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Agro

Cooperativa

- Publicada em 18 de Maio de 2023 às 18:11

Associados da Cooperativa Piá vivem misto de esperança e apreensão

Depois da renúncia da diretoria da cooperativa, fornecedores e associados esperam medidas para a recuperação da empresa

Depois da renúncia da diretoria da cooperativa, fornecedores e associados esperam medidas para a recuperação da empresa


CLAUDIO MEDAGLIA/ESPECIAL/JC
Um misto de alívio, esperança e apreensão paira sobre Nova Petrópolis e outros municípios onde produtores de leite têm sua atividade ligada à Cooperativa Piá. Depois da renúncia da diretoria e do Conselho de Administração, anunciada nesta quarta-feira (17), fornecedores e associados esperam que novos tempos – e medidas – permitam a recuperação da empresa.
Um misto de alívio, esperança e apreensão paira sobre Nova Petrópolis e outros municípios onde produtores de leite têm sua atividade ligada à Cooperativa Piá. Depois da renúncia da diretoria e do Conselho de Administração, anunciada nesta quarta-feira (17), fornecedores e associados esperam que novos tempos – e medidas – permitam a recuperação da empresa.
O entendimento é de que alguma mudança precisava acontecer para mudar o ambiente e a percepção do mercado sobre a Piá, após anos de uma administração que não funcionou e viu a cooperativa afundar em dívidas, prejuízos e escassez de caixa para pagar o essencial: seus fornecedores de matéria-prima.
“Temos receio pelo que possa acontecer, mas mais otimistas em relação à situação anterior. A diretoria não se abriu para os produtores, Não compartilhou as dificuldades. Imagino que tenham tentado resolver sozinhos, mas não deu certo”, diz um produtor da localidade de Linha Brasil, no município-sede.
Sem querer ser identificado, ele conta que nunca havia ficado sem receber o pagamento pelo leite entregue. Quando os boatos de que a situação havia se complicado ainda mais, ele passou a ligar diariamente para a cooperativa para saber se haveria dinheiro. Afinal, somente referente ao leite entregue em abril, a conta já chega a R$ 70 mil. Por enquanto, ele prefere seguir parceiro da Piá, a quem hoje mesmo entregou 1,1 mil litros de leite. “Minha conta com eles já está em R$ 170 mil. Por enquanto tenho uma reserva e consigo enfrentar este mês. Mas para o futuro, não dá. Preciso alimentar os animais para continuarem produzindo”.
A família vive da atividade leiteira. São 40 ventres em produção, em um plantel de 80 vacas e terneiras. “Tem de haver mudanças importantes. Vai ser uma guinada drástica. Tenho esperança, mas é claro que preocupa, porque, se falhar de novo, meu fluxo de caixa também acaba”, complementa o produtor.
Após a saída coletiva, quem está à frente da Piá é Elton Bischoff, que integrava o Conselho de Administração. Ele ficará no cargo até a Assembleia Geral Extraordinária convocada para o dia 19 de junho, quando uma nova diretoria será escolhida pelos associados. Conforme a assessoria de comunicação da empresa, somente o novo presidente, após ser eleito, falará com a imprensa.
Na quarta-feira, a Piá emitiu um comunicado aos associados e ao mercado. Assinado pelos integrantes do Conselho Fiscal, às 15h29min, o texto procura explicar a situação e promete medidas para profissionalizar e melhorar a gestão. Justifica que o contexto de crise e instabilidade da economia nacional, e do mercado de laticínios em especial, acarretou a impossibilidade da cooperativa de honrar seus compromissos. “... com os recorrentes prejuízos dos últimos, anos a operação chegou no limite e encontra-se totalmente sem caixa, porém os débitos estão sob atenção especial para breve solução”.
Informa, ainda, que o Conselho Fiscal, junto com uma equipe técnica e uma consultoria especializada já contratada, passarão a formar um comitê de Gestão de Crise das atividades da cooperativa, o qual já está trabalhando. E que, para enfrentar os desafios, a administração da cooperativa decidiu propor “a maior reestruturação dos seus 57 anos de história, uma vez que continuar da forma como a atual é inviável”.
Serão analisadas hipóteses como captação novos investidores ou financiamentos e venda de ativos que não estão sendo utilizados, bem como de operações não prioritárias, como varejo, supermercados e agropecuárias. A ideia é manter o foco no laticínio e em linha de produtos de maior valor agregado, além de reduzir custos.