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- Publicada em 04 de Setembro de 2023 às 16:22

Morre ex-ministro da Justiça e secretário do governo FHC

José Gregori morreu em São Paulo aos 92 anos e era uma referência no País na luta pela defesa do Estado Democrático de Direito e pelos direitos humanos

José Gregori morreu em São Paulo aos 92 anos e era uma referência no País na luta pela defesa do Estado Democrático de Direito e pelos direitos humanos


Gervásio Batista/Agência Brasil/ARQUIVO/JC
Ministro da Justiça e secretário nacional de Direitos Humanos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o jurista José Gregori morreu, neste domingo (3), em São Paulo aos 92 anos. Era uma referência no País na luta pela defesa do Estado Democrático de Direito e pelos direitos humanos.Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês havia cerca de dois meses em decorrência de uma pneumonia. Ele foi um dos fundadores, em 2019, da Comissão Arns, rede de juristas, intelectuais e ativistas em defesa dos direitos humanos.A fundação havia sido criada para atuar em defesa dos direitos humanos, sem inclinação partidária. À época, Gregori afirmou que ideia de fundar a comissão surgiu em 2018, depois que "os direitos humanos foram agredidos, distorcidos e atacados na campanha eleitoral", após a eleição de Jair Bolsonaro. Nos últimos anos, Gregori demonstrava preocupação com retrocessos as políticas de direitos humanos.O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, colega de Gregori, contou que esteve com ele no hospital. Ele estava lúcido, e fazia sugestões de ação para a Comissão Arns. "Com o desaparecimento do nosso Zé Gregori se fecha uma época marcada por seu ecumenismo político militante, raríssimo nos dias que correm."A Fundação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou o trabalho de Gregori ao longo de "60 anos de vida pública". O presidente do PSDB em São Paulo, deputado Marco Vinholi, prestou homenagem em nome do partido. "Uma das mais importantes referências da luta pelos direitos humanos e pelo Estado Democrático de Direito no Brasil."
Ministro da Justiça e secretário nacional de Direitos Humanos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o jurista José Gregori morreu, neste domingo (3), em São Paulo aos 92 anos. Era uma referência no País na luta pela defesa do Estado Democrático de Direito e pelos direitos humanos.

Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês havia cerca de dois meses em decorrência de uma pneumonia. Ele foi um dos fundadores, em 2019, da Comissão Arns, rede de juristas, intelectuais e ativistas em defesa dos direitos humanos.

A fundação havia sido criada para atuar em defesa dos direitos humanos, sem inclinação partidária. À época, Gregori afirmou que ideia de fundar a comissão surgiu em 2018, depois que "os direitos humanos foram agredidos, distorcidos e atacados na campanha eleitoral", após a eleição de Jair Bolsonaro. Nos últimos anos, Gregori demonstrava preocupação com retrocessos as políticas de direitos humanos.

O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, colega de Gregori, contou que esteve com ele no hospital. Ele estava lúcido, e fazia sugestões de ação para a Comissão Arns. "Com o desaparecimento do nosso Zé Gregori se fecha uma época marcada por seu ecumenismo político militante, raríssimo nos dias que correm."

A Fundação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou o trabalho de Gregori ao longo de "60 anos de vida pública". O presidente do PSDB em São Paulo, deputado Marco Vinholi, prestou homenagem em nome do partido. "Uma das mais importantes referências da luta pelos direitos humanos e pelo Estado Democrático de Direito no Brasil."

O jurista Miguel Reale Júnior lamentou o falecimento de "um amigo de muitas jornadas". Já o ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, chamou Gregori de "o gigante dos direitos humanos". "Homem ético, sensível, verdadeiro patriota. Existência devotada à causa da humanidade. Vida pública irrepreensível e paradigmática."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  afirmou à noite que Gregori "sempre foi um grande defensor dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito no Brasil, principalmente nos momentos mais desafiadores para nossa democracia". O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, lembrou do legado de Gregori para a democracia brasileira. Já o ministro dos Direitos Humanos do governo Lula, Silvio Almeida, afirmou em uma rede social que o legado de Gregori "jamais será esquecido".

Gregori foi um dos tucanos que declararam em 2022 apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o então presidente Bolsonaro. Formando em direto pela Faculdade do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, teve atuação na luta pela redemocratização do País durante a ditadura militar (1964-1985).

Em 1977, foi um dos participantes do evento em que o jurista Goffredo da Silva Telles Junior leu nas arcadas a sua Carta aos Brasileiros, na qual reivindicava o fim da ditadura. Belisário dos Santos Junior, ex-secretário de Justiça de São Paulo, afirmou que a principal característica de Gregori "era sua generosidade ao lado de uma grande firmeza". Em 2022, eles se reencontraram no movimento Estado de Direito Sempre, que buscava reeditar a carta de 1977 contra as ameaças à democracia.

ENTERRO

Gregori deixa três filhas, quatro netos e dois bisnetos. Ele foi velado nesta segunda-feira, das 8h às 14h, no Funeral Home na Rua São Carlos do Pinhal. O sepultamento ocorreu no Cemitério da Consolação. "Morreu lutando por um Brasil mais justo e solidário, sempre em busca do respeito aos direitos humanos", disse Maria Stella, uma das filhas.