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Publicada em 06 de Junho de 2025 às 19:36

Ilê Mulher é referência em assistência social

Embora o serviço tenha sido estendido para homens, a associação identificou a necessidade de criar locais como a Casa Lilás, onde mulheres com ou sem filhos pudessem receber proteção

Embora o serviço tenha sido estendido para homens, a associação identificou a necessidade de criar locais como a Casa Lilás, onde mulheres com ou sem filhos pudessem receber proteção

LUIZA PRADO/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana
No ano de 2000, o desfile do carnaval de Porto Alegre foi inaugurado pelo recém-criado bloco Ilê Mulher, composto por 500 mulheres de diferentes cores, profissões, idades e religiões. Quando o grupo estava sendo formado, as organizadoras observaram que algumas das participantes apresentavam determinadas necessidades. "Nós queríamos muito festejar, mas chegamos à conclusão de que não poderíamos parar por ali. E isso nos levou para o caminho da assistência social", explica a presidente do Ilê Mulher, Iara da Rosa. Assim, o bloco de carnaval se tornou uma associação.
No ano de 2000, o desfile do carnaval de Porto Alegre foi inaugurado pelo recém-criado bloco Ilê Mulher, composto por 500 mulheres de diferentes cores, profissões, idades e religiões. Quando o grupo estava sendo formado, as organizadoras observaram que algumas das participantes apresentavam determinadas necessidades. "Nós queríamos muito festejar, mas chegamos à conclusão de que não poderíamos parar por ali. E isso nos levou para o caminho da assistência social", explica a presidente do Ilê Mulher, Iara da Rosa. Assim, o bloco de carnaval se tornou uma associação.
Colaborador e atuante no Orçamento Participativo (OP) de Porto Alegre, o Ilê Mulher conseguiu, então, promover suas primeiras ações sociais, com foco inicial para as mulheres. O envolvimento no OP fez com que, em 2004, a associação decidisse estender o programa também para os homens. A partir daquele momento, qualquer pessoa adulta de baixa ou nenhuma renda poderia ser atendida pelo Ilê Mulher.
Ainda em 2004, para atender a população em situação de rua, a associação abriu a Casa de Convivência, que funcionou até 2014. "Dentro das condições estruturais que nós tínhamos, tenho certeza que fizemos um bom trabalho. Os projetos desenvolvidos no período possuem reconhecimento e se tornaram referência em todo o País", conta Iara. Segundo a presidente do Ilê Mulher, o trabalho realizado no espaço foi o embrião da política de assistência pública desenvolvida atualmente nos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP).
A presidente do Ilê Mulher explica que, com a chegada de algumas famílias até a Casa de Convivência, a associação identificou a necessidade de criar locais que pudessem receber e oferecer proteção para mulheres com ou sem filhos. "Levamos essa reivindicação para várias conferências das quais participamos, como a de Direitos Humanos, a da Assistência Social e a da Mulher, e tivemos apoio também do Orçamento Participativo", relata Iara.

Hoje, serviços são oferecidos a pessoas em situação de vulnerabilidade | Miguel Campana/Especial/JC
Hoje, serviços são oferecidos a pessoas em situação de vulnerabilidade Miguel Campana/Especial/JC
O projeto virou realidade em 2008, com a abertura da Casa Lilás. Atuando no novo espaço, o Ilê Mulher se tornou referência na luta contra a violência doméstica. Três anos mais tarde, por conta do sucesso do trabalho desenvolvido na casa abrigo de Porto Alegre, a associação criou a Casa Azul, em Canoas, com a parceria da prefeitura da cidade. A metodologia de assistência social utilizada é a mesma da Casa Lilás.
A atuação do Ilê Mulher se estendeu também para Arroio do Sal, onde até hoje são desenvolvidos projetos de geração de renda e de cultura para mulheres. Com uma sede na cidade litorânea, a associação oferece oficinas de artesanato e incentiva a participação de mulheres no debate político. Também foi montado um grupo de dança chamado Ilê Odara, que tem o objetivo de resgatar a cultura afro-brasileira.
Em contrapartida ao fechamento da Casa de Convivência, determinado pelo poder público, o Ilê Mulher conseguiu promover a abertura, no mesmo ano de 2014, do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), dentro do Sistema Único de Assistência Social (Suas). "O novo projeto era focado em atender a população em situação de rua, porque não abrimos mão de trabalhar com este público. Fomos o serviço pioneiro no País", explica Iara.
 

Tanto no SCFV quanto nos Centros POP, atendidos podem participar de diversas oficinas

Uma das oficinas oferecidas no SCFV é a de música

Uma das oficinas oferecidas no SCFV é a de música

Miguel Campana/Especial/JC
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP), todos localizados em Porto Alegre, atuam de forma semelhante. Inclusive, segundo Iara, a única diferença entre o SCFV Ilê Mulher e os Centros POP I e III é que nos últimos é possível tomar banho.
Como o próprio nome sugere, o SCFV possui o objetivo de fortalecer vínculos e possibilitar o convívio grupal, comunitário e social. Embora não apresente estrutura para banho, o espaço oferece uma série de outros serviços, incluindo alimentação, aulas de capoeira, além de sessões de filme nas sextas-feiras à tarde.
Também são oferecidas diversas oficinas, como música, rádio, artes, teatro, inclusão digital e cidadania. Localizado na Rua Santo Antônio, nº 64, no bairro Floresta, o local funciona de segunda à sexta, das 9h às 11h30 e das 13h às 17h, atendendo cerca de 90 pessoas por dia.
Ambos Centros POP funcionam em dois turnos: das 8h às 12h, e das 13h às 17h. O POP 1 possui instalações para atender 80 pessoas por dia, assim como o POP 3.
A presidente do Ilê Mulher, Iara da Rosa, faz questão de valorizar todos os colaboradores e parceiros durante os anos de atuação, prestígio que é demonstrado no lema da associação: "Nenhum sonho nasce sozinho. Cada pedaço da realização tem o suor, a dedicação e a harmonia de quem sonhou junto."
 

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