Com falta de insumos para manter a normalidade de suas linhas de produção, a GM fará férias coletivas em Gravataí, em março, e depois deve colocar cerca de 1 mil trabalhadores da
unidade em sistema de lay-off, segundo o o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra) e a prefeitura da cidade. O lay-off inicialmente está projetado, segundo o Sindicato, para durar entre 60 e 120 dias, a partir de abril, depois de férias coletivas. Ao todo a fábrica emprega cerca de 2 mil pessoas.
Duas centenas de trabalhadores que já estão com contratos suspensos desde o primeiro semestre de 2020 também seguirão neste sistema, de acordo com o Sinmgra. O lay-off na GM foi adotado pela primeira vez em abril do ano passado, foi renovado em agosto e agora ampliado. De acordo com trabalhadores
faltam peças, assim com em outros setores, para manter as operações plenas nas linhas de produção.
“Em abril a fábrica deve começar a operar com apenas um turno. Hoje, são dois. De acordo com a empresa a suspensão e ampliação do lay-off ocorre devido a falta de componentes”, explica Márcia Teroza Ramos, diretora de saúde do Sinmgra.
Márcia, que também é funcionária da empresa e que já está em lay-off, diz que o maior dano para os empregados é a insegurança, mas avalia que a suspensão temporária dos contratos é melhor do que demissões. Com mais este afastamento a representante do sindicato estima que apenas 1 mil trabalhadores seguirão com contratos regulares.
“Trabalham na unidade cerca de 2 mil pessoas, hoje. Com o lay-off ao menos se recebe o seguro-desemprego e curso de qualificação. Sem essa opção haveria demissão em massa”, pondera Márcia.
O cenário é de preocupação na cidade, diz o prefeito Luiz Zaffalon (MDB), que conversou com a direção da multinacional na manhã desta quarta-feira.
"Fui informado pela diretoria que há um sério problema com o fornecimento de semicondutores e outras peças. A expectativa que deles é conseguir regularizar isso em final de abril. Hoje, o estoque seria suficente para manter apenas um turno", relata Zaffalon.
O impacto na economia de Gravataí como um todo é certo, alerta o prefeito, tanto pelos moradores que deixam de consumir, temendo pelo futuro, quanto pelo reflexo direto. A montadora responde por 40% da arrecadação de ICMS. A parada deve afetar também os muitos sistemas que fornecem componentes para a multinacional e que empregam outros cerca de 2 mil trabalhadores, estima Zaffalon.
"A GM representa cerca de 20% da movimentação da economia da cidade como um todo. O reflexo se dá em todo o município", assegura o prefeito.
Procurada, a GM informou, em nota, que a cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida do que o esperado. "Isso tem o potencial de afetar de forma temporária e parcial nosso cronograma de produção. Estamos neste momento trabalhando com fornecedores e sindicato para mitigar os impactos gerados por esta situação", afirma a empresa.