O lay-off, adotado em 13 de abril, é renovada pela segunda vez. O segundo prazo venceu no dia 12, e foi renovado esta semana para 1.050 funcionários, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra). Um detalhe do novo acerto, aprovado em assembleia virtual por 97,5% dos atingidos, é que já traz um novo prazo embutido.
"Assinamos uma medida de acautelamento. Se tiver perspectiva de aquecimento do mercado de venda de veículos em 2021, estendemos o acordo de suspensão até abril", explica o diretor do Sinmgra, Alcir Ascari. "Não queremos que aconteçam demissões. Vamos até as últimas consequências", justifica o sindicalista.
No Rio Grande do Sul, dados do boletim da Receita Estadual desta semana apontam que as vendas de veículos na indústria - para atacado e varejo -, indicam queda de 1% na primeira quinzena de agosto, depois de alta de 9% na segunda quinzena de julho. Na largada da pandemia, o recuo em vendas chegou. a 78%, na primeira quinzena de abril
Outra peculiaridade do acordo é que a redução de salários de 5% será feita em setembro, mas em outubro e novembro, a GM vai complementar os valores, segundo Ascari. A ampliação do lay-off deve tranquilizar quem está em casa à espera do dia de voltar. "A preocupação é grande e a ansiedade aumenta. O momento é preservar empregos", destaca o sindicalista.
Sobre a notícia de plano de demissão voluntária nas unidades de São Caetano do Sul, sede da GM no Brasil, e São José dos Campos, o dirigente do Sinmgra diz que a medida não foi cogitada no Estado. Nas fábricas paulistas, diz Ascari, há quadro mais antigo.
O sindicato busca agora os sistemistas, que são fornecedores de autopeças da GM e ficam, em sua maior parte, no Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag), para verificar adoção de lay-off. Segundo Ascari, algumas sistemistas adotaram a suspensão por dois meses e depois demitiram. Em ouras, os empregados voltaram ao trabalho.
Planta em Gravataí teve três ampliações e é considerada uma das mais eficientes no mundo. Foto: Luiza Prado/JC
A fábrica está funcionando em dois turnos, com quase 2 mil trabalhadores. A
cada 60 minutos, são montados 53 modelos Onix, 12 a 13 carros a menos que a produtividade de 66 que vinha consagrando a planta como uma das mais eficientes da montadora norte-americana no mundo. A
nova plataforma de carros estreou em 2019, com a atualização do Onix, único fabricado na unidade, com capacidade de montar 350 mil veículos ao ano. Antes da pandemia e com três turnos, a produção era de 1,4 mil unidades por dia.
Uma das razões é que a fábrica só pode operar com até 75% do número de funcionários, seguindo decreto municipal e alinhado a regras estaduais dentro do combate à pandemia do novo coronavírus. Na linha de montagem, foram adotadas proteções e ainda distanciamento físico. As medidas se estendem a todos os setores, do refeitório à cafeteira, que agora é acionada por um pedal para servir o copo da bebida.
Quando o funcionários chega para o turno de trabalho, antes de ingressar na área da fábrica, às margens da BR-290 (freeway), precisa preencher informações em um aplicativo sobre as condições físicas. "Se tiver com tosse, não entra", exemplifica o diretor do sindicato. Dependendo dos sintomas, é encaminhado para fazer exame da Covid-19.
O Ciag completou 20 anos de operação em julho com três ampliações. A primeira foi em 2004 e a segunda, em 2010. A atual plataforma marcou o encerramento da fabricação do antigo Onix e do Prisma em Gravataí, que passaram para a planta em São Caetano do Sul.