Mais um brasileiro em Hollywood

Um das novidades desta semana nos cinemas, o thriller policial sobrenatural Presságios de um crime (Solace, EUA, 2015), marca a estreia internacional de Afonso Poyart (diretor de Dois coelhos, ação com Alessandra Negrini e Fernando Alves Pinto) à frente de uma grande produção hollywoodiana. O filme traz no elenco estrelas como Anthony Hopkins (O silêncio dos inocentes), Colin Farrell (O vingador do futuro), Jeffrey Dean Morgan (Possessão), Abbie Cornish (RoboCop) e a brasileira Luisa Moraes (novela Em Família).

O longa Presságios de um crime narra a história de um veterano detetive do FBI Joe Merriwether (Morgan) e da jovem e ambiciosa policial Katherine Cowles (Abbie). Quando estão de mãos atadas frente a uma série de homicídios sem pistas concretas, ele decide recorrer à ajuda de seu ex-colega, o médico aposentado e analista civil Dr. John Clancy (Hopkins).

Mas o recluso Clancy se recusa a usar suas habilidades especiais, algo que deixou no passado quando fechou o consultório e retirou-se do mundo após a morte da filha e o divórcio que se seguiu à tragédia. No entanto, muda de ideia quando têm visões de imagens perturbadoras e violentas da mais nova parceira de Joe, a cética Katherine. Clancy não revela muito quando lhe mostram os crimes e as vítimas: Peter Ward, 42 anos, morto enquanto desfrutava de um charuto e uma taça de brandy; Robert Ellis, 12 anos, assassinado enquanto tomava sorvete em um balanço; e Ethel Jackson, um religioso senhor de 69 anos, morto enquanto assistia TV em sua cadeira de balanço.

O único dado consistente da investigação é o modus operandi do assassino: ele insere uma lâmina longa na base do crânio das vítimas, a punção vai direto para o bulbo raquidiano, uma execução indolor. Quando os três são avisados de um novo homicídio, da jovem Victoria Raymond (Luisa Moraes), fica evidente, a partir da cena do crime - pétalas de rosas espalhadas pela banheira, velas e a punção na base do crânio -, de que se trata do mesmo criminoso, certamente um serial killer.

Clancy começa a ver um padrão nas vítimas - todas sofrem de uma doença: Ward tinha a síndrome de Lou Gehrig; Jackson estava curado de um câncer há três anos, mas quando a doença retorna, em 80% dos casos têm evolução mais agressiva; Victoria Raymond tinha sido exposta ao HIV. Os excepcionais poderes de Clancy, então, colocam esse estranho trio de investigadores na forte trilha de um suspeito, Charles Ambrose (Colin Farrell). Neste momento, o médico percebe que suas habilidades podem ser insuficientes frente aos poderes extraordinários deste assassino que se considera em uma missão.

O roteiro original é da dupla Sean Bailey (atual presidente de Produções da Disney) e Ted Griffin (Roubo nas alturas). Há mais de 13 anos, quando Beau Flynn leu pela primeira vez o trabalho da então desconhecida dupla, soube que queria levar o texto às telas. "A história e as personagens em Presságios de um crime são únicas", diz o produtor de mais de 30 filmes, incluindo Réquiem para um sonho e blockbusters como João e Maria: Caçadores de bruxas.

Bailey apareceu no início da década de 2000 entrando em parceria com Ben Affleck em vários projetos, incluindo a cofundação da companhia LivePlanet. Em 2008, a divisão de filmes foi dissolvida e unida a Disney para formar a Idealogy Inc, que produziu o filme Tron: Legacy (2010). Com Griffin, ainda trabalhou em Os vigaristas (2003), de Ridley Scott.

O diretor brasileiro conta que, após o sucesso de 2 Coelhos, leu roteiros até se apaixonar por este: "Presságios de um crime tem o equilíbrio perfeito de estrutura, história e personagens fortes. É inteligente, intrigante, repleto de ação e rico visualmente. Fiquei particularmente atraído para explorar o potencial cinematográfico de entrar na mente de alguém com habilidades psíquicas e clarividentes e traduzir o que ele vê".

Flynn, o produtor, comenta: "Thrillers de suspense são um gênero explorado no cinema, e Poyart queria dar uma abordagem inovadora". Para Hopkins, a combinação artística do preparo técnico e da sensibilidade visual de Poyart é o que o tornam o diretor ideal desta produção. "Ele tem uma percepção visual muito própria e particular para tudo. É um diretor visionário que é ótimo com imagens. Como Ridley Scott, ele é um cineasta sofisticado", opina o consagrado ator.