Passada a Cúpula sobre o Clima, quando chefes de Estado e de governo se reúnem para discutir as mudanças climáticas, Belém recebe oficialmente a COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas) a partir desta segunda-feira (10).
Enquanto a etapa anterior, com os líderes globais, trouxe diretrizes gerais para as discussões, a conferência em si, marcada para ocorrer até 21 de novembro, reunirá uma série de debates técnicos em mais de cem frentes de negociação no debate climático.
O governo brasileiro chama o evento de COP da implementação, por defender que ela mostre de forma prática como o mundo deve chegar a objetivos climáticos já pactuados nos últimos anos. Haverá uma série de agendas para que as ações avancem, de acordo com a programação oficial da ONU (Organização das Nações Unidas).
Ana Toni, CEO da COP30, afirma que a adaptação às mudanças climáticas é um dos principais temas a serem abordados no evento. "Por mais importante que a mitigação continue [sendo importante], a gente já está num momento de desastres climáticos, em que a gente tem que aprender a se adaptar a um planeta muito diferente", disse recentemente ao C-Level Entrevista.
"Na nossa COP, se tudo der certo, vamos acordar sobre os indicadores globais de adaptação. Quando a gente tiver isso, os bancos multilaterais vão usar os mesmos indicadores", afirmou.
Entre os indicadores possíveis, estão os de acesso a recursos hídricos e segurança alimentar. A partir deles, poderiam ser formuladas ações por parte de países ou instituições para endereçar problemas de forma mais eficiente.
Outra expectativa é em relação às discussões sobre combustíveis fósseis. Na COP28, de Dubai, o mundo se comprometeu a se distanciar do uso desses materiais, mas ainda não há um plano concreto, inclusive com prazos, para que o objetivo seja cumprido. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) defende que haja um mapa do caminho para atingir a meta.
Nesta segunda-feira, acontece a plenária de abertura de trabalhos da COP, dos órgãos subsidiários (equipes que embasam tecnicamente as discussões) e das primeiras rodadas de negociações. A sessão reúne todas as delegações dos países (as chamadas partes), além de observadores, ONGs (organizações não governamentais), entidades internacionais e representantes da imprensa.
São aprovadas as agendas formais de cada instância de discussão: a COP (sobre mudança do clima), a CMP (sobre o Protocolo de Quioto) e a CMA (sobre o Acordo de Paris).
No mesmo dia, começa uma série de outros eventos no pavilhão do evento, que conta com a presença de diversas entidades que puderam se inscrever e passaram por uma triagem pela organização. O próprio governo brasileiro também programa algumas agendas, como uma que discutirá a participação de estatais na discussão climática.
Folhapress