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Publicada em 11 de Setembro de 2025 às 16:59

Com boom de investimentos, RS caminha para ser polo de inovação e tecnologia

Pedro Valério, Cristiano Richter, Ronaldo Aloise Jr., Cristiane Cunha e Raphael Rodrigues participaram de painel

Pedro Valério, Cristiano Richter, Ronaldo Aloise Jr., Cristiane Cunha e Raphael Rodrigues participaram de painel

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Juliano Tatsch
Juliano Tatsch Editor-assistente
O evento Buy RS, realizado na terça-feira 9 de setembro no Instituto Ling, em Porto Alegre, tratou do novo cenário de investimentos em inovação e tecnologia no Rio Grande do Sul, que deve tornar o Estado um polo de desenvolvimento tecnológico nos próximos anos.
evento Buy RS, realizado na terça-feira 9 de setembro no Instituto Ling, em Porto Alegre, tratou do novo cenário de investimentos em inovação e tecnologia no Rio Grande do Sul, que deve tornar o Estado um polo de desenvolvimento tecnológico nos próximos anos.
Um dos painéis foi mediado pelo diretor-executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério, e contou com as participações do CEO da Tellescom Semicondutores, Ronaldo Aloise Júnior; do diretor de investimentos da Scala Data Centers, Raphael Rodrigues; da vice-presidente da Aeromot, Cristiane Cunha; e do diretor de Desenvolvimento e Operações do Instituto de Tecnologia e Computação (Itec), Cristiano Richter.
Em suas falas, os painelistas salientaram que o momento atual é positivo para investimentos em tecnologia e inovação no Rio Grande do Sul, detalhando o que cada uma de suas empresas e instituições está fazendo na área no Estado.
No caso da Tellescom Semicondutores, o CEO Ronaldo Aloise Júnior destacou o investimento inicial de US$ 170 milhões que a empresa fará para instalar sua terceira fábrica no País. A nova unidade da companhia, que tem 18 anos de atuação, ficará na cidade de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre — as outras duas estão em Manaus (AM).
Aloise apontou que o Brasil, e mais especificamente o RS, deve aproveitar o movimento de "reshoring”, que é a gradual realocação da fabricação de produtos e a prestação de serviços de um país estrangeiro para o país de origem da empresa.
"A tendência é de trazer de volta para os Estados Unidos e para a Europa essas novas fábricas. O Brasil não é tradicional nessa área, mas, na América Latina, é o país que está melhor posicionado. Então, existe essa oportunidade de o País entrar nesse processo", aponta, salientando que o mercado global de semicondutores atualmente está na casa dos US$ 650 bilhões anuais, mas que, em cinco anos, esse mercado será de US$ 1,2 trilhão.
O diretor de investimentos da Scala Data Centers, Raphael Rodrigues, tratou sobre o grande investimento da empresa na construção da chamada "cidade de data centers" que será erguida em Eldorado do Sul e receberá um aporte inicial de cerca de R$ 3 bilhões.
Rodrigues destacou a importância do investimento em data centers, salientando que essa indústria tem cerca 800 megawatts de capacidade instalada na América Latina, sendo 600 megawatts no Brasil. "Quando fazemos a conta pelos próximos 10 anos, iremos precisar de em torno de 8 a 13 gigawatts, dependendo do impacto da IA", projetou.
O executivo se disse entusiasmado com a chegada da empresa no Rio Grande do Sul, mas alertou para um problema que afeta a competitividade brasileira no mercado global dos data centers. "Somos altamente competitivos no Brasil, exceto em relação às tarifas de importação. O valor que um cliente paga para importar um chip é muito maior no Brasil do que na média do mundo."
Em seguida, quem tomou a palavra foi a vice-presidente da Aeromot, Cristiane Cunha. A empresa recebeu em abril deste ano a concessão da área no município de Guaíba para a construção do AeroCity, um centro de tecnologia e inovação aeronáutica que promete alavancar o setor no Rio Grande do Sul com um investimento de R$ 3 bilhões.
"Investimentos como o que estamos fazendo requerem muito estudo. É um investimento que faz sentido para a empresa e faz sentido para o Estado", destacou Cristiane, salientando que a estratégia principal do projeto é trazer para o Rio Grande do Sul a fábrica de aeronaves da empresa. "A gente traz a fábrica como catalisadora, mas gera um ecossistema ao redor. Porque o RS? Porque o Rio Grande do Sul tem uma vocação aeronáutica iniciada com a Varig e a ideia é trazer esse novo protagonismo da aviação para cá", enfatizou.
O diretor de Desenvolvimento e Operações do Instituto de Tecnologia e Computação (Itec), Cristiano Richter, abordou o plano de formação de profissionais qualificados, com um investimento de R$ 400 milhões no Estado. "O projeto visa formar 420 alunos, tendo a excelência acadêmica como norte. A proposta do Instituto é formar a próxima geração de lideranças em tecnologia do Brasil", afirmou.
Richter garantiu que a primeira turma de formação terá início em março de 2027 na estrutura a ser construída no Prado Bairro Cidade, em Gravataí.  A instituição oferecerá graduação em Ciência da Computação e terá ensino imersivo com residência no campus de 20 hectares. "Vamos endereçar novos talentos para essa economia que está vindo."

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