Proibindo o uso de roupas justas, camisetas e adereços com propaganda político-partidária, o novo código de vestimenta da Câmara de Porto Alegre vem causando desentendimentos entre os parlamentares. O documento, apresentado pela presidente do Legislativo, vereadora Comandante Nádia (PL), aguarda votação na Mesa Diretora, o que deve acontecer ao longo da próxima semana.
O texto estabelece que todos os vereadores, assessores parlamentares e servidores do Legislativo deverão comparecer às sessões plenárias com traje passeio completo ou com pilcha gaúcha. Se o documento for aprovado, será vedado o uso de chinelos, calçados danificados, peças de roupas com aspecto de lazer, saias e vestidos acima dos joelhos e blusas que exponham roupas íntimas dentro do plenário. O código também proíbe bonés, broches e bandeiras com propaganda partidária ou autopromoção. Ainda assim, segue permitido o uso de vestimentas com mensagens ligadas a causas públicas e a campanhas de conscientização. As determinações não se aplicam aos espectadores da sessão.
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A fiscalização do cumprimento das normas ficará a cargo da presidência da Câmara, que ordenará a retirada de parlamentares e servidores que não acatarem os termos da resolução. O retorno ao plenário será permitido após a adequação ao "decoro institucional", como prevê a minuta apresentada.
Na sessão da última quarta-feira (05), as novas determinações foram debatidas pelos parlamentares. Em fala na tribuna, a vereadora Grazi Oliveira declarou que a minuta proposta era um ataque. "As roupas que nós vestimos precisam ser confortáveis para quem as usa, não para quem as vê", reiterou. Após o discurso, Nádia reafirmou que o uso de traje passeio completo está determinado no Regimento Interno da Câmara, o que gerou uma discussão generalizada entre os vereadores. A sessão ficou pausada por cerca de 20 minutos, preenchidos por gritos das galerias pedindo a retomada das discussões.
A presidente do Legislativo frisou que o novo código de vestimenta não é "frescura" ou "elitismo". "Cada lugar pede um traje que comunique respeito ao que acontece ali", afirmou. Após a confusão com outros vereadores, Nádia afirmou que as mulheres estariam sendo "opressoras com os homens", uma vez que os vereadores devem usar blazer e gravata para subir à tribuna.
Para a vereadora Karen Santos, no entanto, trata-se de uma medida autoritária, que poderá se espalhar a outros espaços. "A potência política da nossa representatividade está sendo esvaziada", pontuou, em vídeo nas redes sociais.