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Publicada em 08 de Abril de 2024 às 14:58

Exclusivo: Americano que esquentou rixa entre Musk e Moraes pelo X estava em Porto Alegre

Michael Shellenberger palestrou no Fórum da Liberdade e concedeu entrevista exclusiva ao JC

Michael Shellenberger palestrou no Fórum da Liberdade e concedeu entrevista exclusiva ao JC

Vini Dalla Rosa/Divulgação/JC
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Mauro Belo Schneider
Mauro Belo Schneider Editor-executivo
Depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluir o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), como investigado no inquérito das milícias digitais por "dolosa instrumentalização" da rede social, estão surgindo protestos contra a possível censura da plataforma no Brasil. A polêmica começou após o jornalista norte-americano Michael Shellenberger ter exposto materiais que, segundo ele, são documentos que atestariam o “trabalho ilegal do magistrado ao exigir dados pessoais de internautas responsáveis por postagens que ele não teria gostado”. O Jornal do Comércio falou com exclusividade com Shellenberger na tarde desta segunda-feira (8). 
Depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluir o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), como investigado no inquérito das milícias digitais por "dolosa instrumentalização" da rede social, estão surgindo protestos contra a possível censura da plataforma no Brasil. A polêmica começou após o jornalista norte-americano Michael Shellenberger ter exposto materiais que, segundo ele, são documentos que atestariam o “trabalho ilegal do magistrado ao exigir dados pessoais de internautas responsáveis por postagens que ele não teria gostado”. O Jornal do Comércio falou com exclusividade com Shellenberger na tarde desta segunda-feira (8). 
Um dos pivôs da briga entre Musk e Moraes, ele esteve em Porto Alegre para participar do Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) na última semana. "Houve mais coisas acontecendo, mas (o conteúdo) forçou a briga", avalia. Os deputados Marcel van Hattem (Novo) e Felipe Camozzato (Novo) aproveitaram a presença do jornalista para fazer uma live sobre o assunto no domingo (7) pelo Instagram. Durante a live, o trio lançou o manifesto CensuraNao.com.
“O Brasil está enfrentando um grave abuso de autoridade, pelas mãos do juiz Alexandre de Moraes. No entanto, ontem Elon Musk se levantou para lutar contra a censura, e foi recebido com mais ameaças e a possibilidade do X/Twitter ser fechado no Brasil”, diz o texto publicado no site do movimento e assinado por dezenas de personalidades do cenário político, como Any Ortiz, Bibo Nunes, Deltan Dallagnol e Ricardo Gomes.
Frente às informações de Shellenberger, através do documento chamado de Twitter Files Brazil, Elon Musk afirmou que não deletaria perfis e sugeriu que os brasileiros baixem um aplicativo de rede privada virtual (VPN) para continuar tendo acesso à rede, caso ela seja proibida no País. A investigação do jornalista, compartilhada por Musk, é composta por mensagens trocadas entre funcionários do antigo Twitter em 2020 e 2022 relatando e reclamando de decisões da Justiça que determinaram exclusão de conteúdos em investigações envolvendo a disseminação de supostas fake news.
Autoridades consideram inadmissível que um empresário estrangeiro, que opera no Brasil, desafie um ministro do Supremo, manifestações reveberbadas na imprensa. Outro grupo, porém, mais ligado a pautas liberais, defende as formas de expressão que estão sendo criticadas.
Após a repercussão do assunto, o jornalista Shellenberger decidiu que prolongará sua estada no Brasil até o próximo sábado. Neste domingo, ele partiu de Porto Alegre para São Paulo e nesta terça-feira irá para Brasília acompanhado de Marcel van Hattem. Na capital federal, estão previstas reuniões com líderes da oposição, coletiva de imprensa e um encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Em entrevista ao Jornal do Comércio por telefone, Shellenberger contou que morou no Brasil há 30 anos, quando namorou a irmã do cineasta Fernando Meirelles. Ele, aliás, se interessava muito pela esquerda da América Latina.
“Fiquei apaixonado pelo PT. Mas hoje sinto raiva, pois a esquerda era esperança e agora vejo essa defesa da censura”, lamenta.
O jornalista afirma que Elon Musk não sabia previamente do Twitter Files Brazil, embora ele tenha conhecido o empresário em 2022 por intermédio de uma amiga jornalista do The New York Times. Shellenberger, inclusive, lembra que foi uma conversa um pouco “incômoda” pois ele já havia feito críticas a Musk no passado. “Tenho uma perspectiva mais convencional da natureza, acho que não precisamos ir para Marte”, exemplifica, citando os projetos espaciais de Musk.
Hoje ele diz reconhecer a importância do empresário e do X para a liberdade de expressão. “Elon Musk é uma coisa estranha. Se o X não existir, até tem outros meios, como o e-mail, mas o X é incrível. Eu posso fazer jornalismo independente, pela primeira vez não tenho que trabalhar para alguém”, celebrou.


Carta aberta de Michael Shellenberger fala em totalitarismo

Veja a carta aberta de Michael Shellenberger publicada através de um vídeo em suas redes sociais e compartilhada por Elon Musk:
“Elon Musk é a única coisa que impede o totalitarismo global. Aqui é Michael Shellenberger, falando de São Paulo, Brasil.

Ontem à noite, por volta das 20h, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, anunciou uma investigação criminal contra Elon Musk, dono do X, antes conhecido como Twitter, por supostamente espalhar desinformação, obstruir a justiça e permitir que pessoas banidas por Alexandre de Moraes voltassem a usar as redes sociais para expressar livremente suas opiniões. Alexandre determinou que multará o X em US$ 20 mil, por dia, para cada pessoa banida que Musk permitir voltar a postar e se expressar.

Com tal decisão, Alexandre de Moraes levou o Brasil a ficar a um passo de se tornar uma ditadura totalitária. Os acontecimentos das últimas semanas demonstram que Elon Musk é a última barreira contra o totalitarismo global. Sem liberdade de expressão, não pode haver democracia. Se o X cair, devemos continuar a lutar. Podemos continuar a nos comunicar através do WhatsApp, e-mail e outras plataformas de redes sociais, como o Facebook e Instagram.

Mas o e-mail e mesmo o WhatsApp não substituem completamente a capacidade das redes sociais de partilharem informações simultâneas com milhões de pessoas. E Mark Zuckerberg, o proprietário do Facebook, abandonou a liberdade de expressão em 2020, após três anos de pressão implacável de ONGs ativistas, membros do partido democratas e anunciantes empresariais. E os principais veículos de mídia globais nunca foram tão corruptos e totalitários. Com poucas exceções, a mídia tradicional difunde desinformação e propaganda governamental como seu modelo de negócios.”

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