Cinco deputados federais gaúchos compareceram nesta quarta-feira (23) à reunião-almoço Tá Na Mesa, promovida pela Federasul. Na ocasião, os parlamentares debateram os impactos e as razões que levaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a anunciar a taxação de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
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Estiveram presentes os deputados Alexandre Lindenmeyer (PT), Luciano Zucco (PL), Marcel Van Hattem (Novo), Mauricio Marcon (Podemos) e Ronaldo Nogueira (Republicanos). O painel de debate foi conduzido pelo presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa.
Único representante de um partido de esquerda no evento, Lindenmeyer foi o primeiro a discursar e realizou uma fala em defesa da atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Independentemente do problema da tarifa imposta, eu sou daqueles que defende a ideia de que o brasil está dando certo e estamos no caminho correto”, disse o parlamentar, que destacou a menor taxa de desemprego da série histórica, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, além de ações federais de enfrentamento à fome e à pobreza extrema.
Após Lindenmeyer, todos os palestrantes realizaram discursos críticos ao governo federal. Foi o caso de Luciano Zucco, que concentrou em críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a Lula. Na opinião do deputado, o presidente “colocou a ideologia acima da economia, a ideologia acima do Brasil”. Ele ainda reforçou a sua pré-candidatura ao governo gaúcho em 2026, já anunciada pelo PL.
Aliás, foram dois os parlamentares que afirmaram em seus discursos apoio à pré-candidatura de Zucco. Marcel Van Hattem e Mauricio Marcon chamaram o colega de Parlamento de “futuro governador” e, seguindo a mesma linha, realizaram críticas a Moraes e Lula. Van Hattem ainda destacou a sua pretensão de ser candidato ao Senado no ano que vem.
Tratando da tarifa, o deputado do partido Novo responsabilizou o governo Lula pelo anúncio de Donald Trump. Para ele, o presidente dos EUA respondeu ao que Van Hatten chamou de “agressão à soberania internacional”, em razão de o presidente brasileiro ter realizado discursos e atos de aproximação com países do Brics e com o Irã, que atualmente está em disputa com Israel, que é um aliado histórico dos norte-americanos.
Já Marcon falou em um “pedido de socorro” dos deputados federais, frente a revogações de medidas aprovadas no parlamento por parte do STF, como o aumento proposto pelo governo federal de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). "Eu venho aqui hoje pedir socorro. E aqui não é um socorro da boca para fora, é um socorro de uma forma muito humilde. Nós na Câmara dos Deputados viramos simplesmente 'atores' pagos, e muito bem pagos, para não fazer nada", disse o deputado em referência a decisões de Moraes no Supremo que vão contra decisões do Congresso Nacional.
O último parlamentar a discursar, Ronaldo Nogueira, foi mais sutil nas críticas ao governo federal em relação aos demais deputados da direita. Ele disse que o Lula do terceiro governo se difere daquele que presidiu o País por dois mandatos, entre 2003 e 2010. "Hoje, a cada fala externa, a cada posicionamento externo, a cada direção que o país toma com relação a assuntos internacionais é um desastre", avaliou Nogueira.
A questão de um possível envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no anúncio de Donald Trump, em razão de o ex-mandatário brasileiro ser mencionado nominalmente na carta enviada pelos EUA ao Brasil, foi minimizada por Zucco, Van Hattem e Marcon, que defenderam Bolsonaro e sua família.
Quanto aos impactos da implementação da tarifa ao Rio Grande do Sul, um recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou o Estado como o segundo mais impactado pela medida, atrás apenas de São Paulo.