A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS) tem novo presidente: Leonardo Vogel Dorneles, proprietário dos restaurantes Companhia do Temaki e Tempero Oriental, comandará a entidade no triênio 2025/28.
Para o mandato na presidência do Conselho Administrativo da Abrasel-RS, Dorneles traçou como objetivos a recuperação do setor, que ainda enfrenta as consequências da enchente do ano passado, e a interiorização da entidade. "Queremos levar a Abrasel para todos os cantos do Estado, porque os restaurantes não associados estão perdendo os benefícios que a negociação coletiva proporciona", explica.
Como consequência do processo de interiorização da Abrasel-RS, Dorneles pretende aumentar o número de empresários do setor de Alimentação Fora do Lar associados à entidade. Segundo ele, a meta é sair dos atuais 800 para 1.150 até o final deste ano.
Dorneles trabalhou como bancário até 2012, quando abriu sua quarta operação. Àquela altura, já tinha comprado um restaurante de comida japonesa, outro chamado Temaki (que eventualmente se estabeleceu como Companhia do Temaki) e uma cafeteria. A nova loja adquirida foi o Oriental Express, que mudou para Tempero Oriental. Hoje em dia, ele administra os dois restaurantes, enquanto a esposa gerencia duas "dark kitchens", espaços onde funciona o serviço de tele-entrega.
Empresas & Negócios - Como foi a tua trajetória profissional até chegar na posição em que se encontra hoje?
Leonardo Dorneles - De 2000 a 2007, minha esposa e eu trabalhamos exclusivamente como bancários. Naquele ano, depois de algumas frustrações com as empresas onde trabalhávamos, nós decidimos procurar alternativas para que não dependêssemos da autorização de outras pessoas para aceitarmos promoções ou tirarmos férias, por exemplo. Como a minha esposa cresceu no meio da gastronomia, já que sua mãe tinha um restaurante no interior do Estado, ela sugeriu que montássemos uma operação do zero. Em março de 2008, compramos um restaurante que era uma franquia do Nanquim, de comida japonesa, no Strip Center.
O nosso plano era que eu, concursado e com salário maior, ficasse dentro do banco, enquanto a minha esposa deixaria seu emprego como bancária e tocaria o restaurante. No entanto, ela acabou não saindo do banco, porque uma amiga nossa queria voltar para o mercado de trabalho. Ela ficou de gerente, e eu visitava o restaurante à noite para ver como estavam as coisas.
O negócio deu tão certo que, em 2009, nós compramos uma cafeteria, e em 2010, outro restaurante, o Temaki. Até aquele momento, não tínhamos montado nada do zero. Só achamos operações que poderiam ser melhor gerenciadas, ou que talvez estivessem em um momento de dissolução ou de problemas financeiros. Nós conseguimos colocar o nosso modelo de negócio nos três restaurantes.
E&N - Como surgiram a Companhia do Temaki e o Tempero Oriental?
Dorneles - Quando eu parei de trabalhar como bancário, em 2012, com o nascimento do nosso filho, minha esposa e eu resolvemos comprar mais um restaurante. Adquirimos o antigo Oriental Express, no Shopping Total. O vendedor pediu para que nós mudássemos o nome, então a operação passou a se chamar Tempero Oriental.
Na mesma época, um casal de amigos meus e da minha esposa gostou tanto do restaurante Temaki, que já estava aberto há dois anos, que nos incentivaram a abrir uma operação em Novo Hamburgo. Como não conseguimos registrar a loja como Temaki, decidimos mudar o nome para Companhia do Temaki, já que a ideia era expandir e talvez até franquear o negócio. Depois, em 2013, nós construímos uma nova operação no Shopping Total.
A partir daquele momento, nós tínhamos três lojas da Companhia do Temaki e uma do Tempero Oriental. Chegamos a ter seis restaurantes ao mesmo tempo. Hoje em dia, eu tenho a Companhia do Temaki e o Tempero Oriental, e a minha esposa tem duas dark kitchens, que são espaços que funcionam para tele-entregas.
E&N - De que forma as suas experiências profissionais poderão contribuir para o período na presidência da associação?
Dorneles - Muito pelo tempo que trabalhei como bancário, tenho facilidade para fazer conexões e negociações coletivas. Fui professor de negociação dentro do banco, então consigo fazer uma negociação que seja benéfica para todo mundo.
Desde que me associei à Abrasel-RS, em 2012, sempre fui muito participativo nas reuniões com os associados. Na época da pandemia, por exemplo, ajudei muita gente na contratação das melhores linhas de crédito com os bancos. Minha esposa e eu conseguimos auxiliar outros associados na gestão dos restaurantes, e nós fizemos com prazer. Por isso, quando surgiu a oportunidade, escolhi ser candidato para poder ajudar outras operações.
E&N - Como foram escolhidos os membros da nova diretoria?
Dorneles - Procuramos, dentro do grupo de associados, empresários que tivessem um perfil de colaboração e de associativismo, além de representarem a diversidade do setor de Alimentação Fora do Lar no Estado. No momento de tomada de decisões, queremos pensar no todo, não só em um segmento específico. Alguns dos nomes escolhidos foram empresários que participaram junto comigo de diretorias passadas.
E&N - O senhor falou que é preciso levar a Abrasel a todos os cantos do Estado. Como isso será feito? Que medidas serão adotadas para promover a integração da rede/cadeia de empresários?
Dorneles - Um dos planos da Abrasel é a interiorização. Queremos ter pelo menos três associados em cada um dos municípios em que estivermos presentes. A ideia é fazer parceria com o Sebrae-RS e com as prefeituras para mostrar para os empresários locais o que é a Abrasel. Um restaurante não associado à Abrasel provavelmente está perdendo dinheiro. A nossa entidade tem convênio de cartão de crédito com vários bancos, com uma taxa muito menor do que o empresário não associado paga. Existem muitas negociações que conseguimos fazer por representarmos a Abrasel-RS e falarmos em nome de 800 CNPJs. Nós só precisamos de tempo para apresentar o que é a entidade, mas temos certeza que mais empresários vão se associar, porque as despesas e os custos vão reduzir.
Já fizemos eventos com influencers do setor de Alimentação Fora do Lar, que vieram a Porto Alegre para palestrar a empresários. Alguns donos de restaurantes se associaram à Abrasel-RS depois de participarem desses eventos, que forneceram conhecimento que pode facilitar o dia a dia de empreendimentos menores.
E&N - O que será feito para auxiliar os empresários que ainda seguem com dificuldades financeiras da enchente do ano passado?
Dorneles - O que a Abrasel-RS pode e já está fazendo é trazer conhecimento para essas pessoas sobre o que pode ser feito na recuperação de seus empreendimentos. Com a consultoria do Sebrae, já conseguimos arrecadar doações para alguns empresários gaúchos afetados pela enchente, como foi o caso de uma pizzaria de Canoas. Ajudamos o empreendedor a recuperar o estoque inicial e os seus equipamentos. Agora, ele já está operando em um novo lugar. Ele também participou da visita de algumas influencers do setor de Alimentação Fora do Lar, que deram dicas que os empreendedores podem usar para melhorar seus negócios.
E&N - Que legado pretendes deixar para a associação ao final do mandato, em 2028?
Dorneles - Financeiramente, a Abrasel-RS está saudável. Então, o que nós queremos é uma entidade que leve conhecimento aos associados, que possa trazer os maiores nomes da gastronomia e do food service para ajudar os empresários do Estado. Em termos de números, queremos aumentar a quantidade de associados, que atualmente está em 800. Até o final de 2025, a nossa meta é chegar a 1.150.