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Prêmio Especial

- Publicada em 25 de Agosto de 2011 às 00:00

Falta de tecnologia compromete resultados da pecuária familiar


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
O chapéu estilo Indiana Jones já é marca registrada do professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e um dos mais renomados estudiosos de forrageiras no Estado, Aino Victor Avila Jacques. Assim como sua objetividade na hora de endereçar um alerta sobre os rumos da pecuária de corte gaúcha. Jacques, que dedicou os últimos 46 dos seus 73 anos ao desenvolvimento de técnicas de manejo para melhorar o desempenho de pastagens, previne que é urgente alcançar aos pecuaristas familiares, detentores de áreas de até 300 hectares, tecnologia e crédito para sepultar a baixa produtividade do rebanho.
O chapéu estilo Indiana Jones já é marca registrada do professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e um dos mais renomados estudiosos de forrageiras no Estado, Aino Victor Avila Jacques. Assim como sua objetividade na hora de endereçar um alerta sobre os rumos da pecuária de corte gaúcha. Jacques, que dedicou os últimos 46 dos seus 73 anos ao desenvolvimento de técnicas de manejo para melhorar o desempenho de pastagens, previne que é urgente alcançar aos pecuaristas familiares, detentores de áreas de até 300 hectares, tecnologia e crédito para sepultar a baixa produtividade do rebanho.
Quem deve fazer é o setor público, provoca o professor, que mesmo após a aposentadoria permaneceu por mais 19 anos na lida com alunos, seminários e muita pesquisa. Há um ano Jacques, cujo avô Firmino Jacques, coronel da Revolução Federalista do final do século XIX, introduziu a raça Devon nos Campos de Cima da Serra, peregrina para convencer autoridades de que é preciso levar à pecuária familiar as informações existentes. “Infelizmente, não temos conseguido transferir as tecnologias no grau que seria necessário e desejável”, registra o especialista, que arrematou em 2008 o troféu O Futuro da Terra na categoria Tecnologia Rural, uma reverência justamente a seus experimentos com forrageiras nativas e cultivadas em sua propriedade localizada em André da Rocha, na Serra gaúcha.
A conjugação do verbo na primeira pessoa do plural ao fazer a crítica é proposital. Para ele, é fundamental unir esforços. Por isso, o professor participará pela Federacite da largada das discussões do grupo de produção da Câmara Setorial da Carne, criada pelo governo do Estado e que pretende colocar em marcha o Programa de Qualidade da Carne Gaúcha. “O grande pecuarista tem assistência própria, e o agricultor familiar recebe apoio de órgãos de extensão rural, como a Emater. Mas o produtor que vive só da pecuária está desassistido”, adverte o professor, que vê na ação governamental uma grande oportunidade de reduzir a ineficiência no campo.
O Diagnóstico da Bovinocultura de Corte do Rio Grande do Sul, feito em 2009 pelo Sebrae e pelo Senar, já havia reforçado a sentença do engenheiro-agrônomo, formado em 1963, quando jovens como ele recebiam bolsas de estudo do governo estadual (na época, comandando por Leonel Brizola) para fazer a formação superior. Seis em cada dez pecuaristas ouvidos no estudo confirmaram que não recebiam nenhuma assistência técnica. “Isso é muito grave em pleno século XXI”, reage Jacques. Esta realidade explicaria desempenhos médios desabonadores da produção local, ao lado de rendas mais baixas e de outro ingrediente sintomático de um futuro incerto deste perfil de propriedade: 20% dos produtores admitiram que não têm sucessores da atividade. Ou seja, os filhos não pretendem seguir os passos dos pais pecuaristas.
O ganho médio de peso vivo por hectare/ano no Estado é de 70 quilos, ao lado de 200 quilos das propriedades do Centro-Oeste. “Nunca vamos chegar no patamar da porção Norte do País, que tem condição privilegiada, mas podemos fazer muito mais”, garante o especialista. Duas fragilidades incomodam Jacques: a perda de peso e a mortalidade de animais no inverno.

Pesquisador alerta para redução do campo nativo

Será justamente na Expointer 2011 que o professor e especialista em forrageiras e manejo de campo nativo Aino Victor Avila Jacques deverá tornar público um artigo de opinião emblemático e que sintetizará suas inquietações após 46 anos de atuação na área. Uma delas é a queda livre da área de campo nativo no Estado. Segundo Jacques, a velocidade de perda da cobertura é de 130 mil hectares ao ano. Dos 16 milhões de hectares que forravam o território rio-grandense nos anos de 1960, recuou-se a um legado de menos de 8 milhões de hectares.
Intitulado Pecuária e Conservação dos Campos, o texto integrará uma publicação da Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite), a ser lançada no dia 29 com o mérito de reunir de agrônomos, como o professor da Ufrgs, a filósofos, que discorrerão sobre sustentabilidade e competitividade do setor. Diante da polêmica do momento, de como conciliar preservação ambiental e a demanda por alimentos, Jacques é singelo e definitivo. “A única forma é com ciência e tecnologia.” Se em mais de duas décadas Jacques foi pouco ouvido pelos responsáveis pelas políticas públicas, valeria a pena saldar este débito. Seus dados merecem atenção. As queimadas, mesmo em menor grau, ainda preocupam. Na região de São Francisco de Paula, com alta precipitação no ano, portanto, um campo fértil para pastagens bem manejadas; ostenta produção média de 30 quilos de peso vivo por ha/ano.
CADEIAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Cláudio Mundstock, pesquisador do Irga e professor aposentado da Faculdade de Agronomia da Ufrgs.
Maria Irene Baggio, pesquisadora aposentada da Embrapa Trigo. Ex-professora da Ufrgs e da UPF.
Carlos Antônio Mondino Silva, professor titular da clínica de Reprodução Equina da UFSM.
TECNOLOGIA RURAL
Odir Dellagostin, professor da Ufpel - Instituto de Biologia - Centro de Biotecnologia.
NOVAS ALTERNATIVAS AGRÍCOLAS
Rosa Lia Barbieri, Pesquisadora da Embrapa Clima Temperado - Pelotas.
Antônio Costa de Oliveira, Professor da Ufpel.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Jorge Ernesto de Araújo Mariath - ex-diretor do Instituto de Biociências e professor titular de botânica da Ufrgs.
PRÊMIO ESPECIAL
Aino Victor Ávila Jacques, professor titular aposentado da Faculdade de Agronomia da Ufrgs.
O Prêmio O Futuro da Terra é uma parceria do Jornal do Comércio e da Fapergs, que presta homenagem
aos projetos que buscam o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Rio Grande do Sul. A edição
2011 do evento acontecerá na segunda-feira, dia 29 de agosto, durante a Expointer, no Auditório
da Farsul, no Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio.
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