A migração nordestina para São Paulo acontece ao menos desde 1877, quando uma grande seca matou mais de 600 mil na região, cerca de 4% da população brasileira da época. Entre 1979 e 1890, mais de 350 mil nordestinos chegaram na capital paulista e no interior da província, que mais parecia outro País, visto as diferenças culturais entre os lugares.
Abastecida pela força de trabalho de imigrantes estrangeiros, o polo econômico por anos reservou aos "trabalhadores nacionais" serviços com salários mais baixos, geralmente no setor terciário e sem qualquer qualificação profissional. Com a diminuição da entrada de estrangeiros na região, passou a ser melhor vista a migração de brasileiros, mas o preconceito aberto persistiu por décadas na sociedade, como mostra o livro "Quando eu vim-me embora", do historiador Marco Antonio Villa, lançado recentemente.
A obra descreve e analisa a expulsão do sertanejo, a permanência da miséria e a mudança em escala jamais vista na história do Brasil. Os migrantes relatam a viagem no pau de arara, a chegada à capital paulista, a dificuldade de adaptação, os empregos, a melhoria de vida, a educação dos filhos, a construção da tão sonhada casa própria.
São histórias emocionantes que, somadas, compõem um dos mais ricos processos históricos do País - trajetória que ajudou a transformar a capital do estado de São Paulo na maior metrópole da América do Sul.
Quando eu vim-me embora; Marco Antonio Villa; Editora Leya / Casa da Palavra; 224 páginas; R$ 30,00.