileiros foi um dos temas abordados no 2º Interlog Summit, realizado durante a 28ª Intermodal South America, feira do setor de logística que ocorreu entre os dias 5 e 7 de março em São Paulo. O painel mediado na quarta-feira pelo diretor de Transformação Digital da Wilson Sons, Eduardo Valença, teve a participação da secretária executiva adjunta do Ministério de Portos e Aeroportos, Gabriela Costa, do presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, e do presidente do Porto de Santos, Anderson Pomini, que debateram como enfrentar o déficit tecnológico dos portos nacionais.
A representante do governo federal ponderou que a inovação existente hoje no setor marítimo e portuário necessita de tempo para se concretizar, com medidas que possibilitem o uso das tecnologias. "O VTS (Vessel Traffic Services) começou no Reino Unido em 1948, e no Brasil em 2015. É preciso trazer a inovação como cultura portuária e para isso precisa de planejamento de médio e longo prazo nos portos brasileiros", avaliou Gabriela.
Para Pomini, o setor deve avançar na implementação das soluções de tecnologia e também na questão ambiental, sobretudo na descarbonização, tema considerado prioritário para a empresa pública. Segundo o dirigente, ao ficar discutindo se a melhor configuração para o Porto de Santos era a pública ou privada, o complexo teve um atraso na adoção da tecnologia na comparação com outros locais. Nesse sentido, Pomini celebrou o anúncio de investimentos na ordem de R$ 10 bilhões feito pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, na cerimônia de abertura da Intermodal.
Outro ponto considerado fundamental pelos painelistas para o setor portuário se desenvolver ainda mais é a qualificação da mão de obra. "A capacitação de profissionais é um dos pontos mais críticos. Está ligada ao planejamento do gestor", afirmou a secretária executiva.
Klinger concordou que a capacitação dos trabalhadores para lidar com as novas tecnologias é um grande desafio. "A maioria dos servidores da Portos RS tem 30 anos de casa ou mais. É preciso utilizar quem criou o equipamento para formar as equipes e tirar o melhor delas", aconselhou o presidente da empresa que administra os portos públicos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre.
Os painelistas apresentaram alguns exemplos de como a inovação pode ajudar o setor, entre eles o emprego de drones para fiscalizar as embarcações e combater o crime organizado na área dos portos, no agendamento de caminhões para descarregar e transportar as mercadorias e no georreferenciamento.
Valença contou da experiência desenvolvida no Cubo Maritime & Port, iniciativa do Cubo Itaú em parceria com a Wilson Sons, Porto do Açu e Hidrovias do Brasil, onde startups trabalham para desenvolver novas soluções que contribuam para o segmento. Uma das iniciativas resultou no ano passado na assinatura de contrato entre uma das incubadas, a startup israelense DockTech, e a Portos RS para planejar as dragagens e o comportamento do canal de navegação.
"A parceria com empresas, startups ou universidades é o grande segredo para atrair inovação para os portos", defendeu Gabriela. O convênio entre a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e a Portos RS para a criação de um hub portuário na cidade é outra mostra de como a academia pode contribuir na busca de melhorias para o ramo. Segundo Klinger, a ideia é contar com outras prefeituras da região, os portos públicos, privados e arrendados e os dois distritos industriais, "um pool de empresas que precisa trazer inovação".
Gabriela afirmou que não cabe ao governo federal impor que os complexos invistam nessas iniciativas, mas sim uma preocupação do gestor de deixar um legado para o País. "Inovação, sustentabilidade e questões ambientais estão extremamente ligadas. A inovação precisa acontecer nos nossos portos", pontuou.

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