Caroline da Silva
Entre as canções Adoração e Adorador, muita água passou por baixo da ponte de Filipe Catto. Autoral, a primeira abria o disco de estreia, Fôlego (2011) - álbum precedido pelo EP independente Saga (2009). A segunda - parceria com Pedro Luís - fecha o novo trabalho, seu segundo álbum de estúdio, Tomada (Natura Musical/Universal Music, 2015). Nesse intervalo, teve música em novela (Saga, em Cordel Encantado, de 2011, e Flor da idade, em Joia Rara, de 2013), prêmios, convites, tributos e a turnê do CD e DVD ao vivo Entre cabelos, olhos e furacões (Universal, 2013).
Sucesso consolidado no Centro do País - e morando em São Paulo -, é em casa que o cantor e compositor gaúcho de 28 anos encerra a turnê de Tomada, também incentivada pelo programa Natura Musical. Os lançamentos nas três demais capitais do projeto, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, ocorreram no ano passado. Em Porto Alegre, o show acontece na noite de amanhã, no Opinião (José do Patrocínio, 834). A casa abre às 19h30min desta sexta-feira e ele deve subir ao palco às 21h.
Nesta apresentação, Catto será acompanhado por Fabá (guitarra), Ana Karina (baixo), Lucas Vargas (teclado) e Michelle Abu (bateria). Os ingressos custam de R$ 25,00 a R$ 50,00, à venda nas lojas Youcom e Multisom e pelo site
minhaentrada.com.br. No repertório, os hits
Adoração, Saga, Flor da idade e
Rima Rica/Frase Feita (Nei Lisboa) devem se somar às 11 faixas de Tomada, capitaneadas pelo single
Dias e noites. Ele cantará ainda releituras de
Autonomia, de Cartola, e
Surrender, de Elvis.
O novo disco tornou possível a concretização de um desejo antigo do cantor: ter Kassin como produtor. Era para o músico ter assinado também a produção de Fôlego, o que estava acertado entre eles, mas não foi possível por problemas de agenda. "Apesar de eu sempre ter autonomia artística em meus CDs e DVD, trabalhar com Kassin neste foi demais. Ele é um gênio! Como me despi de tudo das obras anteriores, Tomada foi um playground de experimentações, e pude contar com um mestre de estúdio", conta Filipe Catto.
O projeto gráfico do álbum é do próprio cantor, que também assinou os encartes dos outros trabalhos. Conforme narra o criador, o design segue a linha "despida" da concepção do disco, em essência, sem artifícios, limpa, simples: "E essa simplicidade é mais difícil de alcançar, mas tudo partiu da fotografia de Gal Oppido, que é bastante icônica".
Além de entoar suas próprias músicas, Catto diz que também tem prazer em ser intérprete da música brasileira. "Gosto de saber como podemos ser múltiplos, ir para diversos gêneros e estéticas, assim como foram Elis Regina e Caetano. Cássia Eller, mesmo, cantava de Piaf a Chico Science, dentro do mesmo disco, aliás. Cresci com essa inquietação de ver artistas que sempre me surpreendiam", destaca.
É impossível conhecer a trajetória de Catto e não conectar o título de Adoração ao da inédita Adorador. O compositor diz que esta é uma história engraçada: "Quando enviei a letra para o Pedro, não havia os versos 'A dor adorador', isso foi uma brincadeira dele. Mas acho que não se deu conta, pois comentei, e ele se surpreendeu e reconheceu. Foi totalmente acidental". Proposital mesmo nessa encantadora coincidência foi o gaúcho manter o nome da música. "Achei tão legal isso acontecer que resolvi assumir a relação entre as duas canções. O interessante é que Adoração é o polo positivo e Adorador é o polo negativo, acredito que é a canção mais dolorosa de todas. Na criação, não houve este pensamento. Depois, a gente riu muito disso, porque uma é super apaixonada e a outra é uma fossa absoluta."
Para o autor, concluindo, o processo do novo disco foi libertador. "Comecei a cantar as faixas do Saga e do Fôlego em 2008. Fiquei até 2014 com o mesmo repertório. Tomada é um exercício de liberdade e de muita alegria, principalmente depois que ele virou show. É uma delícia cantar essas músicas com a banda, é todo um astral", caracteriza o intérprete, adiantando o clima para os espectadores do show de amanhã.