Vivemos em uma encruzilhada histórica. De um lado, assistimos à aceleração das crises ambientais, sociais e éticas que desafiam nossas instituições e colocam à prova a resiliência das democracias e da economia global. De outro, surgem novas gerações com padrões de comportamento profundamente distintos, cuja visão de mundo é moldada pela conectividade, pelo senso de urgência climática e por um desejo inegociável de propósito. Compreender essas transformações geracionais não é apenas relevante - é fundamental para entender e aplicar os princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) com efetividade e visão de futuro.
Tenho o privilégio de trabalhar em uma empresa que acredita no ESG não como um modismo, mas como um compromisso diário com a transformação social e a sustentabilidade. Atuamos desenvolvendo soluções que integram o cognitivo ao socioemocional, o pedagógico ao digital e o individual ao coletivo. Nosso foco está em formar indivíduos protagonistas, conscientes do seu papel na sociedade e preparados para os desafios do futuro do trabalho. Ao mesmo tempo que ajudamos empresas a investirem em projetos de impacto socioambiental efetivos.
As gerações e a virada ESG
Quando falamos de ESG, frequentemente o fazemos sob a ótica corporativa, focando em relatórios, métricas de impacto e conformidade regulatória. Mas ESG é, acima de tudo, um novo paradigma de valor - e ele está sendo impulsionado pela mudança geracional.
O estudo "50 ESG Statistics You Need to Know in 2024", da KEY ESG, indica que 88% dos consumidores demonstram maior lealdade a empresas que defendem questões sociais ou ambientais. Para os jovens da Geração Z e Alpha, não se trata apenas de uma preferência - é uma exigência. Eles questionam, cobram coerência, rejeitam greenwashing e escolhem estudar, trabalhar e consumir com base em valores, não apenas em preço ou conveniência. Eles sabem que o futuro que vão herdar depende das decisões que tomamos agora.
Mas o que muitas vezes esquecemos é que essa consciência não nasce espontaneamente. Ela é construída. E a educação é o berço dessa construção.
Educação como base da transformação ESG
A Impare tem desenvolvido programas educacionais que atuam diretamente nesse ponto de inflexão. O Programa Educando para a Vida, por exemplo, é mais do que uma intervenção pedagógica: é uma estratégia ESG em si. Com presença em mais de 50 municípios e impacto direto em mais de 15 mil alunos até 2025, ele articula competências socioemocionais, alfabetização e arte em uma jornada gamificada que transforma a sala de aula em um espaço de realização pessoal e social.
Ao formar novas gerações capazes de cooperar, resolver conflitos, pensar criticamente e respeitar o outro, estamos formando também futuros cidadãos, profissionais e líderes que terão o ESG não como um apêndice, mas como um princípio norteador de sua existência.
Empresas que compreendem isso fortalecem sua reputação, retêm talentos e criam valor compartilhado com a sociedade. Governos que priorizam esse tipo de política pública promovem inclusão, reduzem desigualdades (ODS 10) e impulsionam o desenvolvimento sustentável (ODS 4).
A trilha das gerações: um olhar para o futuro
Olhar para os próximos 30 anos significa compreender que a Geração Alpha - os nascidos a partir de 2010 - viverá em um mundo que será radicalmente diferente daquele que conhecemos. Eles enfrentarão desafios que vão desde a automação do trabalho até a escassez de recursos naturais. Precisarão de habilidades como empatia, pensamento sistêmico, capacidade de colaboração intercultural e consciência ambiental. Essas habilidades não se aprendem apenas com livros, mas com experiências significativas de aprendizagem - exatamente o que propomos na Impare.
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Por isso, nossos programas também atuam com inclusão (para estudantes com TEA, TDAH e TOD), educação ambiental e tecnologias educacionais que ampliam o alcance e a personalização da aprendizagem. Com nossa trilha metodológica, oferecemos desde formação continuada até materiais paradidáticos impressos e plataformas gamificadas que envolvem professores, gestores e alunos em uma jornada de transformação.
ESG que se aprende, se vive e se ensina
Nosso maior ativo é a convicção de que ESG não é uma pauta para executivos em salas de reunião, mas um pacto intersetorial. Educar é despertar. É formar não apenas estudantes, mas cidadãos. E cidadãos que pensem no bem comum, que ajam com ética, que respeitem o meio ambiente e saibam dialogar com a diversidade.
Esse é o futuro que queremos ajudar a construir: um futuro no qual a sociedade e o meio corporativo coexistam em harmonia, com suas necessidades atendidas de forma sustentável e com equidade de oportunidades para todos.
Sobre a autora: Paula Marques é bióloga, especialista em Licenciamento Ambiental e atua com desenvolvimento de negócios ESG, educação e inovação. Com ampla experiência em gestão pedagógica, tecnologias educacionais e liderança estratégica, atua na Impare Educação e é mentora na Salto Aceleradora. Também é curadora de mentores no Startup Weekend Araranguá e tem trajetória sólida em sustentabilidade, empreendedorismo e impacto social.