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Porto Alegre, quarta-feira, 01 de mar�o de 2017. Atualizado �s 20h25.

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Panorama

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Cinema

Not�cia da edi��o impressa de 02/03/2017. Alterada em 01/03 �s 16h27min

Um limite entre n�s, de Denzel Washington, chega aos cinemas

Denzel Washington e Viola Davis revivem no cinema a pe�a Um limite entre n�s

Denzel Washington e Viola Davis revivem no cinema a pe�a Um limite entre n�s


DIVULGA��O/JC
Luiza Fritzen
Nem todas as peças de teatro conseguem passar a mesma mensagem quando transformadas em filmes. Esse é o caso do longa Um limite entre nós (Fences, no original), que estreia nos cinemas brasileiros hoje. Com direção e atuação de Denzel Washington, o título foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado.
A adaptação para a tela grande é baseada na peça escrita pelo autor norte-americano August Wilson, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1987. A trama tem como centro Troy Maxson, ex-jogador de beisebol, que trabalha como lixeiro após o fracasso na carreira. Casado com Rose, que o atura apesar das rabugices, Maxson se mostra frustrado com as diferenças raciais nos Estados Unidos da América da década de 1950. Com dois filhos, Lyons, um músico boêmio fruto de um relacionamento anterior, e Cory, convidado para jogar beisebol profissionalmente e assim ganhar uma bolsa em uma universidade, Troy também não está feliz com as escolhas da prole.
Mas a essência paternalista foge do personagem, que se mostra mais zeloso apenas com o irmão Gabriel, um veterano de guerra que sofreu danos psicológicos. Bono, amigo e colega de trabalho do protagonista, é quem tenta retirar a venda egocêntrica de Troy, que presenteia a todos com suas longas histórias e lições de vida. Nesse ponto, o longa poderia promover boas reflexões, não fossem o tamanho das falas e a duração das cenas.
Denzel consegue transmitir a essência de personagem irritante que conta sempre as mesmas longas epifanias e que acredita ser o dono da razão, como, por exemplo, ao creditar seu insucesso no esporte ao racismo ao invés de admitir que estava velho demais para jogar. Se sua atuação se mostra potente e sua força é visível em falas extensas, a direção já não apresenta o mesmo destaque. O excesso de diálogos resulta em um filme ora sonolento, ora confuso.
O longa desperdiça uma das mais interessantes ferramentas do cinema, como os flashbacks, e impõe que o espectador imagine, ao invés de mostrar com imagens, memórias e situações que explicam o roteiro do filme. A teatralidade fica tão explícita que são poucos os cenários utilizados na filmagem, o que dá a impressão de assistir a uma peça que foi filmada.
Viola Davis, que vem se destacando por seu papel na série How to get away with murder, acabou confirmando seu favoritismo ao Oscar de atriz coadjuvante, quando, na verdade, é a personagem feminina que protagoniza o filme. Na pele de Rose, ela interpreta uma mulher que abriu mão de seus sonhos e desejos para ser a base que sustenta o marido e cuida da casa e dos filhos.
A forte atuação do casal se justifica pela familiaridade de ambos com o texto. Denzel Washington e Viola Davis interpretaram a adaptação da obra para os palcos, o que lhes rendeu o Tony Award 2010 de melhor ator e melhor atriz - maior prêmio dado no teatro dos Estados Unidos, que equivale ao Oscar no cinema.
A cerca que dá nome ao filme se refere a um pedido de Rose para que Troy delimite a casa. Mas metáforas sobre a tal cerca são várias: seja por Rose querer manter o marido perto e a família protegida, seja pelas barreiras impostas por Troy ao filho para que não siga a carreira de atleta, ou até mesmo pelas traições do marido.
Em determinada cena, Troy não entende por que Rose deseja tanto uma cerca se não possui nada de valor em casa, nada que os outros pudessem querer. E esse pensamento do protagonista é reafirmado diversas vezes, quando reforça que é ele quem abastece a casa e coloca comida na mesa. A dificuldade do personagem em reconhecer o valor de sua família e a sorte de ter sido salvo por Rose da vida que levava se registra em cenas sem carinho com os próprios filhos, em que a obrigação de vestir e alimentar é apenas um dever que é feito, pois faz parte do papel de pai.
Se por um lado o roteiro não foi tão adaptado assim, o que compensa nas mais de duas horas de filme é entrar em contato com atuações tão imponentes e, quem sabe, tirar alguma lição sobre as relações familiares e a função da figura paterna na criação dos filhos.
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