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Publicada em 21 de Junho de 2024 às 16:30

'O maior patrimônio do agricultor é o solo', diz novo titular da Secretaria da Agricultura

Kuhn assume a pasta tendo como uma das prioridades a realização da Expointer como mostra de recuperação do RS

Kuhn assume a pasta tendo como uma das prioridades a realização da Expointer como mostra de recuperação do RS

TÂNIA MEINERZ/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Recuperar solos degradados, fortalecer a irrigação pelo Rio Grande do Sul e fazer a Expointer acontecer são as primeiras tarefas do novo titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), Clair Kuhn. A experiência na gestão pública e o conhecimento dos problemas do setor, por já integrar a pasta, fazem de Kuhn uma indicação de segurança do governo para conduzir a retomada de um dos mais importantes setores da economia gaúcha nesse pós-catástrofe climática. Nesta quinta-feira (20), entre uma reunião e outra em seu primeiro dia no comando da pasta, ele conversou com o Jornal do Comércio sobre o desafio e disse que a proteção do solo é o maior patrimônio do agricultor e que a realização da mostra agropecuária terá o papel de representar a recuperação do Rio Grande do Sul após os estragos das chuvas.
Recuperar solos degradados, fortalecer a irrigação pelo Rio Grande do Sul e fazer a Expointer acontecer são as primeiras tarefas do novo titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), Clair Kuhn. A experiência na gestão pública e o conhecimento dos problemas do setor, por já integrar a pasta, fazem de Kuhn uma indicação de segurança do governo para conduzir a retomada de um dos mais importantes setores da economia gaúcha nesse pós-catástrofe climática. Nesta quinta-feira (20), entre uma reunião e outra em seu primeiro dia no comando da pasta, ele conversou com o Jornal do Comércio sobre o desafio e disse que a proteção do solo é o maior patrimônio do agricultor e que a realização da mostra agropecuária terá o papel de representar a recuperação do Rio Grande do Sul após os estragos das chuvas.
Jornal do Comércio: Como se deu a escolha de seu nome para comandar a pasta neste que é um dos mais difíceis momentos para o setor?
Clair Kuhn: Eu ocupava o cargo de diretor-geral adjunto da Secretaria e já acompanhava as ações e temas sensíveis do agronegócio gaúcho. Coordenava as Câmaras Setoriais e trago na bagagem as experiências como presidente da Emater-RS, vereador e prefeito no município de Quinze de Novembro e como deputado estadual. Eu sou a única troca na estrutura. E apenas na função. A equipe que vinha atuando segue absolutamente a mesma, porque vinha funcionando muito bem.
JC: Há como dar prioridade a alguma ação, diante de um cenário desafiador, com parte do Estado devastada pelas chuvas e perdas em todas as etapas da cadeia do agronegócio?
Kuhn: A Secretaria já estava envolvida na concepção e implantação do Programa Estadual de Irrigação. A sensibilidade do governador é entender que a irrigação é extremamente necessária para aumentar a produtividade e a produção final na mesma área. Então, isso tem um viés econômico para o Estado, principalmente nesse momento de necessidade de recuperação. Temos perspectivas de uma quantidade menor de chuvas nos próximos meses. Quem sabe uma seca, quem sabe alguma questão de falta considerável de precipitação hídrica. E isso faz com que a nossa produção tenha que ser protegida. O programa de incentivo à irrigação é fundamental. Mas também estamos com atenção redobrada às perdas de solo em áreas agriculturáveis e à realização da Expointer.
JC: Melhorar a qualidade dos solos nas propriedades é uma necessidade decorrente das chuvas de abril e maio?
Kuhn: Não. Há uma percepção de que a produtividade das lavouras, em geral, poderia ser maior. E que já existia necessidade de investir nisso. Um programa de recuperação de solos está sendo construído e será, em breve, apresentado ao governador. O objetivo é melhorar a fertilidade. A Secretaria já vinha, inclusive, tratando com acadêmicos de agronomia, universidades e a equipe interna sobre o tema, que agora se mostra ainda mais necessário. A ação precisará de participação múltipla. E já envolve as Secretarias de Desenvolvimento Rural (SDR) e de meio Ambiente (Sema), além de entidades como as Federações da Agricultura (Farsul), dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetag), da Organização das Cooperativas do Estado (Ocergs), prefeituras, governo federal e até mesmo recursos externos, que estão sendo captados.
JC: Qual o tamanho do impacto da enxurrada no Estado sobre os solos agrícolas?
Kuhn: Teve produtor que perdeu tudo. Se nós olharmos, tem propriedades que perderam 100% da produtividade do solo, ficou um solo compactado. Então tem que ter descompactação, adubação, tem que ter uma camada mínima de matéria orgânica, e tem que ter condições de chegar ao produtor. Se o produtor não tem mais, quem sabe, nem a sua área produtiva e nem suas instalações, como é que ele vai fazer sozinho? Então entra forte aí essa questão federativa, de instituições e recursos internacionais para poder fazer chegar o apoio. Mas o programa precisa estar apoiado na ciência e inserido no calendário agrícola. O maior patrimônio que um produtor tem é o solo. Se você não tiver solo fértil com produtividade, o seu patrimônio não vai ter o resultado que você vai querer.
JC: E temos tido perdas de produtividade em culturas importantes por falta ou excesso de chuva...
Kuhn: Por isso, irrigação e recuperação de solos têm de seguir no radar. Se trabalharmos a recuperação de solo de uma propriedade degradada, se colocarmos a fertilidade nela, com calcário, com adubação, com matéria orgânica sendo depositada, uma semente sendo levada àquela propriedade, se essa semente germina, ela vem até um patamar. E se em seguida ela não tem mais chuvas, é um trabalho colocado fora. Por isso temos de ter os dois focos.
JC: E a Expointer, que teve sua realização confirmada na data original, mesmo com as dificuldades do parque Assis Brasil e de logística no Estado?
Kuhn: A recuperação do parque Assis Brasil está em curso. E a ideia do governo é fazer da mostra o retrato da reconstrução do Estado. São muitas as pessoas, os negócios e as ações que, a partir dela, alavancam para o ano inteiro, para o futuro, e para uma organização da cadeia. As agroindústrias já estão em um número maior de inscrições do que no ano passado. As pessoas que foram afetadas tinham agroindústrias em atividade e que tiveram que parar, reorganizar, elas precisam ter uma renda, então elas estão procurando, então é uma reconstrução”.
JC: Nesta edição, diante das dificuldades, o aspecto social da realização da feira ganha mais importância que o resultado financeiro?
Kuhn: O resultado econômico é importante. Mas ela tem, neste ano, um aspecto ainda maior, como marca do Rio Grande do Sul, do agronegócio gaúcho. Nesse momento, é a feira da superação, é botar a feira de pé, é botar o Estado de pé, nessa grande dificuldade.

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